segunda-feira, 30 de agosto de 2010

feijoada baiana


Convidamos umas dez pessoas para almoçar lá em casa (a feijoada do Cláudio) e nos mandamos pra Brasília. Ainda bem que não deu tempo pra chamar as outras 20 da lista...
Esta foto foi da feijoada do ano passado (ou retrasado) e a panela em evidência tem história. Pertencia ao pessoal da Victor Hugo, servia para cozinhar carangueijos, e outros pratos grandes, pra muita gente.  Como todo mundo da Vila  pedia a panela emprestada, ela acabou se tornando um bem comunitário. Pensando na feijoada, perguntei ao Jura onde estava o panelaço (isso soa meio argentino), soube que está    na
"roça", essa parte misteriosa de Santo André profundo.
O tema trouxe aqui pra minha tona aquela música do Arnesto, uma das letras de música + engraçadas que conheço, que cara genial, esse Adoniran.
'"O Arnesto nos convidou, pro samba
Ele mora no Brás,
Nois fomo e num encontremo ninguem
Nois vortemo com uma baita de uma reeiva, da outra vez nois num vai.
O que nois fez?
No outro dia encontremo com Arnesto, que pediu desculpa mais num aceitemo, issu nao se faz arnesto, nois naum se importa,
mas podia ter deixando um recado na porta"
-----------
Achei o link do vídeo, pra paulistano nenhum desafinar... Na voz do maior sambista paulista, o grande, o impagável, o inimitável Adoniram Barbosa...
http://www.youtube.com/watch?v=plOezZ6936Y
Pra quem gosta de samba, e de São Paulo.
----------
Sim, mas voltando ao assunto da feijoada, desculpem pessoal, vai sair.
Nem que seja na Ceia do Natal.

Lembrando de Santo André

Este é o Ronaldo Coelho, um amigo de Santo André da Bahia. Ronaldo é um dos velejadores solidários, a pessoa que coordena a captação de doações para o povoado. Eis o que ele escreveu sobre a passagem dos veleiros por lá...
"A VILA DE SANTO ANDRE RECEBE OS VELEJADORES COM TAPETE VERMELHO.
AS CRIANÇAS FICAM FELIZES, OS CAIAQUES SÃO DISPUTADOS, POIS SOBEM QUATRO OU CINCO E ELES FICAM REMANDO PROXIMO A RAMPA DO BAR GAIVOTA.  CONSEGUIMOS COM AJUDA DE TODOS, LEVAR CENTENAS DE CADERNOS, LAPIS, BORRACHAS, CANETAS, TECIDOS PARA FUXICO, PARA FRALDAS, BRINQUEDOS PEDAGÓGICOS, CADEIRA DE RODAS, 4 MULETAS , 3 ANDADORES E 1 INALADOR, O POSTO DE SAÚDE FICOU BEM EQUIPADO. O ESPIRITO QUE NORTEIA ESTAS AÇÕES, É O VELEJADOR SOLIDARIO LEVAR ALGUNS ITENS QUE POSSAM FAZER A DIFERENÇA NA VIDA DE ALGUEM.
AS ENTIDADES QUE RECEBERAM OS MATERIAIS:
IASA -INSTITUTO AMIGOS DE SANTO ANDRE - UM NOTEBOOK TOSHIBA - DOADO PELO VELEJADOR WALTER MAIA - VELEIRO DEVANEIO, Além de MATERIAL ESCOLAR.
CENTRO CULTURAL - ENTREGUA DE MATERIAL ESCOLAR.
ESCOLINHA DA PREFEITURA - A MAIS DESPROVIDA, FOI ONDE DEIXAMOS GRANDE PARTE DOS CADERNOS E OUTROS MATERIAIS ESCOLARES.
ESCOLINHA MARIA MARTA - ACOLHE CRIANÇAS DE 2 A 6 ANOS, É UM PRIMOR, TUDO MUITO ARRUMADO E LIMPO, É UM ORGULHO PODER SER PARCEIRO DA PATRICIA FARINA, DIRETORA E FUNDADORA.DEIXAMOS BRINQUEDOS PEDAGÓGICOS.
POSTO DE SAUDE SANTO ANDRE - TOMAMOS O CUIDADO DE DOAR A CADEIRA DE RODAS, MULETAS,ANDADORES E INALADOR A ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE SANTO ANDRE- TUDO DEVIDAMENTE DOCUMENTADO.ASSIM FOI ENTREGUE AS RESPONSAVEIS PELO POSTO, DE FORMA QUE NENHUM POLITICO OPORTUNISTA RETIRE DE LÁ PARA LEVAR PARA OUTRO POSTO DE SAUDE.O POSTO TOMA CONTA E É RESPONSAVEL PARA DIZER ONDE E QUEM ESTA USANDO.
O VELEIRINHO FOI PARA AGUA - SUCESSO...O CLÁUDIO JÁ  INICIOU A CONSTRUÇÃO DE OUTRO BARQUINHO .
DENTRO DESTE OLHAR SOCIAL, CREIO QUE FIZEMOS O MELHOR QUE PODIAMOS.
EU RONALDO COELHO - VELEIRO FEITIÇO AGRADEÇO A TODOS QUE DE UMA FORMA OU OUTRA AJUDARAM NESTA TAREFA."
-------------------------------------------

