domingo, 30 de setembro de 2012

praia de Itacimirim, litoral norte da Bahia

Não conheço a praia de Itacimirim - estas fotos são da internet. Itacimirim veio parar aqui porque alguém de lá se cadastrou como seguidor do redefurada. Em reciprocidade, e porque hoje é domingo -- dia de praia -- replico o post escrito por Marina Silva.
(é preciso cem verões para conhecer o litoral da Bahia)
-------------------
"O vilarejo surgiu de uma pequena vila de pescadores que viviam na estreita faixa de terra entre o rio Itacimirim e o mar. Casas de sapê, barcos e muito verde compunham o cenário. Um paraíso que hoje abriga  casas de veraneio, hotéis e pousadas confortáveis. Mar azul salpicado de barquinhos coloridos, extensas faixas de areia dourada, mata atlântica e manguezais, lagoas e rio.
Itacimirim é um refúgio  para surfistas, amantes de esportes náuticos e para aqueles que querem aproveitar a praia e as belezas do lugar. Este pequeno paraíso abriga belas praias, no litoral norte da Bahia. Mas aí também se encontram lagoas de água doce e áreas de mata atlântica que permitem caminhadas e longos passeios. Para conhecer a exuberante natureza local, há excursões guiadas que passam por rios, corredeiras e a sede do Projeto Garcia D´Avila.
Quem preferir um programa mais leve, pode dar uma volta de bicicleta na lagoa (5 km) ou andar pela praia. Há ainda a opção de passeios de caiaque no Rio Pojuca e de banho de cachoeira na Cascatinha, próxima a vila Barra de Pojuca. 
Itacimirim ficou conhecida internacionalmente em 1984, quando o navegador solitário Amyr Klink aportou na Praia da Espera após completar a travessia pelo Oceano Atlântico, da África do Sul ao Brasil, em 100 dias, em um barco a remo. Um monumento em sua homenagem foi construído no local.
A praia da espera é a mais famosa devido a sua beleza, com estrutura de barracas erguidas sob a sombra das amendoeiras e piscinas naturais de água morna. Reza a lenda que quando havia tempestades as mulheres iam até a praia para esperar seus companheiros voltarem da pesca. Foi daí que surgiu o nome Praia da Espera. Uum belo porto de pequenos barcos, ideal para o banho. As piscinas naturais formadas por arrecifes de corais são ótimas para o mergulho com snorkel. Quem preferir o mergulho mais avançado, pode aproveitar o navio naufragado a menos de uma milha deste ponto. a Ventos bons permitem a prática de esportes como kitesurf e windsurf. Entre os meses de dezembro e fevereiro, pode-se observar a desova das tartarugas marinhas e no período de agosto a setembro, o mergulho das baleias Jubarte.
A Praia das Ondas é o ponto de encontro de jovens, mas a Praia do Peru  é o local preferido dos surfistas, e é palco de campeonatos. Na Praia da Barra, o turista se deslumbra com a beleza de Itacimirim. O Rio Pojuca deságua no mar e torna o local excelente para banho. Ladeado por manguezais, areia clara, coqueiros e barracas, a foz é o lugar preferido pelos banhistas.
Como chegar a Itacimirim
De Salvador para Itacimirim, são 50km de rodovia em ótimo estado. Pode-se também seguir de ônibus a partir do Terminal Rodoviário de Salvador. Os ônibus partem a cada trinta minutos, pela manhã, e no intervalo de uma hora, no turno vespertino, e param no entroncamento de Itacimirim. Daí será preciso pegar um táxi ou moto-taxi até a praia.
Para quem vem do norte, via Sergipe, segue pela BR-099, conhecida como a Linha Verde. A distância, da divisa até Itacimirim, é de 147km."
----------
texto de Marina Silva

sábado, 22 de setembro de 2012

até tu, Brutus? Júlio César, de Shakespeare



Deborah Kerr, no papel de Pórcia
William Shakespeare, poeta nacional da Inglaterra e maior dramaturgo da literatura universal, é o criador de personagens eternos – quem nunca ouviu falar em Romeu ou Hamlet?  Desenhou o retrato da alma humana com tamanha perfeição que 400 anos depois suas peças continuam a ser encenadas em todo o globo. Algumas delas tratam de temas da história romana: Tito Adrônico (uma tragédia violenta), Antônio e Cleopátra (a relação amorosa entre o militar romano Marco António e a imortal rainha do Egito), Coriolano (um general lendário da Roma antiga), e ainda Júlio César -- uma peça em cinco atos que trata da conspiração dos senadores romanos contra o vitorioso general, seu assassinato por esfaqueamento aos pés da estátua de Pompeu, a traição de seu (in)fiel seguidor Brutus, e a fúria indignada de Marco Antônio, seu amigo verdadeiro, que faz um dos mais célebres discursos da história do teatro. Na obra transparece o fascínio que o poder exerce sobre o ser humano, a lealdade, a vaidade, a traição, a possibilidade de manipulação das massas pelo poder da palavra.
Alguns dias atrás, um amigo-poeta (Piero Eyben) postou o poema Aproximações ao Topázio,  de Haroldo de Campo

o topázio
canibaliza seus amarelos
lente no olho tórrido
da luz
forno solar

"Sem título" (obra de Cy Twombly, artista americano)

