sexta-feira, 30 de julho de 2010

missa de sétimo dia

Para Luciana, filha de Yvone.
Domingo 01/08/10
na Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Moema s/n, em Moema

você já foi à Bahia?

Um vôo vazio, o jornal espalhado, o aceno da amiga que nos aguarda no saguão do aeroporto de Porto (bem desarrumado por uma reforma que se arrasta há meses).  Estão naquela fase fatal do “desculpe o incômodo, estamos trabalhando para o seu conforto”.   Descemos a ladeira e pegamos a estradinha para Santa Cruz Cabrália – de lá, só o rio João de Tiba nos separa de Santo André.   Em Cabrália, fogos de artifício espocavam pela volta de Jorge Pontes ao cargo de prefeito.  Ele e a vice-prefeita Maria Ozélia estavam em revezamento feroz pela disputa do cargo há mais de um mês.   Na lanchonete da balsa, numa demonstração do humor típico do brasileiro, uma figura conhecidíssima da região, o músico Mafei, encostou o violão numa cadeira para preparar um bolão de apostas: “qual será o prefeito de amanhã?”  Ainda bem que a dança das cadeiras vai parar, porque a decisão agora foi do Supremo Tribunal Federal e deu ganho de causa a Jorge Pontes.  Melhor assim.
Quem é que não gosta de chegar em casa depois de uma viagem, por curta que seja? Ainda que os móveis estejam empoeirados, as roupas por lavar e a gente não  encontre nem ovo na geladeira. Para matar a fome e a saudade de conversar com Pablo e Amadeo fomos lá para o Casapraia – caramba, que surpresa boa -- a noite rolou entre conversas com pessoas tão interessantes como diversificadas.
Ao longo da noite fomos reencontrando o Léo Dourado, a Bilu, o Vanzildo, a Carol, do bar “Maré” (de mudança para Cabrália), a mãe dela, uma psicanalista paulista de olhar vivaz (sabe dessas pessoas com quem você se sente confortável? será que é por causa da profissão?), Caio e André, jovens empresários da noite, são amigos do Duty,  o próprio Duty (ele já acertou com Federico da Praia das Tartarugas a segunda edição do réveillon 2011),  os hóspedes da guesthouse do Casapraia – um arquiteto famoso e a mulher dele, empresária de moda, o Ugo e um sobrinho dele (Rocco) que reside em Milão...
Dessas noites que rolam aqui em Santo André,  inesperadas, misturadas. E gostosas!
Santo André está ficando chique? Inevitavelmente, conversamos sobre a hipótese do povoado se tornar “a nova Trancoso”. Acho que a maioria quer desenvolvimento econômico, mas com sustentabilidade da qualidade de vida que se tem aqui.

andando pelo centro antigo de são paulo

Taí um lugar que o Cláudio percorre toda vez que estamos em São Paulo: por causa das lojas de ferramentas, dos eletrônicos, das encomendas que os amigos pedem para ele trazer.
de minha parte, gosto de observar a arquitetura das ruas adjacentes...
acabo tirando foto de celular
Largo de São Bento: uma instalação feita de itens reciclados chamada "Dragão de Tróia". A plaqueta dizia que era "Urban Trash Art", algo como Arte de Lixo Urbano
um corre-corre, uns gritos... era a polícia prendendo um batedor de carteiras em flagrante...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A fotografia de Anna Mariani


Tem uma exposição de fotografias acontecendo no Instituto Moreila Salles daqui de São Paulo que me chamou particularmente a atenção por se tratar de uma fotógrafa -- Anna Mariani -- que diz muito ao povoado de Santo André.  Há muitos anos, a artista frequenta a Vila --  lá tem uma bela propriedade em frente ao mar. O mais importante, porém, é que esta senhora vem contribuindo há anos para a educação das crianças locais sustentando uma escolinha que é um verdadeiro mimo, além de contribuir para outras atividades culturais do vilarejo.  O texto abaixo (do site da UOL) traz melhores informações sobre a qualidade primorosa da obra desta artista.
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"Exposição Anna Mariani: pinturas e platibandas, com 24 imagens de fachadas feitas pela fotógrafa em sete estados do Nordeste do Brasil: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Com curadoria do crítico de arte Rodrigo Naves, trata-se da seleção das mais de 2 mil fotos de platibandas que a fotógrafa fez na região entre os anos de 1976 e 1987.
As imagens foram mostradas pela primeira vez em 1987, na XIX Bienal Internacional de São Paulo. Depois disso correram o mundo – passaram pela França, Alemanha, Finlândia, entre outros países – e praticamente não foram mais vistas no Brasil. As fachadas são sempre mostradas em um ângulo frontal, sem a presença de pessoas e interferência da paisagem. Para Rodrigo Naves, a inexpressividade voluntária das imagens se refere a uma existência de pouca complexidade e de relações diretas entre os homens e deles com a natureza, com tudo que essa vida tem de harmonioso e, por outro lado, de limitador.
As pinturas à base de cal dessas casas, elaboradas sobre fachadas e platibandas, é resultado da transparência e da luminosidade que só é possível graças às práticas tradicionais de caiação, técnica que aos poucos tem sido substituída por novos materiais e processos sem as mesmas características.
Palelamente à exposição, o IMS lança uma nova edição revista e ampliada pela própria autora do livro Pinturas e platibandas, publicado originalmente em 1987, com textos de Ariano Suassuna, Caetano Veloso e Jean Baudrillard."
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As fotografias de Anna Mariani serviram de inspiração para uma coleçao de vestidos-jóia da etiqueta de moda  "Maria Bonita"
Obs.: acabei de aprender o que é uma platibanda: é uma faixa horizontal que emoldura a parte superior de um edifício e tem  a função de esconder o telhado.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cinema de "hermano para hermano"

