segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mostra de Cinema Internacional de São Paulo


Depois de várias tentativas frustradas, finalmente conseguimos vir para São Paulo na época do festival de cinema. A mostra de cinema daqui tem prestígio internacional, é a mais antiga no Brasil e se transformou em referência para a descoberta de cineastas e novos talentos na cinematografia mundial. Não sabia bem o que esperar desse evento: como seria passar duas semanas vendo o máximo de filmes possível num repertório de 250 títulos?  A primeira decisão foi escolher o tipo de credencial – optamos por uma que nos permite ver filmes entre oito da manhã e seis da tarde, de segunda a sexta-feira. Achamos que dois filmes por dia está de bom tamanho para nós. Tem gente que consegue ver 4 ou 5 filmes por dia!
Até agora, nossa lista de filmes assistidos está assim: 
 ELENA  (Rússia)
Diretor  Andrey Zvyagintsev
Um casal de meia-idade com passados diferentes. Ele é um homem rico e frio; ela, uma mulher doce vinda de uma família modesta. Eles se conheceram tarde na vida, e cada um deles tem filhos de casamentos anteriores. O filho de Elena está desempregado, incapaz de sustentar a família, sempre pedindo dinheiro para a mãe. A filha de seu marido é uma jovem negligente que mantém uma relação distante com o pai. Até que Vladimir tem um ataque do coração e é levado ao hospital, onde percebe que não lhe resta muito tempo. Um encontro breve e afetuoso com sua filha o leva a tomar uma decisão importante: ela será a única herdeira de sua fortuna. De volta pra casa, ele anuncia a decisão a Elena, que perde as esperanças de ajudar seu filho. Até então tímida e submissa, Elena bola um plano para dar a seu filho e seus netos uma chance na vida.
COMBAT GIRLS (Alemanha)
Diretor  David Wnendt
Marisa, uma jovem alemã de 20 anos, odeia estrangeiros, judeus, policiais e todos aqueles que considera culpados pela decadência de seu país. Ela pretende tatuar um retrato de Adolf Hitler no braço e só se sente em casa junto à gangue neonazista da qual faz parte. O ódio, a violência e as festas pesadas fazem parte de sua rotina. Quando Svenia, uma jovem de 14 anos, se junta ao grupo, Marisa se torna seu modelo de conduta: ela representa o ideal de combatente que luta pelos princípios da gangue. Mas suas convicções são questionadas quando ela acidentalmente conhece um jovem refugiado afegão.
INOCÊNCIA (República Tcheca )
Diretor  Jan Hrebejk
Tomás é um médico respeitado que trabalha em uma clínica de ponta. Ele leva uma vida confortável com sua família – sua bela mulher e sua filha adolescente, em quem vê traços dele. Eles moram em uma casa grande de um bairro luxuoso. Um homem no auge de sua vida, no centro de todas as coisas que acontecem ao seu redor. Um dia, de repente, Tomás é acusado de um crime. Perde a liberdade e a confiança de todos – e os nós que o amarram ao mundo começam, um após o outro, a se desatar.
TATSUMI (Cingapura)
Diretor  Eric Khoo
Animação
No Japão ocupado do pós-guerra, a paixão do jovem Tatsumi pelos quadrinhos torna-se fonte de sustento para sua família. Com trabalhos publicados já na adolescência, ele sente-se ainda mais inspirado após um encontro com seu ídolo, Osamu Tezuka, mangaká (cartunista) japonês no estilo Disney. Apesar do sucesso, Tatsumi começa a questionar a produção de quadrinhos japoneses da época: desenhos fantásticos e bonitinhos direcionados ao público infantil. Em 1957, ele cunha o termo gekiga (imagens dramáticas) e redefine o cenário de mangás, criando um gênero alternativo para adultos. Realista e inquietante, o trabalho de Tatsumi começa a abordar os aspectos obscuros da vida. Baseado na graphic novel autobiográfica “A Drifting Life” e em outras publicações de Yoshihiro Tatsumi.

Nº. 89 SHIMEN ROAD  (China, Holanda )
Diretor  Haolun Shu
No final dos anos 1980, em Shangai, um menino de 16 anos, Xiaoli, faz aniversário cercado por seus vizinhos e seu avô. Sua melhor amiga, Lanmi, é alguns anos mais velha do que ele. Mas Lanmi lentamente se afasta, atraída pelas novas oportunidades que aparecem com a abertura do mercado chinês para itens importados e homens de negócios. Ao mesmo tempo, os eventos de 1989 forçam Xiaoli a crescer e deixar para trás seus sonhos de infância.


