domingo, 28 de novembro de 2010

a poesia do quotidiano

Quanto atravessei o pequeno portão de madeira verde da casa no final da rua, lembrei que  recentemente tinha lido algo sobre a noção de “essência” de um espaço. De como a parte material de uma casa – seus cantos, varandas, corredores – vai adquirindo um sentido emocional através das experiências lá vividas. Uma casa pode se tornar um lar aconchegante, um lugar assombrado ou semelhante a uma prisão, mágico...  Pesquisei um pouco e vi que esse tema está intimamente associado ao filósofo francês Bachelard, como o diz este pequeno texto de João Ferreira bastante esclarecedor (e bonito):
“ Bachelard mostra que há poesia nos principais espaços preferidos pelo homem. Na casa, no sótão, no porão. Numa simples gaveta. Num cofre. Num armário. Ele busca a poesia do ninho e da concha, do cantinho da casa, da miniatura, do grande e do pequeno, e sobretudo na imensidão íntima que ressoa em seu interior. O autor de A Poética do Espaço tem a capacidade de nos mostrar que há poesia dentro do homem e à sua volta. Poesia que pode e deve ser participada pelos seres humanos atentos, sensíveis, imaginativos e abertos ao devaneio. Segundo ele, as coisas do quotidiano deverão ser redimidas pela atenção, pela nova significação que a elas devemos dar. Deverão ser vistas em sua profundidade. E entre elas, as mais usuais, as mais íntimas, aquelas que fazem parte de nosso quotidiano e que se relacionam profundamente com nossa vida social, pessoal e psicológica. Há formas que acariciamos simplesmente. Mas há símbolos a que damos profundidade e que nos oferecem, em troca, poeticidade, sensibilidade, intimidade. A sociedade contemporânea e seus indivíduos vivem hoje em enorme solidão. Em parte porque fazem de sua aventura humana no mundo uma mera experiência mercantilista do ter, do possuir e do consumir.
Uma dimensão ontológica do ser com todas as implicações filosóficas e fenomenológicas do conhecimento lhes dariam outra qualidade de vida, certamente. A poeticidade, o devaneio e o cogito do sonhador em dimensões de sentido elevam a consciência e a alegria do viver.” 
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Percorri a casa dela olhando todos os detalhes: a fotografia antiga da família italiana em preto/branco/e sépia, no pé da escada (Giampi disse que uns trinta anos atrás a mesma foto estava no quarto dela de Bussana Vecchia), os quadros assinados (seriam de amigos, de artistas italianos?), as almofadas de cetim, as plantinhas, as fotografias, a diminuta cristaleira, os pequenos jarros, azulejos, corujas, as mantas coloridas sobre o sofá, as frigideiras e panelas presas na parede da cozinha em janelas sobre o jardim. Tudo pequeno, tudo tão gracioso e tão pleno de traços pessoais que só posso concordar com o filósofo, é possível ser um poeta do quotidiano.  A minha vizinha, Dudu, era uma poeta da vida, está escrito em cada canto da casa dela.  Talvez isso explique em parte a alegria que ela teve de viver.
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A roupa no cinema

"Retrato de mulher em vestido azul" ("Madame Georges Hillaire", 1935), Balthus
Alice e o gato
"A dama do lotação", filme brasileiro de 1978, dirigido por Neville de Almeida. Com Sônia Braga. Sinopse da Wikipedia: "Solange e Carlos se conhecem desde a infância e se casam. Na noite de núpcias, Solange resiste ao marido, que, impaciente, acaba  estuprando-a. Solange fica traumatizada e apesar de desejar Carlos não quer mais nada com ele. Ela começa a fazer sexo com homens que não conhece, que encontra andando de lotação (espécie de microônibus que faz transporte público)."
Da obra de Nélson Rodrigues 
Quarta maior bilheteria do cinema nacional.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

o abraço na Dudu (veja o email da Maninha)

"Familia CASADEI
Não sei quantos somos, mas sei que somos incontaveis.
Hoje , junto com o Giampi, escutei o ultimo boletim médico da nossa piccolina.
Segundo dra. Gisele, o quadro deu uma avançada.  Pouco a pouco os órgãos estao falindo.. Ja existe 83% de comprometimento.
Cada vez que vejo aquela pessoinha nas condições que se encontra, rezo mais e mais para que ela descanse.
Dentro desse quadro pensei em combinar com vocês, que amanha dia 26 de novembro, sexta feira, nos encontremos num grande abraço sideral. Que juntos ao mesmo tempo apertemos (pero non troppo) essa coisinha que amamos incondicionalmente, e a ajudemos a livrar-se dessa tortura.
Aqui na Bahia e nordeste 7 da noite no sudeste Sul 8 e na Europa  11 hs da noite.
Mas quem sabe a eterna anarquista nos supera e manda todos...va fa in cullo !!!!
Luz sempre é uma boa companha, uma velinha sempre é acolhedora.