A próxima semana será cinematográfica em Santo André da Bahia -- além da exibição de filmes no Cine Cajueiro, na quarta-feira,  e na Casapraia na sexta, teremos uma atraçao extra - a chegada de Viviane e Griselda, as duas argentinas criadoras do projeto CINE a la Intemperie que estão percorrendo a América Latina levando o cinema a bordo de uma camionete. Para explicar o trabalho das moças, trouxe uma matéria que saiu no Jornal "O Globo", escrita pela jornalista Júlia Motta.
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 "A chegada a Río Grande, uma comunidade pequena no Norte do Chile, foi cansativa, e, para piorar, a governante local mostrou-se resistente. Mas as argentinas Viviana García e Griselda Moreno acabaram conseguindo permissão para exibir filmes do Cine a la Intemperie por lá. Muitos moradores ajudaram na montagem da sala de cinema itinerante, e foi preciso esperar 45 minutos para acender as turbinas de água e garantir eletricidade para a projeção. Esta foi apenas uma das aventuras que as duas enfrentam há dois anos, desde que iniciaram, em junho de 2008, em Córdoba, o projeto de levar o cinema independente latino-americano a povoados distantes. O Cine a la Intemperie acaba de chegar ao Brasil.
Com um projetor digital, um computador, um telão e mais de 300 curtas, animações e documentários de vários países hermanos na mala, Viviana e Griselda percorrem de carro diversos lugarejos da América Latina. Já visitaram 16 países: Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, México, Cuba, Venezuela e, depois do Brasil, ainda passarão por Paraguai e Uruguai. As sessões rolam em praças públicas, escolas, igrejas ou clubes.
— Entendemos que ao projetar tantos filmes da América Latina na América Latina ajudamos a nos conhecer e a nos reconhecer. Nos mantém em pé saber que a História dos nossos povos necessita ser difundida e que os audiovisuais que levamos produzem uma reflexão e, dela, uma mudança positiva — diz, por e-mail, Griselda.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O brilho de Jane Campion ("Bright Star")

O filme da autora de  "O Piano" sobre o poeta John Keats tem tudo para ser brilhante: uma diretora competente, uma boa atriz no papel principal e um tema perfeito -a história de amor entre John Keats, o maior poeta romântico inglês,  e  sua musa inspiradora, Fanny Brawne.  No entanto, o filme não funciona bem: nem consegue se centrar no romance, nem na poesia de Keats. Nem por isto deixa de ser um filme imperdível: a qualidade estética das cenas da natureza é deslumbrante e os personagens secundários postados no interior das residências lembram a delicadeza e o tom íntimo das pinturas de Vermeer.  Jane Campion escreve poesia visual com as imagens que capta. De quebra, as roupas e os chapéus de Fanny Brawne (uma estilista do século XIX) são de um bom gosto indiscutível. Cortinas esvoaçantes, borboletas, campos de lavanda: tudo concorre para o estilo diáfano do filme. Mas faltou cadência, envolvimento...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O réveillon 2011 em Santo André da Bahia

Carlos Henrique Vaz Ferreira, o Duty, chegando em Santo André nesta semana para começar os preparativos do réveillon 2011 na praia das Tartarugas.
Recadinho para a Lola: advinha quem encontramos ontem por puro acaso num restaurante da Liberdade? Pois é, sua irmá Daniela, essa que está aí encostadinha no seu ombro. Propietária e dona do restaurante "Lola", na Vila Madalena -- atualmente candidata a chef do ano, aqui em Sáo Paulo. Contou que as 7 irmás estavam passeando no Caraça, em Belo Horizonte. Mundinho pequeno.
Vocês conhecem esta fruta, o mangustáo? Vi na internet que a Rainha Vitória apreciava,  motivo pela qual é  também conhecida como "fruta-da-rainha". Veio da Malásia,e aqui no Brasil é plantada no Pará e na Bahia. Lá em casa a gente adora, está em plena época, compramos quilos e quilos no Rondelli de Porto Seguro a 3,90 o quilo. Fiquei boquiaberta quando vi no Carrefour em Brasília sendo vendida a 58 reais, o quilo! Coisas de rainha...