FIM DE SEMANA Á BEIRA-MAR  (França )
Diretor  Pascal Rabaté
O fim de semana finalmente chegou e todos se dirigem para o litoral. Dois aposentados num carro em baixa velocidade, donos um chalé do tamanho de uma caixa de sapato, cruzam com um casal de punks apaixonados vivendo numa casa desenhada na areia. Dois impostores jogam golfe próximos a uma procissão funerária, um representante de guarda-chuvas encontra sua amante num hotel, e a vida de dois casais infelizes vira de cabeça pra baixo por causa de uma pipa perdida. Encontros bizarros e engraçados acontecem durante o fim de semana na praia.

The Forgiveness of blood  (Albânia)
Diretor: Joshua Marston
A história baseia-se no Kanun e nas vinganças entre famílias na Albânia, que inspiraram o romance de Ismail Kadaré, adaptado por Walter Salles. O adolescente Nik (Tristan Halilaj) está com o pai Mark (Refet Abazi), num bar, quando ele entra numa briga com membros de uma família rival. Todos os dias, Mark passa com sua carroça numa estrada que atravessa as terras de Sokol (Veton Osmani). Depois da discussão, Sokol fecha o caminho. Mark vai com seu irmão tomar satisfações, e os dois matam o sujeito. A partir daí, para mostrar respeito, ninguém da família pode deixar a casa. Os membros masculinos, inclusive Nik e o pequeno Dren, estão ameaçados de morte. Na entrevista coletiva que se seguiu à exibição, o ator Tristan Halilaj disse que essa ainda é uma realidade na Albânia, mas não tanto quanto no passado. “O Kanun não tem sido usado muito. Mas ainda há famílias que são afetadas.” O diretor Joshua Marston afirmou que não quis representar a Albânia como um país medieval. “Quis falar justamente do conflito entre essa tradição, que está sendo combatida, e a modernidade.”



GROMOZEKA (Rússia)
 Diretor  Vladimir Kott
 Na Moscou dos dias atuais, três amigos de infância de 40 anos, antigos músicos da banda da escola, tocam suas rotinas de policial, taxista e cirurgião. Eles perderam contato e vivem histórias paralelas de traição, amor e envelhecimento. Até que seus caminhos se cruzam e suas vidas se conectam novamente. Mas eles não percebem essa ligação, mesmo quando se reencontram para tocar na festa de aniversário de sua formatura.
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E ainda assistimos a "Medianeiras" (a força e a inventividade que vem do cinema argentino) e um filme brasileiro chamado "Meu País"...
(as sinopses são do catálogo da mostra, merci).

Um cinéfilo a toda prova

Desde a primeira sessão, notamos este senhor aí ao lado que está sendo entrevistado pelo Jô Soares. Está sempre no Cine Cultura e parece ser bem conhecido: as pessoas lhe pedem opinões sobre os filmes (nós, inclusive). É difícil escolher entre tantas fitas, principalmente porque os filmes são inéditos e as referências praticamente se resumem as sinopses constantes do catálogo.
"Sérgio de Oliveira tem 74 anos, é advogado aposentado e cinéfilo. Assistiu a 16.660 filmes que tem anotados um a um, dia a dia, desde 1949. São mais de 41 volumes de 200 páginas com anotações.  Ganhou até o apelido da  "Enciclopedia do Cinema". Ele não considera um hobby, mas uma paixão pelos filmes – assiste de 2 a 3 por dia. Sem gaguejar, o cinéfilo desfila as preferências de filmes e nomes de diretores, atores e atrizes.  Além disto,  já ganhou concursos com suas frases e um dos prêmios foi viajar em um transatlântico com o Roberto Carlos." (Folha de São Paulo)
Sérgio é um verdadeiro campeão...  Por meu lado, já sei que não vou repetir o feito.... Prefiro ver os filmes mais devargazinho, com um certo ritual... Exatamente como lá em Santo André da Bahia... A gente sabe de antemão os dias de cinema no Casapraia, são dois por semana, tranquilo. Esse ritmo de festival é intenso demais para mim. Hoje tiro férias e não vou ao cinema, pronto.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Jô Soares: As Esganadas

.... e a Mostra de Cinema de São Paulo continua nos levando ao cinema duas vezes por dia... este aglomeramento em frente à Livraria Cultura foi devido à presença de Jô Soares para uma noite de autógrafos... tentei inutilmente conseguir uma foto nítida do humorista; por outro lado, um senhor de cabelos brancos passou tranquilamente pelo cordão de isolamento alegando a idade... tentei imitá-lo, mas comigo não funcionou porque eu não havia comprado o livro (já folhei os livros dele e não gostei...)
desisti da empreitada de fotografar "um famoso por dia" e me afastei pela saída lateral... qual não foi a minha surpresa ao ver o Jô de pertinho... a pressão dele subiu, começou a passar mal, saiu da sala para respirar ar puro na Alameda Santos.. aproveitei e bati a foto...