Enquanto isso, continuamos em Brasília

domingo, 29 de agosto de 2010

Instituto Adé Diversidade

Se tem uma coisa que gosto de fazer na internet é juntar coisa com coisa. Por exemplo: achei na minha caixa-postal uma mensagem recente de Ícaro Ceita, do Instituto Adé Diversidade. Gente lá da Bahia. Não sei como fui parar na mailing list de Ícaro, mas não me queixo.  Entendi que haverá um encontro nacional dos LGBT (Lésbicas, Gays, Bisexuais, Transexuais), só que no setor específico  de segurança pública, como policial Civil, Policial Rodoviário, Membro das Forças Armadas... Talvez Ícaro seja um PM. O texto dele termina assim:
"A VIDA ME FEZ FORTE, MAS SEM QUE LEVASSEM MINHA TERNURA.
SOU UM TANQUE DE GUERRA,
PINTADO DE ROSA PINK".
---------------
Sabe o que acho Ícaro? Se tanque de guerra fosse rosa não haveria guerra.
(ilustraçãodonamargot).

idéiafix

Ando com idéia fixa em gato, mas como esquecer que é o nome do cachorro do Asterix?

O humor da Dona Margot

Dona Margot na verdade se chama Veridiana Scarpelli, é arquiteta, designer e ilustradora. Para conhecer melhor o trabalho dela, clique aqui
"Tenho dentro uma montanha russa"
"Eu quero um gato"
"Eu náo tenho perfil no Facebook"

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hoje é dia de saudade

Passo maus momentos em Brasília. Clima quente e seco,  um persistente cheiro de borracha queimada entrando pelas narinas. Os motivos que me trouxeram aqui neste momento sao monótonos e chatos - uma trabalheira. Para aliviar o incomôdo, a presença do companheiro de todos momentos, a hospitalidade de Cleide e Nelma, o carinho dos amigos. A insatisfaçao por nao ter tempo de ver todas as pessoas que gostaria. Mas o pior de tudo é que esta cidade me traz uma saudade atroz de meus filhos, dois brasilienses que saíram em busca de outros rumos pelo mundo (vejo vocês por toda parte...)

Tulipa Ruiz


Tenho um amigo aqui em Brasília que é louquinho por MPB. As dicas musicais dele resultam, quase sempre, em preciosidades. A última foi essa:
------------
"Ah! Não volte pra casa sem levar  o CD da Tulipa Ruiz (sen-sa-cio-nal!!). Desde o disco da Céu, que você me apresentou anos atrás, até trabalhos delicados como os da Vanessa da Mata, Mariana Aydar,
Patrício
Ceumar, Martnália, Marcia Castro, Cibelle, etc.,que eu não me via tão arrebatado por um trabalho assim. Ela é sobrinha da poeta Alice Ruiz e herdou da família o dom da palavra. O disco é solar, leve e absolutamente viciante. Faixa por faixa, não deixe escapar nenhuma. Ela reúne um pouco da doçura e o romantismo da jovem guarda e também uma profusão de rasgos tropicalistas. O resultado é muito bom. Ora, lembramos da vozinha cafona da Wanderleia. Ora, nos remete para a fase mais produtiva da Gal. Ora, parece com a Tetê Espíndola e ora, não lembra mesmo é ninguém. Personalíssima com seu gostoso sotaque paulistano. Tá mais para Ná Ozzeti e a turma da Anelis Assumpção. Sei lá. Só sei que fui fisgado pelo som dessa gordinha deliciosa que vivia só da produção de desenhos. Tulipa também é artista plástica."
-----------
Ainda nao deu tempo para ouvir, mas já está na minha mala.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

