Volta e meia digo neste espaço que o povoado de Santo André da Bahia é um dos temas que povoa essas falhas, efêmeras páginas virtuais. Não procuro -- geralmente aparece algo que me remete a Santo André, como por mágica, na minha telinha. A aparição de hoje me surpreendeu porque acompanho o blog da Léa Penteado com aplicada regularidade e não tinha visto a matéria abaixo. Foi uma amiga em comum que me deu a dica. Se você veio parar aqui procurando informações sobre este cantinho do Sul da Bahia, repare no que a Léa mostra nas fotos e no texto.
Boa viagem!
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Léa Penteado |
"Meu irmão Victor contou que em meados dos anos 80 viajou com um amigo
italiano a Porto Seguro e num carro alugado saíram em busca das praias.
Seguindo em direção norte numa estrada de areia à beira do mar,
chegaram a uma pequena cidade onde havia um rio, um atracadouro e barcos
pesqueiros. Atravessaram o rio com ajuda de um barqueiro, caminharam
por mangues, seguiram o rio que se encontrava com o mar e “descobriram”
um povoado que nem tinha luz. Era Vila de Santo André, um paraíso
praticamente secreto. Assim como eles, muitos brasileiros e estrangeiros
cansados da metrópole fizeram este trajeto e por aqui ficaram
extasiados pela beleza natural.
Em agosto de 2004 vim morar neste lugar e apesar dos upgrades com a
balsa para a travessia do rio, luz, telefone, internet, resort, pousadas
e restaurantes, Vila de Santo André mantém a mesma essência de povoado
tranqüilo com ruas de terra, vegetação exuberante e uma pacata
comunidade com menos de 800 habitantes. Mas no verão a população chega a
triplicar.
A travessia do rio João de Tiba é linda em qualquer horário e não
leva mais do que 10 minutos. Das 6 às 19h30hs a balsa sai a cada 30
minutos e a partir das 20hs, a cada hora. Do outro lado do rio são 2 km
de estrada asfaltada até uma bifurcação à direita numa rua de terra e
entra-se na vila. É uma vila que não tem praça. O movimento acontece à
beira do rio, em alguns bares e no campo de futebol. São 4 times de
futebol (1 infantil, 1 feminino e 2 adultos) e no dia 1º de janeiro é
tradição o jogo com os homens vestidos de mulher. A vila tem uma igreja,
um posto de saúde com consultório dentário, uma escola municipal de
ensino fundamental, uma escola para alfabetização e duas ONGs (IASA e
Centro de Convivência e Cultura). É possível ouvir pelos becos e vielas o
som de flautas tocando “As Quatro Estações” de Vivaldi ou ”Asa Branca”
de Luiz Gonzaga. São as crianças do Ambiente Musical, um projeto do
IASA que pretende formar uma orquestra.
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desembarque da balsa em Santo André |
A rua de terra com muitos quebra molas vai beirando o rio continua
paralela ao mar até se encontrar novamente com a estrada de asfalto que
leva a Santo Antonio (8 km), Guaiú (14 km) e termina no município de
Belmonte (50km) onde o rio Jequitinhonha desemboca no mar. Esta rua
“principal” – Av. Beira Mar - dá acesso ao Resort Costa Brasílis, às
pousadas e a quase todos os restaurantes. Logo na entrada tem o camping
da Vera e do Nelson Zippin (completamente anos 70!); em frente e
escondida em meio a árvores, a lanchonete do Nelmo com o melhor
hambúrguer da região... Seguindo a estrada de terra, voltada para o
rio tem a Pousada Corsário com o restaurante El Floridita. A Mikie
comanda a cozinha e vale provar a lagosta com arroz negro, o peixe com
gengibre e inhame rosti, frango com queijo coalho. A gastronomia em toda
vila é um luxo! Vide as referências do expert em turismo Ricardo
Freire, em seus artigos. Ainda na beira do rio o charmoso Bardo Rio, um
bar que abre a partir das 17hs, local perfeito para ver a lua nascer,
oferece também ótimos petiscos. Tem também o restaurantes Sant´Annas
(pastas italianas feitas pelo “chef” Stefano) e Gaivota (vale provar o
Veleiro, um PF chic...).