Queria, quiçá, aludir à seca sufocante que assola o planalto central nesta época do ano ou à beleza gema-de-ovo dos ipês amarelos que explodem cor no céu azul-brilhante da capital.
Agora explico como é que Shakespeare e Júlio César surgiram nesta rede. Na peça, a mulher de Brutus (que se chama Pórcia) escolhe um modo terrível e incrivelmente original para se suicidar. Quando tem notícias das derrotas que Brutus enfrenta nas batalhas travadas durante a guerra civil desencadeada pela morte de César, Pórcia, apavorada, coloca brasas incandescentes na boca. Morre em duplo suplício -- queimaduras e asfixia.

Algo mais ou menos assim, como na segunda estrofe do poema de Haroldo

                                     aqui se mascam
                                     carvões ardentes

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Que livro você levaria para uma ilha deserta? (G. K. Chesterton)



Gilbert Keith Chesterton é um escritor inglês do início do século XX, considerado pela crítica como um dos maiores criadores de histórias policiais de todos os tempos — ao lado de Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e Edgar Alan Poe. Louvado por autores-monstros como o argentino Jorge Luis Borges (para quem ele fazia "um milagre a cada parágrafo"), Chesterton teve uma carreira intelectual profícua e diversificada: foi contista, romancista, caricaturista, jornalista, humorista, polemista e biógrafo.
Achei divertido ler o que Borges escreveu sobre a biografia de Chesterton: "Gravemente observar que de todos os livros de Chesterton o único que não é autobiográfico é o livro Autobiografia. Não é um paradoxo muito memorável, mas é quase a pura verdade".
Do seu leque de personagens, o que lhe rendeu fama internacional foi o Father Brown,  dublê de padre e detetive, conhecedor da maldade e dos labirintos da alma humana.  O preferido de Borges... "Como livro inicial e de iniciação, eu indicaria, antes, qualquer dos cinco volumes da Gesta do Padre Brown".

Um dia perguntaram a Chesterton qual o livro que ele levaria para uma ilha deserta em alto mar, caso lhe acontecesse estar num navio que fosse a pique. Provocador, o prosador deu uma resposta desconcertante para uma pergunta que poderia ser embaraçosa e difícil para alguém que supostamente devorava livros como quem saboreia petit gateaux ou espumas. A resposta mais comun costuma ser A Bíblia ou outro livro sagrado. Alguém poderia pensar em Robinson Crusoe, talvez A Ilha do Dr. Moreau, de H. G. Wells ou ainda a volumosa enciclopédia. Os modernos desejariam um tablet e o baixaki correndo o risco de só encontrar rede furada. Chesterton não raciocinou nem como erudito nem como místico: confiou na lógica e deu a resposta que lhe parecia evidente: um manual de construção de botes.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

LINDA VILA: a praia de santo andré (Bahia)

Antes da mudança para Paraty moramos 6 anos numa praia do sul da Bahia, mais precisamente no povoado de Santo André, um distrito de Santa Cruz Cabrália. Lugar bonito por natureza... rio largo e limpo, praias preservadas, povo acolhedor e imbuído de um precioso sentimento comunitário. A mais recente iniciativa visa a preservação da igreja católica, um prédio construído com doações e que agora necessita limpeza, pintura e arremates como um pequeno jardim. 
a obra de restauro foi iniciada
A jornalista Léa Penteado, que lá reside, explica os detalhes:
"O Zé e o Giba começaram a pensar em algumas ações para a nossa vila ficar mais bonita. Surgiu assim o LINDA VILA cuja primeira intervenção está sendo na Igrejinha... Estão retirando as camadas de tinta, preparando para uma nova pintura, um jardim na frente, uma cruz no alto e um foco de luz...
Outras intervenções estão sendo pensadas e para tanto precisamos levantar recursos...
Surgiu assim a camiseta LINDA VILA que será lançada no sábado dia 8 de setembro, às 5 da tarde na Fabrica de Doces, em frente a Igrejinha...
Venha para conhecer a proposta e tomar um chá. Traga também suas ideias, este é um trabalho coletivo, sua participação é fundamental, afinal estamos todos na mesma vila... Se você está fora de Santa Cruz Cabralia e quer participar adquirindo uma camiseta, envie email para santoandrebahia@gmail.com"  

já encomendei a minha

  