MANDO ALGUMAS FOTOS DESSE SER AMADO...ILUMINADO E ETERNAMENTE LEMBRADO.
UMA PESSOINHA QUE CONQUISTOU GREGOS E PRAIANOS.
CADA UM DE VOCES QUE RECEBER ESSE, POR FAVOR DE UMA OLHADA PARA QUEM MANDEI. DE MUITOS NAO TENHO E MAIL...PASSEM PARA ESSES. CADA UM DE VOCES DEVEM LEMBRAR DE ALGUEM QUE NAO ESTA INCLUIDO NESSA LISTA.
LA MANINA"
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Edoarda Casadei (Dudu) faleceu hoje.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Facebook e companhia

"As pessoas enganam-se sempre em duas coisas: pensam que sou um intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque os meus filmes sempre perdem dinheiro).”
Woody Allen
Os gatos são a prova inequívoca de que Deus é o melhor designer gráfico do mundo (foto Catarina Saraiva)


AMIGOS - "Descobri no outro dia que há um limite de amigos no facebook: 5000. Na vida real, felizmente, são muito menos. Talvez entre 6 a 10 amigos. Para quem tiver dúvidas sobre o número exacto, nada melhor do que começar por fazer algumas perguntas, cuja resposta tem como exigência ser apenas um número. Daqueles a quem chamamos amigos, quantos nos iriam buscar à China? Quantos se levantariam de noite para levar o nosso gato ao hospital veterinário? Quantos ficariam com os olhos a brilhar se nos avistassem ao longe? Quantos conseguiriam adivinhar o nosso pensamento antes de nós? E quantos nos emprestariam dinheiro e fingiriam ter-se esquecido disso? Com quantos poderíamos partilhar um segredo e saber que ele continuaria a ser isso mesmo, um segredo? Quantos nos visitariam no hospital? (a pergunta deve ser feita com vários exemplos de doenças, que necessariamente terão respostas diferentes). Quantos teriam paciência para ouvir o nosso coração despedaçado ao telefone durante várias horas, a repetir os mesmos pedaços de frases? Quantos esperariam uma hora e meia por nós com um sorriso no rosto? Quantos se preocupariam realmente em saber se tinhamos chegado bem a casa, depois de um encontro? Com quantos poderíamos estar uma hora em eloquente silêncio? E finalmente, uma pergunta noutro tempo verbal: quantos irão ao nosso funeral?" (texto de Maria João Freitas, ilustração Calico Mendes)
Esta ilustração de Dorothea Tanning me fez lembrar do breve diálogo que ouvi hoje na praia de manhã cedo, entre um nativo e o velejador francês dono do barco de aço que parou na enseada e está viajando com  um cachorro. O morador daqui perguntou-lhe como era vir de tão longe tendo como companhia um cão. Resposta breve: "Melhor do que com humano."

camping Jambo Sana em Santo André

as fotos vieram do Jambo Sana -- um dos campings mais bonitos que conheço
logo na entrada do povoado e de frente para uma vista estonteante
os músicos no verão passado
Jean-François, com os amigos Luc e Frodo. Tomara que os franceses e os mineiros venham pra cá neste verão!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

retratos dos moradores de santo andré

Moisés jogando a tarrafa
Cláudio sendo entrevistado pelos jovens da webtv do Iasa
Netinho, prestando atenção à conversa dos adultos
Fernanda no Aldeia Tangerina
e o Hans (esquiando na Suíça) - "tá muito frio aí, Hans?"