Ah! ... era apenas um sósia parodiando o Jô... para um programa humorístico ("Pânico na TV?") Tudo fake...
... voltei aos meus modelos prediletos: os anônimos de São Paulo....

em qualquer tom

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Instituto ALGUÉM

Esta menina se chamava Ana Luiza, uma garota marota, inteligente e divertida que aportou na nossa casa de São Paulo em outubro do ano passado trazendo no corpinho delgado uma doença fatal. O primeiro post que coloquei sobre a história dela permanece aqui 
Debalde a coragem exemplar, Ana Luiza perdeu a batalha, talvez porque, como diz o poeta Fernando Pessoa
"A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida."


Ao invés de se deixar abater pela dor, Marcos e Carol, os pais de Ana Luiza, juntaram forças com outro casal, Soraya e Paulo Wallace, que também perderam uma menininha, a Giulia. Criaram o Instituto ALGUEM: Ana Luiza e Giulia Unidas Em Missão, com o objetivo de dar apoio emocional e financeiro a outros pais que tiveram seus filhos diagnosticados com câncer. 
 "Corremos contra o tempo. Hoje já temos um Instituto formado com marca registrada, muita gente querendo ajudar e o principal é que nós já temos aqui mães de crianças que estamos ajudando", destacou Carolina, fazendo referência as histórias de Tiago e Fabrício, de 13 e 8 anos respectivamente, os quais já estão tendo assistência necessária para o tratamento.
Os interessados em contribuir de alguma forma com o Instituto podem entrar em contato através das redes sociais e do próprio site. Um dos aspectos mais tocantes das histórias de Ana Luiza e Giulia Wallace foi a mobilização gerada em torno delas. A mais conhecida foi aquela que inundou as redes sociais e fez com que centenas de pessoas decidissem doar sangue em pleno carnaval.
e-mail: contato@alguem.org
website: http://www.alguem.org
Marcos Varela Calmon, no ato de inauguração do Instituto, em Manaus

São Paulo S.A.

 faz três dias que lavo pratos vendo este anônimo malabarista pintar o prédio vizinho com as latas de tintas agarradas às pernas
cena doméstica: Cláudio e Caio às voltas com os parafusos da mobília nova


prédios da Paulista, eternos mutantes

Seu planeta compartilhado, 2011. É o título da obra do artista dinamarquês Olafur Eliasson, colocado no Belvedere da Pinacoteca (terraço do museu). Uma espécie de telescópio, com vidros de filtros coloridos e espelhos que transformam a Avenida Tiradentes num caleidoscópico esférico. É assim que o artista propõe ao visitante um outro olhar sobre a cidade.
Pinacoteca do Estado: um espaço mágico de São Paulo
saí da Pinacoteca e me dirigi para a  Estação de metrô da Luz, onde presenciei uma cena habitual: o cochicho rápido da  mulher (a moça de cintura nua) com um homem qualquer (no caso, o rapaz de camisa listrada e boné vermelho) negócio fechado, dirigem-se para o outro lado da Estação.


sábado, 22 de outubro de 2011

...enquanto isso, em Santo André da Bahia

a pizzaria Varanda completa três anos e faz festa de comemoração
essa festa... lamento ter perdido... tanta gente querida... além da pizza que é de primeira
Regina voltou para o Guaiú

os camarões da praia continuam fresquinhos e crocantes (foto de Amado Gio)
a Chloe se enturma com as meninas do CCC (setembro)

e os sobrinhos paulistanos, Paulo e Lívia deixaram saudades...
enquanto o nosso "Zé" está em temporada de luxo, na Pousada da Ponta de Santo André, sob os cuidados do próprio dono... Ôooo cachorrinho exibido...rsrs
até já conseguiu namorada.... espero que o dono da Maria consinta no casamento... vamos combinar, Gabriel...