travessia de Belmonte a Canavieiras

(Rodrigo, camiseta branca)
Olhando a foto de Rodrigo desembarcando em Canavieiras lembrei de um ditado baiano que diz "você pode sair da Bahia, mas a Bahia nao sai de você". É mesmo. Se olho pela janela que está na minha frente, vejo o prédio do Congresso Nacional, a ponte JK sobre o Lago Paranoá, o Banco Central onde passei grande parte da minha vida, os prédios das superquadras....Mas ao abrir a caixa de entrada de emails, achei estas fotos e relato da travessia de Belmonte para Canavieiras, um passeio clássico para quem mora em Santo André. Rodrigo e Cristiane sao um casal que foram morar lá este ano e estao bem integrados no povoado. 
Adorei o relato e as fotos, obrigada Rodrigo!
---------------

"Neste último fim de semana eu e a Cris tínhamos combinado de ir a Canavieiras às bodas de ouro de um casal de amigos dos tempos do Bracuhy, em Angra dos Reis, Cristina e Aurélio, argentinos de Rosário, 50 anos de casamento e com invejável admiração e respeito um pelo outro.Ir pela estrada, seria uma volta enorme e chata então porque não ir de forma mais prazerosa, fazendo a travessia Belmonte- Canavieiras pelos rios e mangues.Por indicação dos amigos telefonamos ao Bigode (73-99958170), barqueiro experiente que não nos deixaria na mão nem debaixo de tempestade e, sem esquecer da variação da maré, nos esperava na hora combinada na foz do Rio Jequitinhonha na Av. Beira-Rio em Belmonte.Pedi para deixar o carro num galpão na beira do rio e ficamos torcendo junto com nosso camarada Bigode para aparecerem mais candidatos à travessia pois, o preço é de 20 reais por pessoa e só nós dois mal pagaríamos a despesa de combustível pois ele já tinha vindo de Canavieiras vazio.
Ninguém apareceu e embarcamos os três, na maré cheia.

o barqueiro do rio Jequitinhonha
Atravessamos o Jequitinhonha e logo entramos em canais estreitos, mangues dos dois lados, pura natureza, fotos e mais fotos...De vez em quando cruzávamos com algum barquinho de moradores locais que segundo o Bigode são muitos e sobrevivem da pesca que por ali é farta.
Bigode é guia de pesca e dos bons, acostumado a receber turistas de várias partes do mundo que vem pra região pescar nos rios.Para pescar no mar há uma empresa de Canavieiras, que leva o pessoal atrás dos grandes peixes de bico (marlins e outros) no internacionalmente famoso (pra quem é do ramo) Royal Charlotte Bank distante algumas milhas mar adentro partindo de Canavieiras.
Continuando a travessia ora por canais estreitos,ora por lugares mais largos e Bigode vai mostrando daqui e dali : -Lá a direita é uma ilha enorme, de um lado o rio e do outro o mar, agora a proprietária Marisa Orth nunca aparece pra admirar toda essa beleza. E continua: -Lá a esquerda é outra ilha, onde por sinal eu e outras cem famílias moramos na vila de Campinho.
Nós vamos observando de um lado e do outro e só vemos mangue, ora alto ora baixo, mas sempre mangue...
chegada em Canavieiras
A certa altura quase no final, depois de vários atalhos pelos braços de rio que cortam o mangue, a Cris vira pro Bigode e pergunta: -Com todas essas entradinhas e desvios, voce não se perde nunca por aqui ? Ele diminui a velocidade, olha para mim, nós dois damos um risinho, daqueles que percebem a ingenuidade da pergunta e ele diz:- Eu? Nem em noite sem lua !!! E seguimos os três felizes da vida. Já se passaram uma hora e meia e está na hora de desembarcarmos em Canavieiras. No final, na larga faixa da Barra de Canavieiras a água se agita um pouco e apesar dos cuidados do nosso amigo, os respingos são inevitáveis.
Na volta lá estava o Bigode,na maré enchendo, como combinado, só que agora fomos acompanhados por um casal de BH e sua moto , que segundo eles estão dando umas voltas por aí. Dava gosto de ver a cara dos dois surpresos com a beleza dos mangues e tirando mil fotos.
E eu comento :- Bigode você leva até moto no seu barquinho hem ? E ele :- Voce não viu nada essa aí é fácil, já levei até aquelas de 1000 e tantas cilindradas...
Quando chegamos em Belmonte fui atrás do rapaz pra abrir o portão onde tinha ficado o carro, guardado por um pitbull daqueles que gostam de mostrar os dentes.
Perguntei:- E aí,amigo quanto lhe devo ? E ele meio surpreendido pela pergunta:-Ora, claro que nada, vá e volte quando quiser.
Fomos e como era hora do almoço ainda demos uma paradinha, com os novos amigos de BH , pra comer aquele pastelzinho de aratu e tomar uma água de coco na beira da estrada em Mogiquiçaba."