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carolina, Maranhão

 Esse texto foi escrito por Dalva, a pintora que é o sujeito do post acima. Fala sobre a cidade-natal dela, no Maranhão, cidade que deixou ainda criança quando a família decidiu mudar para Brasília, no ano de sua inauguração.
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"Nasci na cidade de Carolina, numa casa de taipa às 6 horas da tarde ,lembra minha mãe. Foi parteira minha avó, uma valentona metida a médica naquele interiorzão. Em 1960, fomos para Brasília, depois de peregrinar oito anos pelo Estado de Goiás. Carolina ficou em meus sonhos de criança. História que meus pais contaram. Ruas de de areia branca e solta, onde as pessoas para andar, tinham que tirar os calçados. A maioria usava chapéu e roupas de linho branco, engomadas a ferro de brasas. 
A cidade tinha casas simples cobertas com telhas francesas ou palha de piaçava. Ao cair da tarde, os habitantes quedavam-se nas calçadas onde as sombras se alongavam refrescando o dia. Assim atualizavam-se das notícias, uns chegando, outros saindo, num verdadeiro gosto de viver. Comitivas chegavam a cavalo, do interior, para a cerimônia dos casamentos bem organizados. Os bailes eram intermináveis. À luz de lamparina, ao som de Luiz Gonzaga, todos os homens dançavam com o facão na cintura, sob o olhar do pai da moça. Viviam no ritmo das estações. Gente alegre, sofrida e generosa. Pais ciumentos. As moças dormiam na rede, nos quartos e os rapazes na varanda. Esta é a Carolina dos meus sonhos infantis. Se voltar agora a Carolina com o progresso e as mudanças, não encontrarei este romantismo. Por isso, recuso-me carinhosamente a encontrar a Carolina de hoje, para não apagar a Carolina dos meus sonhos. Mas um dia, se Deus quiser, irei tomar banho na Pedra Caída."
as crianças no quadro da Dalva
reprodução de quadro de Dalva Duarte
recanto nos jardins de sua residência, na França
o Moulinage: misto de casa e centro de artes
 Moulinage - visão exterior
Dalva com uma amiga, no Moulinage

lembrando Dalva Duarte

Na sala de jantar de nossa casa, precisamente nessa parede laranja, encontra-se um quadro significativo: é uma pintura de Dalva, uma amiga-artista. No começo de novembro, Dalva telefonou. Estava vindo para o Brasil, visitar a mãe que mora nas cercanias de Brasília. Foi lá na capital que nos conhecemos, décadas atrás , quando ela ainda não era uma pintora importante, mas era uma importante figura da minha juventude. Uma amiga itinerante, que viveu em três continentes e hoje possui uma visão ampla de muitas culturas.  No começo dos 2000, Dalva apareceu lá em casa, em Brasília. Viera para publicar um livro no Brasil sobre sua obra. Foi um período incrivelmente rico para nós. Ela, Cláudio e eu, passávamos os dias em função da realização deste livro. Dalva queria preencher uma lacuna: embora reconhecida na Europa e nos Estados Unidos,  a divulgação de seu trabalho é escassa no Brasil.  No livro brasileiro, os temas dominantes de Dalva são o desespero, a solidão, a empatia para com a injustiça e o sofrimento humano. Seus quadros são intensos e desafiadores para o espectador. Os temas são desenvolvidos com a sabedoria de uma pessoa que foi buscar no mais profundo de si mesma uma verdade emocional e intelectual.

Dalva nasceu em Carolina, uma cidade do Maranhão. Hoje mora num  espaço imenso na região de Ardeche,  sul da França.  A construção era, originalmente, um Moinho industrial (“Le Moulinage de Croces”), depois passou a ser uma fábrica da indústria de roupas Zara e hoje é uma espécie de Casa e Centro Cultural no sul da França, na região de Ardeche.   Já fomos visitá-la lá, alguns anos atrás, quando as reformas estavam em andamento.  Um lugar lindo, onde fomos recebidos com tanto carinho. Saudades de você, Dalva.
a biblioteca de Dalva
o estúdio onde constrói sua obra, no Sul da França

as fotos do Marcelo

 
De vez em quando chegam umas fotos de presente dos amigos. Esta quem enviou foi o Marcelo Bottini, um músico argentino que virou patrimônio de Santo André. O cantor no meio do trio é o Pedro Spalla - alguém sabe onde ele está? Ao lado do Pedro estão o Stefano Visigalli e o próprio Marcelo. O local é a casa do Giampi e Loredana, em Mojiquiçaba.
As cerejas estão aqui por acaso... vieram juntas com a foto do trio musical, mas como parecem deliciosas, não resisti a colocar esta bandeja de frutas no blog. Encomendas com Fernando, em Cinco Saltos, província de Neuquem, Argentina.

domingo, 21 de novembro de 2010

Você sabe o que é o Tea Party?