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praia de Santo Antônio |
Fora da rua principal, as placas indicam a Pizzaria Varanda da Joyce
Hermetto, artista plástica que morou muitos anos em Arraial d´Ajuda e
faz luminárias, almofadas, panos pintados com desenhos temáticos e um
traço inconfundível. Quase ao lado da Joyce, a Barraca Nativa do Paulo,
onde tem forró, e na frente a pequena loja de artesanato da Monica.
Continuando na principal rua de terra da vila tem a Loja Santo André da
Zélia, com vestidos, batas, chapéus e biquínis, e no Resort Costa
Brasilis a “boutique” Dé Bahia, da Patrícia Farina, que vende do chapéu
Panamá a maravilhosas colchas, jogos americanos e almofadas feitas de
fuxico pelas mulheres da comunidade. As “Jóias da Floresta”, criativos
colares e pulseiras feitos com sementes pela artesã Lady, se tornaram
marca registrada da vila e produto de exportação, estão à venda numa
lojinha à beira do rio.
No coração da Vila, os restaurantes Aroeira, comidinha caseira feita
pela Lia, no maior capricho, e o Almescla, da Zeti e do Célio. Vatapá,
caruru e moqueca, comidas típicas é assunto para autêntica baiana
Silvia, no Restaurante Orquídeas. Saindo de Santo André vale esticar até
o Guaiú para provar a comida da Maria Nilza feita no fogão a lenha. Um
luxo!
Um jardim surpreendente à beira mar na Pousada e Restaurante Jacumã. Um
cardápio de respeito. A Pousada e Restaurante Victor Hugo é do italiano
Ugo Colombo que chegou nos anos 80 com meu irmão, e tem “um terraço
debruçado sob o mar” com coqueiros, caminhos de hibiscos e sombras de
amendoeiras. O Resort Costa Brasilis tem 122 apartamentos e bangalôs
espalhados em uma área de 50 mil m2. Um conforto diferenciado numa vila
quase rural. Lá dentro, o Spa Ruby, da carioca Flávia Pereira, atende
não apenas aos hóspedes com massagens restauradoras com óleos e pedras
quentes, banhos com especiarias, shiatsu, yoga, sauna, hidromassagem e
ofurô.
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charme puro, uma varanda no mar |
O Mercado Maciel, na rua principal, é praticamente um Carrefour, tal a
variedade de produtos e tem pão fresco pela manhã. Apesar de a economia
ser voltada para o turismo são poucos os estabelecimentos que aceitam
cartões de crédito/débito. Os restaurantes Jacumã, El Floridita, Gaivota
e da Pousada Gaili aceitam, assim como o Mercado Maciel, o Spa Ruby e a
loja Dé Bahia. Em Santa Cruz Cabrália tem agencias do Banco do Brasil e
do Bradesco e um caixa eletrônico da Caixa Econômica.
A Vila é um paraíso para os velejadores. Profissionais e amadores
podem contar com o Carlindo, nativo que conhece todos os caminhos do rio
e do mar. Além das aulas de kitesurf, hobicat e veleiro, Carlindo faz
deslumbrantes passeios subindo o rio para ver o sol se por ou até
Araripe, um banco de areia cercado por piscinas naturais, distante 2
horas da costa.
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praia de Santo André |
Santo André está localizada dentro da APA Santo Antonio, uma área de
proteção ambiental cercada por mata Atlântica, com praias semi virgens e
certas restrições para edificações. No encontro do rio com o mar há
cadeiras, guarda-sóis e pequenas cabanas que recebem grupos de turistas
que saem de Cabrália em passeios de escunas. Anda-se muito a pé nas ruas
de terra, mas quem quiser pedalar o Joab aluga bicicletas. Algumas
pousadas oferecem conexão wi fi, e ainda tem a Internet Café Mata
Encantada. Têm aulas de hidroginástica à beira do rio, de segunda à
sexta às 11hs com a professora Vivian, que também dá aulas de dança
afro. Verão e inverno é temporada de workshop de yoga na Ponta de Santo
André à beira do rio, já uma tradição. Neste espaço acontecem cursos
diversos, sempre voltados para o bem estar e é um dos locais mais lindos
desta vila que é especial, simples e pequena. Quem vier fora da
estação, conhecerá uma vila quieta e se apaixonará, assim como eu."
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praia de Santo Antônio |