Rising Currents

Pode ser que o temor de Seu Laurindo do mar atingir o planal-to central não seja tão infundado assim. Fez-me lembrar  uma série de maquetes que vi este ano numa exposição do Museu de Arte Moderna de Nova York (o MoMa) chamada de “Rising Currents” (Correntes em Ascensão). Como a cidade é portuária e cercada por rios é bem razoável pensar que devido ao aquecimento global o nível do mar se eleve a ponto de deixar a ilha submersa. Desde o século XVII, os colonizadores holandeses – e depois os ingleses – buscam proteger a cidade das águas que a circundam: construíram píeres para facilitar o comércio, fortificações para prevenir ataques e diques para isolar a cidade da água, elevando, gradualmente, os limites pantanosos da cidade. A ameaça de inundação atual se situa em outro paradigma, bem mais ameaçador.
Enquan-to isso, em Mel-ourne, Markus imagina e desenha outro tipo de ilhas, evoca-tivas da solidão e da desesperançada condição humana da atualidade. Por onde passo vejo os traços
desse isolamento a que parece estarmos fadados nestes tempos de cegueira para o outro e cólera individualista. Precisamos urgentemente de um sonho coletivo para voltar a nos aproximarmos.

domingo, 25 de julho de 2010

O sistema está fora do ar

A moça de verme-lho e rabo de cavalo atrás do balcão da TAM era cordial e presta-tiva; sorte nossa: não tínhamos reservas e o vôo deveria partir em menos de meia hora. Sabe-se lá o porquê, o fato era que o número do meu e-ticket fazia aparecer na tela um nome diferente do meu, talvez algum problema no sistema, ela explicava. Poucas frases são mais assustadoras para o usuário de um serviço do que “o sistema está fora do ar” e afins. Tomei coragem e sugeri que chamasse o supervisor – nossa bagagem já tinha embarcado, o tempo corria célere, como de praxe, e nós, ali, parados. Meu pequeno messias veio caminhando pela esteira rolante enquanto escutávamos a última chamada para o embarque. Deu certo – a falha era humana. Corremos para o portão de embarque – claaaro que era dos mais distantes – só que no caminho parei para comprar o jornal, o que deixou meu marido aflito. Acho que ele tinha razão: o último ônibus que transporta os passageiros para o avião estava fechando as portas, mas com um pequeno empurrão conseguimos entrar.
Deu certo – em menos de duas horas estávamos em São Paulo.
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ilustraçao de Rivaldo Barboza

saudade só existe em Português ?

Quando vocês crescerem e começarem a aprimorar a língua que se fala no Brasil, vão poder compreender o verdadeiro significado do nome de sua avó.
Meu nome é Saudade.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

um tsunami brasileiro

Na rua em que nós moráva-mos aqui em Brasília, vivia também Seu Laurindo e a mulher dele, uma senhora quieta, de interiores. Vai ver era pra compensar o verbo solto do marido. Lá em casa nós o chamávamos secretamente (e depois abertamente) de deputado. Ele ainda mora no mesmo lugar, aposentado, e com vontade de se mudar da capital federal para perto do mar, em Vitória. Chegou a anunciar a casa para vender, e já tinha em vista um bom apartamento em frente às praias capixabas. Foi quando aconteceu uma das maiores catástrofes naturais da história - o tsnunami que arrasou com dezenas de aldeias costeiras na Tailândia, Índia e Sri Lanka. Seu Laurindo nunca mais foi o mesmo, segundo os comentários dos outros ex-vizinhos.  Desistiu de morar no litoral devido ao risco de inundações súbitas e devastadoras. Presta atenção a tudo que se refere ao nível do mar. Tem tabelas comparativas das alturas das ondas em diversas localidades litôraneas brasileiras. Agora que o reencontramos,  Seu Laurindo nos olha preocupado. Está convicto de que corremos um enorme risco -- vem outro tsunami por aí e segundo ele conseguiu apurar, o sul da Bahia será uma das áreas mais afetadas. 
Se preocupa não, Seu Laurindo, se o tsnumani aparecer, a gente volta pra  Brasília numa nova Arca de Noé.
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a foto do Bacana foi enviada pela Léa Penteado  (obrigada!)
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In a second thought, lembrei de ter visto águas parecidas anos atrás, na Chapada dos Veadeiros, um lugar roots perto de Brasília. Tinha um cara lá que fabricava pranchas de surf pelo mesmo motivo: medo do sertão virar mar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Brasília em fila