Ao pé da letra parece uma sonífera reunião de mulheres para tomar o "chá da tarde", mas na realidade  é um movimento político nada inofensivo:  agrupa os americanos ultradireitistas, o que há de pior no neoconservadorismo. E são dotados de uma imaginação extraordinária!  Esta senhora da foto, por exemplo, Debbie Riddle, se não fosse uma congressista texana poderia muito bem ganhar a vida escrevendo roteiros para o cinema.
Faz parte de seu discurso combater a imigração ilegal para os EUA com o argumento das “crianças terroristas”. No pesadelo particular dela os terroristas estão enviando mulheres grávidas para terem os filhos em solo estadunidense e assim obter a nacionalidade americana.  Esses bebês seriam despachados de volta para os países islâmicos onde seriam criados sob intenso treinamento ideológico, de forma que, ao ficarem adultos, poderiam voltar aos EUA para destruirem o "modo americano de vida" ("american way of life").
Debbie, é claro, batalha incessantemente contra a imigração ilegal para os EUA. Como se por acaso a imigração ilegal não gerasse altíssimos lucros... O estado americano precisa suprir os donos das  corporações mercantis com mão de obra barata. Os trabalhadores que chegam ilegalmente ao país cumprem este papel. Ao mesmo tempo, o governo americano combate os imigrantes ilegais – isto faz com que a mão de obra  "ilegal" continue barata... Um exemplo clássico de círculo vicioso.
O Texas é um dos estados americanos que se espalha pela área dark do imaginário planetário. Não é preciso muito esforço para visualizar o fazendeiro texano de chapéu e esporas, o milionário do petróleo morando numa imitação superdimensionada da Casa Branca, o fascínio pela cultura das armas, o imigrante latino ilegal tentando atravessar a fronteira, o membro da Klu Klux Klan, os escravos nos algodoais, o assassinato de Kennedy. A previsão é que nos próximos 30 anos a maioria da população do estado seja formada por negros e hispânicos. O impacto étnico, cultural e lingüístico deste fenômeno já está em curso.
E agora, Debbie?
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Aqui em Santo André da Bahia (como bem lembrou o Ugo ontem, na noite cheia de gente e música do Sant'Anas) nós substituímos o "chá das cinco" pela "cerveja das sete".
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Mata Encantada

Domingo lindo, sol de solitário amarelo, vento nordeste suave, quem disse que fui para a praia?
Internet, aqui me tens de regresso...
Restabelecemos a conexão com o sistema do Ueli ("Mata Encantada") e está uma maravilha!

sábado, 20 de novembro de 2010

Vida comunitária

"Nossa querida Dudu está lá na UTI numa situaçao estacionária grave.
Ninguem sabe o que vai acontecer.
Eu peço que rezemos para que o melhor aconteça pra ela.
Egoisticamente queremos que ela fique, mas talvez ela queira ir.
Eu peço que enviemos a ela todo o nosso amor pra ela ter força pra decidir se ir ou ficar.
Ela ficara em nossos coraçoes anyway.
E levará nosso amor dentro de seu coraçao anyway.
Beijos,

Nerina"
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"Oi Olímpia

Leio sempre seu blog.
Muitas e muitas vezes é seu blog que faz a ligação direta entre meu coração apertadinho de saudade e
nosso amado Santo André. Vou lendo e comendo e bebendo cada notícia, e chego até a sentir o cheiro
da maresia e ouvir as vozes e as risadas de cada um que aparece por lá. Vibro com todas as boas notícias.
E me comovo, muitas vezes também. Isso acabou de acontecer agora. Estava atualizando minha leitura quando dei com o post “A carta de uma amiga e o filme da Juliana” e lá pelas tantas vc conta que ao final de um certo filme o Cláudio fez um “papo filme” e mais adiante vc comenta que alguém lembrou da Monica Paoletti e do Papo Filme...Ah, me deu uma saudade...
Fui às lágrimas até...lembrando de como foi bom e enriquecedor aquele ano de PAPO com todos aqueles adolescentes e, enfim, todas as crianças e famílias e amigos e agregados...tantas trocas, intensidades, descobertas, aprendizagens...
Me faz muito feliz saber que uma sementinha foi plantada e que permanece na lembrança e no coração de algumas pessoas, porque, mais do que ser um projeto experimental foi direto do meu coração que ele saiu, do meu profundo amor por este povoado, do meu profundo amor pelo amado povo deste nosso amado povoado. 
Assim que a vida de São Paulo me permitir é para minha morada em Santo André que eu quero voar e viver. E continuar plantando sementinhas e cuidando para que as pessoas, a Natureza, as relações se desenvolvam de uma maneira forte e bela. 
Obrigada, um grande abraço, Monica"
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Tenho o mesmo sentimento que você, Nerina -  torço para que a situação da Dudu evolua de maneira a deixá-la continuar a vida com dignidade. Caso contrário, que a Natureza a deixe descansar. O que for melhor para ela...
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Mônica, sua cartinha também me emocionou.  
Bem aventurados aqueles de boa vontade, conforme nos diz o mais famoso livro sagrado do Ocidente.
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Hoje é o aniversário da Maninha (última foto). Sei que não será um dia de comemorações para ela, que acompanha de perto a situação da Dudu. Uma das qualidades que admiro nessa mulher é a lealdade que demonstra pelos amigos. Um forte abraço, Mana.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