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Brasília, aqui vamos nós

A vida deu uma cambalhota e precisaremos voar até Brasília  (porta de loja em Porto Seguro)
Prédios-padrão da Super Quadra Sul 
                                                                                                  (foto de Marcio Kogan)

domingo, 22 de agosto de 2010

Caleta Tortel, um vilarejo chileno

Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão só tive a coragem de chegar ao portão porque lembrei que em Santo André não existe correio nem carteiro. Faz uma falta danada porque todos nós, exceto os cachorros, gostamos dos carteiros.  Quem mora aqui precisa alugar uma caixa postal na cidade que fica do outro lado do rio -- se quiser receber correspondência. Toda vez que a gente entra numa loja para fazer um crediário eles nos perguntam o endereço, como é natural, mas quando respondemos que moramos numa caixa postal  número tal eles começam a olhar  pra gente desconfiados e se você não explicar direitinho a prestação salta casas com medo dos calotes.
Isto é um abuso, um descaso da municipalidade. Mesmo em Caleta Tortel havia correio. Caleta é um vilarejo chileno, um lugar que fica além do fim do mundo, situado entre duas geleiras e se descambando da encosta da montanha pra dentro de um rio de águas incrivelmente verdes, o rio Baker.  Taí um destino exótico.  Fomos parar lá por puro acaso, Cláudio, Caio e eu, durante uma viagem de carro pela Carretera Austral, a famosa rota para aventureiros que desce serpenteando pela Patagônia chilena e vai se equilibrando pelas estreitas trilhas da cordilheira dos Andes até o mapa quase acabar. É cercada por fiordes, estuários e ilhas – um lugar incrivelmente bonito. Foi a viagem da minha vida, durou quase dois meses, partimos de Brasília e rodamos  16 mil e 500 kms.  Metade de uma volta ao mundo.  A cidadezinha é toda construída em cima de estacas, não há ruas nem carros nem motos -- só passarelas.  E como andar por lá é muito custoso e cansativo, instituíram um serviço de correio singular. Em vez do carteiro gastar os solados pelas intermináveis escadarias,  fizeram um posto de correio onde se escreve numa lousa todas as correspondências que chegaram no avião semanal – carta para o Juan, encomenda para Alícia, telegrama para o Senor Fuentes... Cada um vai lá pegar o envelope e as notícias que lhe pertencem.
Enfim, era só o rapaz do IBGE que estava no portão -- veio para recensear a população.

                              As águas do Rio Baker. Que nome bobo. O rio deveria se chamar Esmeralda.       
Caleta Tortel, o povoado no fim do mapa

Quantos somos?

Mas como eu estava falando na postagem acima, o rapaz veio para fazer o recenseamento. Só que como somos curiosos, para cada pergunta que ele fazia (você é branco, pardo ou negro?) a gente retornava duas para ele (onde você mora, qual a sua idade, como conseguiu o emprego, você tem namorada?).
O que mais me chamou a atenção foi quando ele falou que já estava quase terminando de contar os moradores de Santo André da Bahia – só faltavam os outeiros e o pessoal da roça – e o número total de habitantes estava perto de 350. Como assim, trezentos-e-cinquenta? Eu já ouvi vários números, de 600 a 1000... Será que as almas estão diminuindo por aqui?
Acho melhor avisarmos ao IBAMA que estamos em extinção. Poderemos ser beneficiados por políticas de preservação ambiental. E receber plaquinhas de identificação -- assim, se um de nós for encontrado do outro lado da balsa será recambiado imediatamente para cá.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O blog do veleiro Taouhiri