Levando os LPs da Gal para passear (Scovino)

Sabe aquele tipo de baiano que nasceu no Rio por descuido da cegonha? Tudo indica que é o caso de Arthur Scovino, um homem de seus 30 anos que saiu da  da Guanabara para mergulhar fundo na Bahia de Todos os Santos, envergando um projeto artístico que investiga a cidade, a cultura e a linguagem de Salvador. Afinidades eletivas que se revelam na fotografia, na pintura, em performances, videoarte; e em boas idéias.
O redefurada saiu a campo para entrevistá-lo. Como se sabe, na geração pós-facetudo não é preciso se conhecer nem se encontrar pra conversar. Lugar e tempo no virtual são rochas ambulantes a vagar num mar coberto de nuvens de gigabytes vaporosas.
Gal  foi ao Dique do Tororó
(rede)
-  Arthur, explica pra gente como lhe ocorreu essa idéia de “Levar os LPs da Gal para passear” ?
(arthur)
- Tudo começou no dia 27 de maio quando andava pela Praça do Campo Grande em Salvador e parei para ver o movimento dos fãs de Ivete Sangalo que se aglomeravam na entrada do condomínio onde mora a cantora. Lembrei dos anos 80 e do sucesso popular de Gal Costa, que mora no mesmo prédio. Imaginei os fãs de Ivete exibindo LPs, ilustrando e colorindo aquela tietagem performática. Pensei em entrar no meio deles empunhando vinis de Gal Costa...
Gal no Varal
(rede)
 - E  levou a idéia adiante...
(arthur)

 - Sim. Desde esse dia levo os elepês de Gal para passear comigo, para que respirem novamente os ares das ruas. Tornei-me uma exposição ambulante pelas ruas das cidades.  Seja lá para onde for, carrego os vinis da cantora. Em casa, deixo os discos na janela, à vista de todos.
Scovino e Gal no Porto da Barra, em Salvador
(rede)
- De onde surgiu a paixão pela GaL?
(Arthur)
- Desde pequeno preferia guardava o dinheiro dos brinquedos para comprar discos. Aos nove anos eu fui ao supermercado e comprei o disco Plural da Gal.
Gal no Teatro Amazonas, de Manaus
Gal correndo na Ilha de Maré
 (rede)
- Até quando pretende passear com Gal?
(Arthur)
Até o lançamento do novo disco previsto para esse ano de 2011. A baiana promete para setembro um novo disco, o primeiro desde 2006, só com composições inéditas de Caetano Veloso, feitas especialmente para a sua voz. Gosto de observar como os artistas se comportam ao longo do tempo, como suas obras mudam.
(rede)
- Você e seus amigos levaram a Gal pra passear por onde?
(Arthur)
Por toda Salvador, Santo Amaro da Purificação (claro), Campinas, Petrolina, Manaus, Portugal, Rio... Em São Paulo levei os discos até para a Oscar Freire, rua que concentra as maiores grifes mundiais, mas as pessoas pouco olharam. Comentar, então, nem pensar. Minhas idéia é incentivar as pessoas a fazer parte de sua performance. Quanto mais, melhor. As fotos são postadas no blog http://elepesdegal.blogspot.com/.
Gal com amigo
(rede)
- Você tem uma listinha das preferidas da Gal? 
(arthur)
Tarefa difícil. Não falo por ser fã, ou conhecer bem a obra de uma das maiores artistas da música popular, mas pela diversidade e riqueza de seu repertório. Gal é conhecida por cantar muito bem todos os tipos de música. Por isso mesmo é difícil fazer uma seleção de dez, vinte ou trinta canções que represente sua obra. Farei uma seqüência muito pessoal, por ordem de lançamento, levando em conta aquelas que, sempre que ouço o disco, volto para ouvir mais uma vez...
Gal em Copacabana
Baby (“Gal Costa” – 1969)
Vapor Barato (ToTal – A todo vapor - 1971)
Índia (índia – 1973)
Flor de maracujá (Cantar – 1974)
Borzeguim (Minha voz - 1982)
Chuva de Prata (Profana – 1984)
Dindi (Rio Revisited – 1987)
Odara (Mina d’água do meu canto - 1995)
Aquele frevo-axé (Aquele frevo axé – 1998)
Santana (Hoje – 2005)
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todas as fotos deste post saíram do blog do Scovino pra passear em Santo André da Bahia
Gal até debaixo d'água (foto de André Cerqueira)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As aventuras das linhas de Saul Steinberg