Viemos à Brasília para resolver uma série de coisas de ordem prática e estamos conseguindo, malgrado o emaranhado roteiro que pode ter início na cidade-satélite do Paranoá, à procura de um vidraceiro, de um marceneiro, de um jardineiro, etc., e terminar precisando de um documento emitido pelo Detran. Foi assim que tudo começou, precisamente,  precisei transferir um carro para uma concessionária da Ford. Esta operação se completa quando a gente assina o DUT, o documento imprescindível para a venda de automóveis.  O pior é que o esqueci em Santo André (socorro). Devido ao meu descuido, Cláudio, Caio e eu ficamos um dia inteiro só para fazer a vistoria do carro.  Tá bom que perdemos duas horas da manhã  à toa, na sala-cidadão da rodoviária, estávamos no lugar errado. Fomos para o SIA, no caminho passamos na casa de minha afilhada, a Isadora, ela agora tem um filhinho. Nem deu para almoçar com eles, que pena! por causa  da fila,  a nossa senha era a de número 159. Chegamos perto do meiodia -- o tempo foi passando passando passando, com 6 vistoriadores trabalhando até a hora do almoço. À tarde ficou só um senhor vestido de azul para vasculhar uma fila insana de veículos. "Não tem previsão", foi a resposta que recebemos no guichê. Que tensão, será que chegaria a nossa vez antes do final do expediente? Quando deu 4 e meia convenci-me que estávamos perdidos, teríamos que ir embora sem ser revistados e voltar no dia seguinte. Como num filme de suspense, vi  feito um milagre o número 159 aparecer no placar eletrônico dois minutos antes das 5. Eu já tinha entrado em pânico umas 3 vezes achando que perdera o papelzinho amarelo da senha.
Este foi só o primeiro passo de uma longa marcha por cartórios babélicos -- e haja banco para sentar e horas para esperar os carimbos, os papéis, as autorizações.
Sem chance de ver caixa de entrada do email, blog, jornal.  Atrasada com as fotos dos netinhos no Facebook e com as notícias de minha cidade.  Nem sabia que o prefeito  Jorge Pontes  lá de Santa Cruz Cabrália, havia sido reconduzido ao cargo por determinação da justiça baiana. 
Isto é o que se chama um blog desatualizado.

sábado, 17 de julho de 2010

a gastronomia de Santo André

"Não tem como resistir a esse balcão da Coca-Cola, fala sério, queria um desses no meio da minha sala! E, o melhor, é que dele saem não só cocas, mas cervejas ultra geladas, mofadas, como falam. Esse balcão charmoso é uma das atrações da Pousada e Restaurante Corsário, lá em Santo André, no sul da Bahia. A pousada, que tem outros dois endereços - Paraty e Búzios - tem um restaurante super gostoso, com pratos deliciosos. Para quem vai com criança, uma atrativo extra, a Néia, garçonete atenciosa que adora bancar babá e leva um super jeito para distrair as crias.
O restaurante fica em um gramado, em frente ao rio, e tem um cardápio enxuto, mas de qualidade. Eu fui de camarão gigante com abacaxi, servido de arroz com lascas de coco. Super bem servido, super incrível. Queria comer um desses por semana..."
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A foto e o texto acima foram publicados no site www.frangocombanana.com ... as donas do blog continuam publicando matérias sobre a comida boa que temos em Santo André. Eu me dou por feliz por viver num povoado premiado pela natureza, dentro de uma Área de Proteção Ambiental,  que ainda por cima se dá ao luxo de ter bons  restaurantes -- e com visuais incríveis! De vez em quando falo isto aqui no redefurada, e fico contente quando encontro respaldo em outros blogs  ou conversando com turistas.  O restante da matéria, com fotos de dar água na boca, estão lá, ao alcance de um clique.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

o que é que a Bahia tem?