passeando por Santo André da Bahia

Esta pequena árvore na foz do rio  João de Tiba é um dos lugares prediletos dos pescadores e dos namorados... Fica bem em frente à Pousada Ponta de Santo André, uma das boas opções de hospedagem na Vila. A foto foi enviada por Vera Zippin (obrigada!) 
Este é o pequeno Zippin....daqui a pouco ele  e os pais vão chegar para o verão no Jambosana.
O campo de futebol  daqui. Sempre tem menino, homem e mulher correndo atrás da bola...
Outra pousada de charme de Santo André, a Vila Araticum. Bonita e bem cuidada. Olha como o  caminho para a praia é bucólico... Os chalés ficam ao longo dessa alameda, com bastante privacidade devido às árvores frondosas. 
A recepção da Vila Araticum. Pertence ao Luís, um argentino.
Nunca estive dentro de um dos chalés, mas por fora eles parecem bem espaçosos.
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Em tempo: para quem entrar hoje aqui procurando notícias da Dudu, infelizmente, elas não são nada boas.
Pode ser que Edoarda (como o Ugo a chama) nos deixe hoje ou nos próximos dias.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Fazenda São Vento

Sábado passado tomamos o rumo de Mojiquiçaba, um povoado ao lado de Belmonte, cerca de 40 minutos lá de casa. No caminho fomos vendo os pés de cajus carregados, pena que os maiores e mais amarelinhos estivessem inacessíveis pendurados nos galhos mais altos. Fomos à casa de Giampi e Loredana, um casal de italianos que comprou tanta terra que mal sabem onde acaba sua fazenda... A gente sabe que o verão começou quando o Giampi chega... geralmente ele é o primeiro italiano à chegar pra temporada, e um dos últimos a voltar para a Itália. Loredana só vem em dezembro. Olha que delícia de varanda...
A Dudu, uma vizinha e moradora antiga de Santo André da Bahia, foi conosco. Ela e o Giampi têm algo muito particular em comum: ambos moraram em Bussana Vecchia (foto), um vilarejo espremido entre as montanhas do Piemonte e o Mar Adriático, na região da Ligúria. Antigo, foi fundado antes do ano 1000 no topo das colinas, para melhor defender sua população do ataque dos sarracenos. No final do século XIX, quando se chamava apenas Bussana, um grande tremor de terra pôs tudo abaixo. Bussana foi destruída, virou uma cidade fantasma. Acrescentaram o "Vecchia" para distingui-la da nova, a vila construída mais perto do mar pelos sobreviventes. Nas décadas douradas da contracultura, novos habitantes voltaram a preencher as ruas e casas vazias de Bussana. Nunca estive lá, mas esse lugar faz parte do meu imaginário devido às histórias que ouvi de Giampi, de Savino, de Franco e Nero, de Dudu...
A Fazenda está belíssima, as árvores cresceram, a vista é deslumbrante., o jardim é bem cuidado.. Como é de praxe em casa de italiano, comemos muito bem e em boa companhia.. Parabéns especial para o "tartar de atum" da Rute,  uma equatoriana, mulher de Antonio José, um espanhol bem humorado. Compraram um belo terreno em Santo André, tomara que venham logo morar entre nós...
Giampi, Cláudio e Antonio tentando resolver um problema eletrônico
A Dudu apreciando a vista da varanda do chalé... Naquele dia ela estava ótima (tem 84 anos), falou muito sobre Bussana Vecchia; olhamos juntas um livro que os artistas fizeram do  povoado italiano... ela estava emocionada vendo as fotos dos antigos amigos e até do ex-marido ... hoje a Duzu não está tão bem, soube na balsa que ela precisou ir para o hospital... vai voltar logo pra casa, Dudu é um prodígio de resistência...

os netinhos italianos

Matteo e o prato de polenta (na casa de Matteo Ruperto, um amigo de infância do pai dele, o Tomaso)
Querida Chloe, se esta imagem e palavras se conservarem até você aprender a ler, quero que saiba que jamais esquecerei a intensidade do seu olhar. A maneira como você me  fitava quando eu sentava ao seu lado no carro (espremida entre a sua cadeirinha e a de seu irmão) está entre as minhas melhores e mais emocionantes lembranças de Roma.