Os veleiros do Cruzeiro Costa Leste partiram, já estão em Morro de São Paulo, depois de passar por Ilhéus e pela  Baía de Camamu (Barra Grande). Irão até Salvador. Enquanto isso as ondas deles continuam a bater em nosso costado. Hoje vou replicar uma parte do diário de bordo do veleiro Taouhiri, onde velejam Paulo Humbert, dono da pousada Caminho do Rei (Praia do Rosa, SC). Na companhia do filho Daniel e do amigo Vitor, um argentino ancorado em Ilha Grande. Como sempre recortei a parte que fala de Santo André da Bahia. É o olhar do outro sobre nós.
-----------------
"Domingo 8 de agosto
Chegada em Santo André. Uma navegada hiper-tranquila com um mar perfeito e pouco vento. Viemos segurando o barco para chegar não tão cedo em Santo André pois deveríamos aguardar o horário da maré alta para poder adentrar o rio João de Tiba. Não houve maiores problemas, apenas por um veleiro argentino que teve que ser rebocado pelo Carlindo, nosso prático, pois teve problemas com o motor.
O povoado tem cerca de mil habitantes e fica em um lugarzinho estratégico, protegido por barreiras de recifes, numa esquina entre o mar e o rio, com pequenas ilhotas e um manguezal do outro lado do rio. Um lugar que recém começa a ser conhecido pelos turistas, com alguns estrangeiros abrindo pousadas e restaurantes ( e alguns grandes grupos comprando propriedades maiores para explorá-las no futuro). Porto Seguro fica cerca de 30 km ao sul e só por isso dá para ter uma idéia do potencial turístico deste lugar. Um pouco mais ao ao sul ainda situa-se Trancoso e Arraial d’Ajuda.
Uma grande quantidade de crianças ficam na beira do rio brincando com os barcos, visitando, nadando, fazendo corrida nos botes, enfim, se divertindo com toda esta movimentação. Para o próprio povoado é um acontecimento e promovem feiras de artesanato, demonstrações de capoeira, música ao vivo e festas à noite. Existe uma grande empatia dos velejadores por este lugar. O Ronaldo, do veleiro Feitiço, promove algumas ações sociais que ajudam a solidificar estes laços de amizade com esta comunidade e o pessoal demonstra muito carinho por nós. Alguns já conhecíamos de dois anos atrás e ficamos conversando como se fôssemos amigos há bastante tempo.
Hoje, domingo, em reunião de comandantes, foi decidido que partiremos amanhã para Ilhéus. Será uma perna bem calma, sem vento nenhum ou contra. Ou seja, vamos motorar todo o tempo. Mas é a realidade da costa brasileira, com ventos predominantes de leste/nordeste.
Sto André - Ilhéus
Foi com o coração meio partido que deixamos Santo André. A verdade é que o lugar é simplesmente fantástico e seu povo super querido e amável. Dá vontade de morar por ali, ou pelo menos ter alguma coisa que nos faça sempre retornar. No último dia oferecemos uma rodada de cachorros quentes para uma turma de garotos, que mataram o 1° dia de aula só para ficar seus últimos instantes conosco. Nos ofereceram côcos verdes e algumas frutas de cacau, que não temos a mínima idéia de como se come. Ficamos de enviar-lhes algumas coisas pelo correio, já que são extremamente carentes. Mesmo com tantas dificuldades são crianças alegres e tranquilas. No dia anterior ficaram um bom tempo contando-nos piadas e demos boas risadas."
--------
as fotos são de autoria dos tripulantes do veleiro Taouhiri
para acompanhar o restante da viagem destes navegadores acesse http://taouhiri.blogspot.com