Passo por maus bocados na capital federal - chegou o tempo da terra ficar seca-cor-de-ferrugem e os lábios pocarem (pocar, aprendi há pouco tempo, significa "arrebentar como pipoca"). Ninguém sabe quando foi a última vez que choveu nem se a chuva voltará para molhar o planalto. Os ipês, é verdade, desafiam a monocromia espalhando  flor de cor: amarelo, rosa, roxo... São os Van Goghs naturebas. O dia de hoje, como  o  de ontem  foi e o de amanhã será,  deu-se em  exclusiva dedicação à resolução de problemas relacionados à administração de imóveis: jardineiro, marceneiro, corretor, contratos, reuniões. Que coisa mais chata, meu Deus dos escritórios. Meu maior sonho de consumo é ter uma secretária ou um administrador e poder ficar lá no meu Santo André com toda a Bahia a que tenho direito. Acabo de ver no visor do celular que meu filho chegou no Brasil, em São Paulo precisamente, e amanhã pega a estrada para Brasília, o lugar onde ele é nativo legítimo. Mais um motivo de inquietação, até o momento da chegada. Mãe é bicho besta, como todo mundo sabe . Para me distrair, procuro notícias baianas nos blogs. Achei uma interessante no  blog  "Escapismo Genuíno" (olha que nome original), a moça se chama Tete Lacerda e escreve sobre "viagens, comilanças (é minha cara), cultura útil e inútil, devaneios aleatórios". O post dela de hoje é sobre a Chapada Diamantina e vai por aqui:
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"Andam dizendo por aí que 2010 é um ano de mudança... Mas nos meus calendários, não há ano que não seja. No ínterim de cortar o cabelo, pedir demissão, fazer as malas e embarcar num vôo Rio – Florianópolis, passei por alguns lugares, entre eles a minha Bahia. Em busca de uma lavagem de alma.
Em busca de uma lavagem de alma fui visitar minha prima que mora no Barro Branco, pequeno vilarejo a 6 km de Lençóis, onde moravam garimpeiros da Chapada Diamantina. Hoje moram alguns soteropolitanos e muitos outros estrangeiros.
Lençóis, a primeira vista, é uma cidade de interior comum. Chão de pedra, restaurantes simples com preços de fazer qualquer um chegando do Rio se achar rico, pessoas sorridentes e simpáticas, e aquela calmaria. Mas basta dar uma volta pelo centro histórico e rua das pedras, que Lençóis já não é mais uma cidade de interior como qualquer outra."
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Se voce gostou do que a Tete escreveu ou quer conhecer a Chapada baiana, veja mais em http://escapismogenuino.wordpress.com/
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Antes de ir me anestesiar em frente à TV quero agradecer ao Divino pelo companheiro generoso que me deu...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

o Casapraia em destaque

"As matérias de turismo já publicadas sobre Santo André, na Bahia, invariavelmente falam que a praia é a nova Trancoso, que alia com o mesmo esmero o rústico e o chique, que, de Trancoso, só não tem os altos preços, blá, blá, blá... Mas o que sempre me chamou atenção não foram as comparações entre as duas, que ficam a cerca de 80 km de distância, mas o fato de em Santo André ter um restaurante tão interessante como o Casa Praia.
Já no primeiro dia, ligamos para fazer a reserva. E que delícia. O Casa Praia pertence a dois argentinos, Pablo e Amadeo, que saíram de Rosário, na Argentina, onde tinham um restaurante charmosésimo, para trabalhar em uma pousada em Santo André. O problema é que não se via o mar da cozinha e, portanto, que vantagem eles tinham em morar na praia? Foi aí que eles acharam uma casa abandonada e, aos poucos, foram a transformando em um dos lugares mais acolhedores de Santo André. Com direito, é claro, a uma cozinha com vista para o mar.."
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Esse é o começo de uma postagem que saiu no blog www.frangocombanana.com das blogueiras Fran Jubran e Rê Gallo. É um blog de peso, com 320 seguidores! Só para dar um parâmetro comparativo: o Rede Furada tem apenas 43...
O blog delas versa sobre comida e dicas gastronômicas, o nível de escrita e variedade é excelente, já coloquei nos meus favoritos. Vale a pena ir até lá e ler o resto da matéria, logo abaixo do post sobre o Casapraia tem outro sobre o Costa Brasilis. É Santo André da Bahia caindo na rede...

