quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ontem não te vi em babilônia

Tens razão, não pude comparecer ao encontro marcado, precisava viajar para a Armênia em missão: DETRAN. Transferir um automóvel registrado na Bahia para a cidade de São Paulo. Preparei-me de antemão lendo as instruções "passo-a-passo" que encontrei na rede. Foram cinco horas de formulários, carimbos, pagamentos de taxas, vistoria e absurdos - Kafka teria ficado feliz. Uma das etapas era decalcar os números do chassis e do motor do veículo - essa tarefa é feita por dois sujeitos estacionados na calçada lateral; foram eles que preveniram:
- Cuidado com os vistoriadores novos; não estão aceitando os decalques, exigem um laudo fotográfico que custa uma nota
Dito e feito: o vistoriador do Detran quis ver as fotografias do motor. Meu marido argumentou que chegara há pouco da Bahia, não sabia andar direito em São Paulo, tudo é tão difícil por aqui...funcionou (em parte)
- Então vocês precisam ir até o cartório do Bom Retiro fazer uma declaração da proprietária dizendo que se responsabiliza pelo número do motor que consta no decalque
Igreja Armênia, na Avenida Santos Dumont (foto da internet)
Três ruas  na direção da Igreja Central Armênia, vira pra esquerda, continua até o número cinquenta e sete: chegamos no cartório. O atendente magrinho de óculos grossos é dessas pessoas que preferem dificultar a vida dos cidadãos; foi logo afirmando que a identidade estava danificada, não servia. Mostrei a carteira de habilitação. Servia.  Preenchi o cartão com as assinaturas de reconhecer firma e assinei a declaração para o Detran na frente dele.
- Não confere.
-  Comassim? moço... você mesmo me viu assinando aqui no balcão...
Foi preciso repetir tudo, cartão e declaração. Na hora de pagar o serviço, a pergunta inusitada do caixa
- Cadê a segunda via da senha?
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A história é enfadonha, malgrado o final feliz: no último instante conseguimos entregar a papelada no guichê dezessete cujo rosto atrás do vidro nos deu um protocolo para pegar a nova documentação e a placa do estado de São Paulo. Fica pronto em dois dias.
Affffffff
A burocracia é inimiga da solidariedade.
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A estação de metrô Armênia é uma homenagem da cidade de São Paulo aos imigrantes  que para cá se dirigiram no começo do século vinte fugindo do genocídio praticado pelos turcos. Na década de 1980, uma grande mobilização da comunidade armênia conseguiu convencer o então governador Franco Montoro a alterar o nome da Estação Ponte Pequena do metrô para Armênia, que a esta altura já era associada pelos paulistanos com este povo devido à concentração de moradores e estabelecimentos comerciais armênios na vizinhança.
Um grande quadro expõe os nomes daqueles que ajudaram financeiramente na construção da igreja. Os sobrenomes dos armênios terminam sempre com IAN
(revista Época)
Em 12 de novembro de 1985, a nova Estação Armênia foi inaugurada. Há referências ao povo, como a inscrição de poemas no idioma ancestral e duas khatchkarer (cruzes de pedra) do lado de fora, acompanhadas do alfabeto armênio.
O colorido dos afrescos e os lustres de cristal chamam a atenção. Ao lado do altar, estão as imagens de Judas Tadeu e Bartolomeu, os santos que levaram o cristianismo à Armênia. No centro do altar, uma Madona com o menino Jesus, comum em igrejas armênias. 
(Época)

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