A viagem de Anna Sanseverino

Nessa vida de blogueira tenho feito amizade com pessoas que não conheço (mas espero conhecer).  Anna Sanseverino é uma delas (olha que nome bonito).  Anna é baiana,  mas mora em Milão há muitos anos. Recentemente ela viajou para comemorar o aniversário e lembrou de compartilhar a experiência conosco (obrigada!).   Bem, o post é da Anna..."Numana é uma preciosidade aqui na Itália : muito pouco conhecida turisticamente, águas limpidas e incontaminadas, uma costa inexplorada e selvagem, bem do jeito que gosto, com clima medianamente quente e seco, muito gostoso.
O povo é pacato, tranquilo, e recebe o turista com muito respeito e carinho, sem invadir nem dar incômodo.
San Marino, um "estado" dentro da Itália, grande como Ilhéus! Lá tem um jardim maravilhoso, com esculturas fantásticas. Para chegar à cidade é preciso pegar uma telecabine , como na montanha para acessar as pistas de neve, de tão alta que está. Nós passamos ali a caminho de Numana, nas fèrias e visitamos a cidadezinha, que é um porto franco, onde é possível comprar eletrônicos, cigarros e perfume sem taxas.
esculturas de San Marino
Montecarlo, o local escolhido para comemorar o aniversário
Uma cidadezinha numa regiao da Itália chamada "Le Marche", muito pouco conhecida e por isso mesmo incontaminada ! Um mar maravilhoso, limpo e calmo, amei! A cidade se chama Numana.

parabéns pra você...

Aniversário de Raissa, 5 anos. Uma menina de traços indígenas, linda. É esta garotinha que está sentada de costas para nós (cabelos longos). Uma menina com personalidade!
 Janaína é a filha mais velha de nosso queridos vizinhos, o pescador Gilvan e sua mulher Raimunda. Natan é o caçula, a família é grande. Cláudio e eu nos apegamos a esta família, os meninos são espectadores antigos do Cine Cajueiro, um povo gentil e afetuoso.
Este aniversário foi do Fernando, ao lado da mãe, Bequinha. 9 anos
Fernando e Nida, tia dele. Olha o tamanho do bolo! Estava uma delícia, a meninada adorou.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

carta para uma amiga mineira

E agora? onde vou morar?
Cara ND,
Sabe que li sua carta com alegria? Isso que você me falou – que virá passar 2 semanas em Santo André influenciada pela leitura do blog – me deixou toda pimpona.  Embora esteja um pouco assustada com a sua expectativa – vejo que é alta. Imagine se a lei de Murphy ataca novamente e algo corre errado...Quem controla o imprevisível?
A época do ano que você e seu marido escolheram – o alto verão --  é atípica para nós, os moradores. Sem dúvida é a estação mais plena de eventos, movimentada e propensa às surpresas – geralmente boas. O “clima” da cidade é mais fremente, vívido. É um músico que passa e dá uma canja de sax, de canto erudito, de música de cabaré, de balada australiana ou francesa; é quando uma banda se improvisa sem que ninguém se conheça, quando ocorre um desfile de modas inesperado, quando uma boa polêmica desliza no ar. Aqui há uma certa divisão ideológica quando o assunto é ecologia X desenvolvimento.  Mas não se preocupe – mesmo no verão não há muvuca. Muito pelo contrário, o lugar conserva o ar bucólico que lhe dá especial encanto.  
uma mesa apetitosa
Boa parte dos nossos amigos trabalha no segmento do turismo – a  gente sabe que o verão está começando quando eles não dão a mínima pra nós porque estão deveras ocupados. Talvez por isto eu não morra de amores pelo verão, me sinto abandonada, e um tanto enciumada quando vejo minha mesa predileta dos restaurantes ocupadas pelos visitantes.  Prefiro como agora, na baixa estação, inclusive pelo clima fresquinho – o termômetro aqui da minha varanda-escritório marca 20 graus.  Julho e agosto é também a época que nossos amigos italianos vêm para as férias e a gente pode desfrutar da amizade e da culinária italiana como este almoço que rolou ontem na casa de praia de um casal de Milão. Tenho certeza que desfrutamos do melhor da comida mediterrânea –  e olhe que sou boa de garfo!  Uma mesa comprida na varanda; uma mesa participativa porque ladeada de bancos de madeira, um de cada lado. Bancos fazem parte do mobiliário aconchegante,  pois favorecem a  intimidade e cumplicidade com os outros convidados (eu gosto, embora fique com dor nas costas depois).   Mais individual do que cadeira só impressão digital ou fobia. Ao longo da mesa – ó, visão deliciosa! – diferentes comidinhas. Guacamole, húmus com ervilha seca, caviar de alga, bolinhos de amêndoas com sarraceno, quadradinhos de melão amontoados em pratos coloridos, o patê de fígado do Arosio, nada,  nada simplinho como parece à primeira vista. Cada guloseima daquelas trazia uma pitada de tempero *** ou frutas secas fatiadas, ou gotas de ***.  Em seguida, um desfile de pastas... bem, todo mundo sabe como os italianos se tratam quando se trata de comida.
procurando praia para morar
À noite quase tive um colapso quando a Cristiane passou e chamou para comer pizza na Joyce.
"when downtown is a hot-dog stand"
 Bem, você me perguntou como vim parar aqui e se morar numa vila de pescadores  misturados com estrangeiros e o escambau era um projeto de vida – SIM.  Cláudio e eu sempre gostamos de viajar para lugares roots. Cachoeiras, praias desertas, desertos, lugarejos.