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

casa para morar em Paraty

Então foi hoje, dia 5 de setembro, que assinamos a escritura de um terreno em Paraty. Ao lado desta casa amarela -- onde estão as goiabeiras. No momento é só um chão de terra batida, sem paredes, sem teto, sem colchão. Vamos construir mais uma casa, o moreno e eu, seres errantes o suficiente para  combinar tacitamente que quando a gente acabar de construir a casa, a gente fecha tudo com chave e sai pra viajar.
Nós só precisamos de um lugar para voltar.
----------------------
(...) e esta viagem em busca da Ítaca perdida pode ter-se como virtualmente terminada no dia em que a própria errância toma consciência de si como errância de ninguém.
Eduardo Lourenço
citado no livro 
Escritura do Retorno
Mallarmé, Joyce e Meta-signo
de Piero Eyben
------------------------
e é por aqui que pretendemos estacionar nos próximos 20 ou 30 anos
--------------------
Nem você é Pedro nem me chamo Helena, estes são nomes de grandiosa coletividade; nós dois somos da maioria silenciosa, da insignificância, do passar-batido geral.
Não faz mal, querido, os medíocres também amam.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

estrada Paraty-Cunha para principiantes

Nunca ouvira falar de Cunha antes de nos mudarmos da Bahia para o estado do Rio -- não tínhamos o hábito de viajar para localidades montanhosas. Agora que moramos em Paraty estamos explorando os vilarejos das serras que nos circundam. De Cunha conhecemos primeiro os produtos da roça - toda semana desce uma camionete com produtos orgânicos e bichos "caipira":  galinha, pato, porco, ovo... Sábado passado resolvemos conhecer a cidade subindo pela famosa estrada do parque nacional. Cunha se situa numa ferradura formada pelas Serras do Mar, Bocaina e Quebra-Cangalha. Já sabíamos da fama de boniteza da estrada, toda verde de Mata Atlântica. Uma festa para os olhos, tanto a paisagem desdobrada em serras infinitas, como
os detalhes: as flores, as cores, o efeito da luz sobre a vegetação
É perto, apenas 48 kms. Só tem um probleminha: há um trecho sem asfalto que é incrivelmente ruim. Um rio seco, pedras e buracos. Levamos cerca de 50 minutos para percorrer 9 kms, bem devagarinho... Estávamos num carro alto e com tração nas 4 rodas e assim mesmo demos uma "raspadinha" no chão. Fiquei espantada com a audácia dos carros menores que encontramos no caminho.  Vimos um fusca e uma Brasília amarela servindo de lotação: transportam passageiros entre Cunha e Paraty. A Brasília, coitada, caiu numa vala da estrada e precisou parar.
Quando finalmente chegamos, demos uma volta nas ruas adjacentes à praça da matriz, olhamos o mercado municipal que é bonitinho e tem artigos próprios do lugar como as botinas, a excelente cerveja artesanal dos alemães, as frutas e verduras locais. Dos 25 mil habitantes, cerca de 12 mil vivem na área rural. Desde 1695 os aventureiros  andavam na região -- subiam a serra pela trilha dos índios guaianás em busca do eldorado - o ouro e as pedras preciosas das Minas Gerais.  Naquela época Cunha era chamada de "Boca do Sertão" - tornou-se uma parada obrigatória  para o descanso e reabastecimento das tropas. Em 1948 a cidade foi transformada oficialmente em Estância Climática pelo governo do estado de São Paulo.  Como é típico em cidade do interior a principal atração é ...fazer nada. Sentamos numa agradável padaria com cadeiras e mesas colocadas num trecho de rua onde não passa carros. Depois do almoço resolvemos regressar a Paraty, preocupados com a estrada esburacada - não queríamos passar pelo famigerado trecho no escuro... Deixamos os passeios (cachoeiras, Pedra da Macela, ateliês de cerâmica) para uma próxima visita.
A volta foi com adrenalina: Cláudio precisava parar para analisar qual parte da estrada seria menos ruim. Confesso que sentia medo quando encarava o precipício... cheia de buracos, pedras, estreita e ainda beirando o abismo... 
A estrada já foi interditada várias vezes... Encontramos um acidente sério, este carro que precisou ser guinchado... Se alguém pretende ir por lá, veja primeiro esse vídeo (1m22) que achei no youtube http://youtu.be/q_dAOoT3G70