O vôo para São Paulo foi retardado pelo pé-d’água que desabava sobre Porto Seguro e impediu o avião da TAM de pousar. As horas de atraso foram compensadas pelo simples fato de estarmos num aeroporto, um espaço tão adorável quanto uma estação de trem ou um cais de porto. Viagens: um prazer sempre renovado. A alegria de reencontrar o Caio, o Antônio, os amigos de Santo André da Bahia que moram na capital.  Abrir os cadernos culturais e sentir vertigem só de passar os olhos pela lista de atrações da temporada artística. 
Comecei meu roteiro na Pinacoteca com as Aventuras das Linhas de Saul Steinberg, o mais famoso, o mais paradoxal e ao mesmo tempo o mais humano dos desenhistas humorísticos surgidos da arte moderna. Um escritor que desenhava contos com linhas e outros elementos gráficos. Conheci-o nas páginas da revista The New Yorker. Saí com um sorriso no rosto: seus desenhos, aparentemente simples, são lindos e divertidos.
 "Vista do mundo a partir da Nona Avenida" lápis, tinta, lápis de cor e aquarela sobre papel. Para uma capa da The New Yorker, de 1976. A imagem é uma forma bem humorada de mostrar como os habitantes de New York enxergavam o mundo.
Um comentário do Veríssimo diz que "Steinberg gostava de produzir papéis pseudo-oficiais – diplomas, certificados de premiação, passaportes completos – para os amigos, caprichando nas assinaturas pomposas e nos carimbos ininteligíveis. Era a sua maneira de ironizar o mundo protocolar e o oficialismo repressivo da época. Gostava de contar que tinha se tornado “Dottore in Architetura” em 1940 sob o regime fascista, e que no seu diploma, concedido em nome de Victor Emmanuel III, rei da Itália e da Albânia e, graças a Mussolini, imperador da Etiópia, estava escrito “Steinberg, Saul… de razza Ebraica”. 
O desenho acima é uma "página do diário perdido de Rimbaud", totalmente fictício. Foi fabricado na prancheta de Steinberg.
O pessoal que trabalha com moda adora o modo como ele representa as roupas, chapéus e sapatos em seus trabalhos. Steinberg ria das madames em desfile...
ironia, uma marca
"Bucareste" (detalhe)

São Paulo Companhia de Dança

"Theme and variations"
 Ontem à noite fui ao Teatro Sérgio Cardoso com a Malu Moraes para ver esta jovem companhia, cuja diretora, Inês Bogéa, foi bailarina do Grupo Corpo durante 12 anos. Ela, e Iracity Cardoso, fizeram muito nestes três anos: selecionaram, treinaram e contam em seu elenco com bailarinos de primeira grandeza, além de manter no repertório obras de coreógrafos clássicos e contemporâneos.
O folheto do espetáculo descreve as três obras do repertório: Supernova, coreografia do jovem alemão Marco Goecke que estreou no mês de agosto, além de Gnawa, de Nacho Duato e Theme and Variations, de George Balanchine. Esta última peça consiste em 12 variações, nas quais os bailarinos apresentam os temas que serão retomados ao longo da coreografia. No desenrolar da obra, o casal principal intercala sua participação com o corpo de baile, que dá força ao trabalho e sustenta a obra. Os bailarinos entram dois a dois e aos poucos a cena está montada para outro momento particular, a polonaise, quando os 13 casais se preparam para uma diagonal, na qual a música ascendente de Tchaikovsky faz com o que corpo fique suspenso por alguns instantes.
A remontagem de Theme and Variations para a São Paulo Companhia de Dança é assinada por Ben Huys, e os figurinos foram executados por Tânia Agra, que criou “espartilhos mais curtos e bandejas de tutus menores para que as bailarinas pareçam mais longas para a remontagem”.

... os cataventos de água no início da peça "Supernova" fazem a platéia suspirar... che bello!

"Qual o seu último passo antes de ser engolido pela escuridão? É essa a questão que norteou Marco Goecke na montagem de Supernova, que estreou em 2009, com o Scapino Ballet, em Rotterdam. Nesta peça, montada para sete intérpretes – três mulheres e quatro homens – o interesse do coreógrafo está no instante em que as luzes aparecem e desaparecem na cena e o que se instaura neste intervalo.  Para Goecke, que utiliza recursos de fogo em cena, é preciso tornar o impossível, possível."
"Nacho Duato se inspirou na natureza valenciana, cercada de mar e sol, e em aromas, cores e sabores mediterrâneos para criar Gnawa. Os gnawas constituem uma confraria mística adepta do islamismo. Está presente em Gnawa o reiterado interesse de Duato pela gravidade e pelo uso do solo como elementos fundamentais na constituição de sua dança. Esse interesse se renova no tom ritualístico que envolve o transe musical que conduz a (e é conduzido pela) movimentação dos corpos."