vida de viajante

Ontem nós pegamos nossas malinhas com algumas roupas esparsas, pasta de dente e presentes e nos largamos para o aeroporto de Porto Seguro com a intenção de embarcar para Brasília.  Não conseguimos sair do solo baiano porque o vôo estava lotado e  nós sempre utilizamos umas passagens promocionais – para parentes de funcionários da TAM – que são baratíssimas (cerca de 20% do preço da tabela). O  senão deste tipo de passagem é que não é possível fazer reservas, elas servem para qualquer dia e  para qualquer vôo, mas o embarque só acontece se houver lugar sobrando na aeronave. Como não havia lugar nem para uma mosca, nós sobramos e o jeito foi voltar para Santa Cruz Cabrália e de lá, atravessar de balsa para Santo André. Nessa trajetória prometemos carona para 4 jovens amigos que estavam voltando da escola, só que já na chegada em Santo André um caminhoneiro ofereceu carona para outros rapazes que também voltavam da escola e assim que os nossos convidados perceberam a oferta dispensaram nosso carro sem gracinha e pularam para cima do caminhão. Muito mais divertido, sem dúvida.
Bem, as malas nem foram desfeitas -- hoje vamos tentar novamente e desta vez espero ver  Brasília de cima.
Será um longo dia de aeroporto; não há vôo direto da TAM para o Distrito Federal, é  preciso fazer uma conexão em Guarulhos (SP).  Não me incomodo, adoro aeroportos, rodoviárias, docas, balsas – todos estes ambientes típicos de trânsito, de viagens.
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Deu certo.  Descemos do avião em Cumbica, já com as malas despachadas para Brasília. Acho que é a sexta ou sétima vez que piso no aeroporto André Franco Montoro  (você lembrou que é o nome oficial de Cumbica?) somente este ano, e tudo me parece bem familiar:  aquelas moças de pernas longas e olhares fatais nos cartazes dos sapatos Carmin, a lanchonete próxima ao desembarque que tem um wrap delicioso de salmão e sucos naturais – tudo caríssimo, aeroporto é um lugar onde nós, os consumidores,  somos explorados na maior desfaçatez  – a Devassa (cervejaria) no início dos portões de embarque, a banca de revistas nacionais e internacionais, os indefectíveis executivos de laptops e o povo todo falando nos celulares incessantemente. Conexão perfeita, tudo no horário. Na entrada do avião o comandante sorri, as aeromoças dizem o “boa tarde” protocolar e eu fico pensando que estas profissões tem um charme indiscutível se vistas de longe, mas de perto é diferente, com tanta viagem, hotel e falta de rotina. Este ano estamos viajando com bastante constância, a cada 40 dias saio da roça para alguma cidade grande. Sinto minha vida um tanto em suspenso, penso que preciso parar em Santo André por um período mais longo, mas sempre surge alguma coisa seja por diversão ou por obrigação.
Já dentro do outro avião tive a pouca sorte de ser vizinha de um jovem espaçoso. Rapagão bem nutrido, com jeito de frequentador de academias,  foi logo colocando o braço forte no encosto da cadeira.  Deveria ser dividido comigo, mas ele ficou com tudo. Até aí tudo bem, só que o cotovelo dele passou para dentro do espaço da minha cadeira e estava espetando minha costela. Polidamente pedi-lhe para sair do meu parco espaço – o menino não escutava porque o som que lhe entrava pelas ouvidos era tão alto que estava me incomodando. Quando não era o som do MP3 do ouvido era o joguinho eletrônico. Ainda bem que era um vôo curto, menos de 2 horas.
Aeroporto agora, só na semana que vem.

terça-feira, 13 de julho de 2010

aniversário de Vera Zippin

Estas fotos são para registrar o aniversário de Vera Zippin, uma figura aqui de Santo André. Veio para cá há décadas atrás junto com o marido, Nelson. Os dois moram num lugar especialmente bonito, debruçado sobre o rio João de Tiba onde administram um camping bem bacana, o Jambo Sana. 
Lady e Andrea. Quem fez o bolo, aliás, foi a Lady... não sabia que ela tinha dom para os doces...As fotos foram feitas pela Léa Penteado, estão um pouco escuras (foto de celular à noite, não é fácil), mas dá para ver que foi uma festa alegre e cheia de amigos.
Parabéns, Vera!

Prefeitura de Santa Cruz Cabrália

https://mail.google.com/mail/?ui=2&ik=1cb7d241c3&view=att&th=129c73b524da740b&attid=0.1&disp=inline&zwEste documento virtual está percorrendo as caixas-postais eletrônicas de um grupo de pessoas que habitam em Santa Cruz Cabrália e está acompanhando um episódio político dos mais embaraçosos e danosos para a cidade. Recentemente, o prefeito Jorge Pontes foi deposto do cargo por uma decisão da Câmara dos Vereadores, sob a alegação de desmandos financeiros e administrativos. Em seu lugar, entrou a Vice-Prefeita, Prof. Ozélia. Ora, o que este documento diz é que houve uma negociação entre as diversas facções que se opõem ao Sr. Jorge Pontes visando ao loteamento e distribuição de cargos na Prefeitura.  É um pequeno retrato da política que é feita neste País. Tristeza sem fim.