A Camila (na foto com meus dois netos) costumava dizer que tinha trauma dos destinos para os quais os levávamos nas férias – “lugares onde o centro da cidade (quando havia) era uma carrocinha de cachorro-quente”.  Nós dois viajávamos incessantemente nas férias e feriadões para pesquisar o litoral brasileiro  e descobrir onde iríamos morar na hora da aposentadoria .  Começamos as visitas investigativas pelas praias ao longo da estrada  Rio-Santos  e rapidinho descartamos este território, mesmo Paraty, a cidade brasileira à beira-mar mais bonita que conheço. A água do mar é muito fria, os preços dos imóveis muito caros -- embora eu creia que a exclusão tenha sido por questões culturais. O chamamento  da nordestinidade é muito forte! Seja pela simpatia do povo, ou da naturalidade, ou pela empatia com minhas raízes (nasci no RN). Sempre em etapas, fomos conhecendo uma fieira de praias.  Levamos uns  10 anos para ir subindo a costa brasileira aos poucos até chegar aos Lençóis Maranhenses. Sem muita organização, nem linearidade. Num ano a gente estava em Jericoaquara (CE), no outro em Bombas&Bombinhas em Santa Catarina... Enquanto isto, a Bahia sempre pulsando forte dentro do peito.  Pra encurtar a história – chegamos em Santo André e  até agora estou segura que este lugar veio pra ficar na minha vida.
crianças de Santo André da Bahia
Espero que você goste dele.

confraternizando com os amigos

a casa dos amigos fica num sítio superbonito: no meio de uma mata (e de frente para o mar)

