Em
meados do século XVI, um grupo de estudiosos, filósofos e artistas que
circulava na corte de Lorenço de Medici – dito Lorenço, o Magnífico –
tomou a si a tarefa de definir o modelo ideal de beleza feminina. O
título de “mulher mais bonita de
Florença” foi dado a uma jovem de 23 anos, Simonetta Cattaneo
Vespucci, esposa de um primo distante do navegador Américo Vespúcio.
Até então, o ideal feminino exaltado na poesia e na arte era a beleza
etérea das ninfas. Simonetta, era a própria personificação da ninfa,
reunindo qualidades excepcionais admiradas pela sociedade da época:
beleza, modéstia, força e delicadeza. Nascida em Gênova (ou
Portovenere) em 1453, seu casamento com Marco Vespucci , um florentino
com bom trânsito na corte dos Médicis, foi arranjado quando ela estava
com 16 anos. Sua chegada em Florença não passou desapercebida: entre
seus admiradores mais fervorosos estava Giuliano, o irmão de Lorenço de
Medici. Embora ela fosse casada, ele declarava seu amor publicamente.
Tanto assim que durante um torneio de cavaleiros em 1475 compareceu
portando uma bandeira com a imagem de Simonetta pintada por Sandro
Botticelli, um dos pintores mais celebrados do Quattrocento Italiano.
Giuliano ganhou o torneio e conquistou o coração da jovem que durante o
evento foi eleita «Rainha da Beleza». Não é certo se os dois se tornaram
amantes. Se assim foi, o romance foi curto porque Simonetta morreu de
tuberculose no ano seguinte.
Após esse torneio, a figura esbelta da
jovem com o rosto coroado por uma massa de cabelos loiros tornou-se uma
paixão para Boticelli e parece ter inspirado várias de suas célebres
telas como a de Vênus saindo do mar e a Flora, da Primavera. Antes de
morrer, ele pediu para ser enterrado aos pés da tumba de Simonetta, na
Igeja de Ognissanti, em Florença – talvez uma maneira que encontrou para
passar a eternidade ao lado da mulher mais bela do Renascimento
italiano.