domingo, 11 de julho de 2010

a fotografia de Theo Volpatti

As fotos foram realizadas na Mongólia, um dos muitos destinos insólitos percorridos pelo Theo. Para conhecer melhor seu trabalho, visite
http://www.mongolia-darkside1.blogspot.com
http://www.stolenidentity1.blogspot.com

olha quem chegou na cidade

Iara, esta garotinha aí no centro da mesa... veio de Brasília e logo se enturmou com as crianças de Santo André: Hellen, Verônica, Emily e Júlia (de São Paulo). Preparamos um almoço especial para elas, porque além de tudo, Iara é filha de Raquel, minha sobrinha. Todas fizeram o curso de desenho (abaixo) com o Gigio, filho de Joyce, um curso que aconteceu no IASA. A galerinha adorou!Matheus e sua irmã (outra Iara) também adoram Santo André, um lugarejo onde eles têm a liberdade de pegar a bicicleta e sair sozinhos pelas ruas, sem medoenquanto isto, Gregório e Natália brincam junto aos figurinos das apresentações do IASA

notícias vindas de Santa Cruz Cabrália

 O texto abaixo veio através de um email circular. Foi escrito por um jornalista chamado Miro, do jornal Topatudo, de Porto Seguro.
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"Quando postei aqui no blog, já há algum tempo atrás, minha crença de que por trás das denúncias contra o prefeito de Cabrália, Jorge Pontes, feitas com o objetivo de apear-lhe do cargo, afirmando   que elas certamente escondiam interesses espúrios  e menos nobres,  que aquilo tudo era um jogo político, e que a suposta bandeira  de moralidade e ética levantada por alguns era apenas um truque de ilusionismo para que um determinado grupo de insatisfeitos e golpistas assumisse a prefeitura e passasse a praticar atos ainda  bem mais piores do que as meras e relativamente irrelevantes irregularidades supostamente praticadas pelo gestor petista, não faltaram protestos acalorados por parte daqueles que acham que sou algum menino e que não sei o que acontece por trás dos bastidores.
Não, eu não sou mais nenhum menino e, sem querer parecer  presunçoso, talvez conheça como poucos os mecanismos que engendram a nossa política local e regional. Conheço e conheço bem a  política. Sei quem presta e quem não presta neste meio,  além de procurar ser bastante informado e esclarecido sobre o assunto, ao qual me dedico a escrever e a descrever aos leitores dentro de princípios que para mim são inarredáveis, sobretudo o de escrever a verdade, doa a quem doer.
Jogo sujo
O que os golpistas de Cabrália fizeram contra o prefeito Jorge Pontes, por mais fraco, ruim de jogo, individualista e até mesmo incompetente  que ele fosse como gestor ou político, nada justifica, pelo menos no meu modesto entendimento,  o que a verdadeira corja de salteadores do erário público fez. O que foi feito e articulado contra  o prefeito não se faz e jamais deve ser feito, acredito eu, diante da situação em que ele havia recebido a cidade e das dificuldades por ele encontradas. Tudo isso justamente no momento em que Cabrália estava prestes a receber quase 6 milhões de reais  em obras, depois de muito tempo sem poder receber recursos federais e estaduais devido à falta da Certidão Negativa de Débitos, somente há pouco tempo conquistada pelo prefeito petista.
O golpe contra a democracia ficou ainda mais claro e evidente quando o ex-vereador Gil, pessoa ligada e até mesmo financiada por políticos interessados em desestabilizar a administração da cidade foi nomeado, logo de imediato ao golpe, secretário municipal, numa clara demonstração de que por trás dos seus arroubos pela defesa da moralidade pública estava, acima de tudo,  o interesse pessoal do denunciante em assumir o cargo pretendido. Além disso, a atitude da vice-prefeita, uma pessoa desconhecida e sem

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Belmonte - A maior moqueca do mundo

Belmonte é a única cidade de verdade para onde podemos nos dirigir sem precisar colocar o carro na balsa. Fica a 50 kms de distância de Santo André da Bahia. É lá que está a foz do rio Jequitinhonha – uma cidade pacata e isolada que se notabiliza pelo costume das charangas e um casario colonial da época que o lugar era rico e importante (a época áurea do ciclo do cacau).
Estávamos com visita em casa – Jorge Bittar, um paulista amigo de Cláudio – por isto decidimos mostrar os arredores, sem saber que justo naquele dia acontecia a terceira edição da festa chamada de “A maior moqueca do mundo”
A receita é assim:
Ingredientes
700 kgs de peixe
15 quilos de alho
65 litros de leite de coco
15 litros de dendê
12 litros de azeite
12 quilos de alho
70 quilos de cebola
Demais ingredientes. Sempre em dose suficientes para servir um batalhão.
Modo de fazer:
Convide a população e os turistas para fazer a limpeza dos peixes, depois jogue tudo numa panela especial de 1,5 metro de diâmetro e 1 metro de profundidade (só serve se for confeccionada pela Dona Dagmar, a ceramista mais conhecida do lugar), mexa, ponha pimenta ao gosto baiano e convide o Netinho da Beija-Flor para dar um show na praça da matriz.
Acompanhamento: a juventude de Belmonte, que desfila pelas ruas suas cores e alegria.
fotos de Cláudio Calmon