hibisco: a flor que é a cara do lugar
mesa de italiano
 um chef talentoso

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

o veleiro Gameio

Hoje vou replicar parte do diário de bordo do veleiro Gameio durante o percurso do Cruzeiro Costa  Leste 2010.  Quem escreve é o velejador Rogério Kurtiss de Paula e Mirella, a mulher dele .
Adoro histórias de viagens e as de veleiro me trazem um particular cheiro de aventura e peripécias. O pessoal do Gameio procura mostrar os detalhes de uma viagem de veleiro pela costa brasileira.  Escolhi a parte que fala de Santo André, é claro! 
(coloquei minhas observações com outra fonte, para não confundir com o relato de Rogério e Mirella)
------------
Rogério
"Segunda-feira, 9 de agosto
Chegamos em Santo André (vindo de Abrolhos) por volta de 8 horas da manhã após 20 horas de navegação muuuuuuito tranquila. O único contratempo é que não dava para dormir por mais que cinco minutos quando estava sozinho no cockpit o que não foi muito frequente, porque havia muitos veleiros por perto, e à noite você não distingue se é um barco indo ou um pesqueiro vindo.
Ficamos ancorados por quatro longas horas na frente da entrada do canal de Santo André esperando a maré subir para cincoenta e poucos veleiros entrarem. Foi um saco, coitado do Zanella que organizou a entrada de todas as pessoas, houve discussão, contestação porque haviam barcos quebrados que queriam entrar primeiro, enfim......nós ficamos tomando cerveja e batendo papo sem estress, só a Mirella que queria pegar o rádio e perguntar se sabiam que nós existiamos, pois fomos um dos últimos. Ancoragem super tranquila, duas âncoras, uma na popa, outra na proa, e outro barco amadrinhado a bombordo (amadrinhar um barco é colocá-lo amarrado a outra embarcação).  Toninho (do “Pégaso Azul”), Zanelinha (do “Guga Buy”) e Gugu (do “Tuareg”) nos ajudaram na ancoragem. Mirella fez um super feijão branco com costela, lombo e paio. Ficou super. Igual o da mamãe, que deve estar curtindo de longe esta viagem.
Descemos no restaurente ficamos tomando mais cerveja e batendo papo com todos, um clima ótimo. Sabem quem encontrei? Meu primeiro tripulante, um desertor que desembarcou no Rio e era para estar chegando aqui conosco. Já escuro tive o prazer de bater um papo com nosso presidente Santini. Mirella fez uma tiara de tranças no cabelo e eu fiz um tererê. acreditem!!!!!!!! Josiane era o nome da artista.
Josiane fazendo a cabeça de Mirella
Santo André é realmente uma pérola. Ao desembarcar as crianças te ajudam em tudo e vão te dando presentes, é muito legal,  só quem veio, e de barco pode saber como é.
Alexandre e Patrícia foram dormir na pousada, acordamos bem cedinho hoje e vamos passear por este lindo vilarejo. Aqui no barco estou sem internet, desde segunda-feira. Celular só funcionou ontem, sexta-feira. Vou levar o notebook até o "centro" para ver se consigo postar minhas mensagens e fotos. Beijos, saudade de todos .
Segunda-feira, 9 de agosto.
Estamos em Santo André, a flotilha sai hoje às 14 horas rumo à Ilhéus. Uma distância de 106 milhas náuticas, devemos fazer esse percurso em 20 horas. A previsão é de pouco vento. Acabei de trocar o óleo do motor, a Mirella está dando uma organizada no barco para mais uma travessia. Alexandre e Patrícia foram ao mercado comprar as últimas coisas e um botijão de gás. O meu na hora de instalar quebrou o bico e vazou todo o gás. No sábado curtimos um pouco de Santo André. Um lugar maravilhoso como a maioria que visitamos. Um vilarejo com menos de 1000 habitantes, Restaurantes, pousadas, bistrôs, um lugarzinho muito aconchegante, feito para pessoas que gostam de sossego. As crianças nadam o dia inteiro no rio onde estamos fundeados. À noite comemos uma pizza deliciosa. Ontem fomos passear em Trancoso, com um carro alugado, fomos na praia dos coqueiros e no Quadrado onde tem um restaurante de comida no fogão de lenha (quilo) que é de morrer. Depois passamos em Arraial de Ajuda e Santa Cruz Cabrália. Encontramos com Fernando (Planeta Agua), Cris (Mony), que fizeram a mesma coisa. Voltamos já era noite para Santo André, tomamos um banho no restaurante Gaivota (R$ 5,00) e umas 22hs abasteci o barco com mais 160 litros de agua, e noventa litros de óleo diesel.
Terça-feira, 10 de agosto
(Texto de Mirella G. de Souza)
 Agora são 10hs e faltam 6 milhas para a ancoragem no Iate Clube de Ilhéus. Foi mais umas travessia tranquila, de mar calmo e noite clara, sem nenhum contratempo. Partimos ontem de Santo André e já estou com saudades do lugarejo. Estou conseguindo fazer turnos à noite, dormi das 22:30h até 1h da manhã, depois fiquei no cockpit com o Rogério até as 5h (dorme-acorda). O dia amanheceu lindo com sol forte e muito calor. O mar aqui não é la essas coisas, mas estamos perto de Itacaré e Morro de São Paulo. Estou vendo passagem de volta. Isto me entristece – a dura volta à realidade."

Esta foto estava no site do Gameio, mostra uma construção singular que fica na minha rua. Antigamente era um bar chamado Diagonal. Hoje serve de estaleiro para conserto de pequenos barcos. É também um local onde as crianças gostam de brincar.Está à venda, realmente.
Quem quiser ver o restante da viagem do Gameio é só entrar em http://veleirogameio.blogspot.com/
(as fotos são do blog do casal) 

sábado, 14 de agosto de 2010

Welcome (rede furada personal)

Oi meu filho! Ontem à noite exibimos um filme francês no cinema do Casapraia. É um bom filme, sobre o universo dos emigrantes do norte da França que arriscam a vida para atravessar o Canal da Mancha. Uma noite ótima, internacional, o restaurante estava cheio, com aquele esmero típico de Pablo e Amadeo. Por coincidência havia um grupo de franceses na platéia, além dos argentinos, dos italianos, do povo da Vila... o mais legal foi a presença de Estela e Marcelo... olha só que bela surpresa, a mãe do Luis Felipe por aqui! Lembra daquele verão que você passou na casa deles perto de Salvador?
Obrigada pela visita, gente.  Voltem sempre!