aniversário aniversário aniversário

O Rede Furada fez aniversário hoje. Um aniversário que não é medido por anos, mas pelo número de visitas que o blog recebe. Um bolo ou uma velinha para cada vez que muda a dezena do milhar.  Como hoje de manhã quando notei que  o contador de acessos marcava um pouco acima de 60 mil.
Agradeço a todos  – conhecidos ou desconhecidos – que partilharam comigo, mesmo que por um curto instante, uma imagem, uma palavra, uma lembrança de Santo André. E como se trata de Bahia, transcrevo um trecho de um bilhete de Dorival Caymmi para seu irmão, conforme consta num livro de Jorge Amado.  Acho que passa um pouco do espírito do lugar que meu companheiro e eu escolhemos  para viver a maturidade de nossas vidas.
“O tempo que tenho mal chega para viver: visitar Dona Menininha, saudar Xangô, conversar com Mirabeau, me aconselhar com Celestino sobre como investir o dinheiro que não tenho e nunca terei, graças a Deus, ouvir Carybé mentir, andar nas ruas, olhar o mar, não fazer nada e tantas outras obrigações que me ocupam o dia inteiro. Quero te dizer uma coisa que já te disse uma vez: a Bahia está viva, ainda lá, cada dia mais bonita, o firmamento azul, esse mar tão verde e o povaréu.”

quinta-feira, 8 de julho de 2010

aposentar e morar na praia


Pois é,  aqui estou eu aposentada e morando num bonito povoado de pescadores no sul da Bahia como sempre sonhei. Durmo com o som do mar batendo na porta do quarto e acordo sem lenço e sem documento sentindo a presença da pessoa amada e ouvindo o trinado dos irrequietos passarinhos na ramagem do ingazeiro no quintal.  Mas, como é sabido até pelo mundo mineral, nem tudo do cotidiano no paraíso funciona bem: ainda ontem tomei uma ducha de água fria quando quis tomar o banho matinal.   Não tinha água nem para escovar os dentes, só umas gotinhas desanimadas saíam das torneiras. 

Preâmbulo para explicar o que vem a ser a água em Santo André.

Existe “água encanada”, e já vou explicar o motivo das aspas. Trata-se de uma enorme caixa d’água azul e coletiva que fica plantada na encosta do morro e é abastecida com a água de um poço artesiano conduzida até lá pela força de uma bomba elétrica.  Uma rede subterrânea de canos conduz a água para as casas da aldeia. Quem faz a manutenção destes mecanismos são os moradores daqui, uma vez que o poder público é relapso. De vez em quando falta a “água da rua” (é assim que nós a chamamos), por isto muita gente tem seu próprio poço no quintal.  Além disso,  a “água da rua” por vezes chega em casa parecendo o refrigerante Fanta laranja. É que o teor de ferro neste solo onde pisamos é altíssimo, tornando a água insalubre para o consumo humano. Para beber, só água fervida ou mineral. Por outro lado, quando fizemos a análise química da água do nosso terreno constatamos que é limpa, não havia traço algum de bactérias nem impurezas biológicas.
Faz agora um ano e meio, chegou na vila uma empresa contratada pela Prefeitura de Cabrália. Vinha para fazer uma nova rede de encanamento e providenciar o tratamento da água.  Embora a notícia fosse alvissareira, o momento escolhido para abrir os buracos na rua não foi dos mais felizes: na véspera do réveillon! Para um povoado que vive basicamente do turismo foi terrível... era uma desolação ver as ruas esburacadas  e os montes de terra espalhados por todo lugar, bem na hora da chegada dos visitantes... E o pior,  trocaram a rede mas  não fizeram o tratamento da água --  até hoje estamos esperando.Aqui em casa temos um reservatório enterrado no quintal, com capacidade para 5 mil litros. Fizemos a conexão com a “água da rua”, deixamos decantar e tratamos com cloro. Este esquema doméstico também sofre a erosão causada pela maresia, de vez em quando uma peça enferruja e tome trabalho até a água voltar a correr pelos canos...
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a foto dos barcos com arco-íris é de Cláudia Schembri

terça-feira, 6 de julho de 2010