A construção da hidroelétrica de Belo Monte tem
gerado discussão, paixão e polêmica – geralmente condenatórias à obra. Para
contrabalançar, deixo aqui um artigo em DEFESA de Belo Monte, escrito por Caio
Botelho, uma liderança no movimento estudantil universitário no estado da
Bahia. É autor do blog Soletrando a Liberdade.
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“Ao longo de cinco séculos as riquezas deste país
vêm sendo saqueadas com pouco benefício para o povo brasileiro. O maior inimigo
da natureza é a desenfreada sanha dos capitalistas de plantão pelo lucro,
prontos para destruir tudo o que vêm pela frente, sem nenhum critério ou
controle.
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"Lavadeiras do rio Piabanha" tela de Carlos Gomes |
Por outro lado, existem os que defendem que os
recursos naturais devem permanecer intocáveis, e que qualquer ação humana deve
ser interpretada como uma grave agressão ao futuro da humanidade. Em regra, os
defensores desse ponto de vista são pessoas de classe média e moradores das
grandes cidades. Parecem ignorar o fato de que, em regiões como a floresta
Amazônica, vivem milhões de brasileiros que têm tanto direito à saúde,
educação, moradia e vida decente quanto eles.
É muito fácil, por exemplo, criticar a construção
de uma estrada quando não somos nós que temos que passar dias e noites em um
barco para chegar a um hospital. É simples
se opor à construção de uma usina hidroelétrica quando temos energia em casa
para assistir confortavelmente a um jogo de futebol ou aos últimos capítulos da
novela.
Os dois posicionamentos não levam em conta a
necessidade de desenvolver o país e a melhoria da vida do povo. Desconsideram o
fato de que é possível explorar de forma responsável a natureza, evitando a sua
destruição.
E é nessa seara que se encontra a polêmica sobre
a construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, que será
a terceira maior do mundo, atrás apenas de Três Gargantas e Itaipu. Pronta, terá a capacidade de produzir em torno de 10%
da demanda nacional de energia elétrica.
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Três Gargantas - China |
Existe uma verdadeira campanha de
desinformação contra a construção de Belo Monte, baseada em
frases ocas (embora bonitas) e em informações falsas. Os atacantes se valem muito
mais do apelo emocional do que de dados concretos.
Até um vídeo com atores do elenco global foi
produzido e difundido nas redes sociais.
Os pobres coitados, na ânsia de se apresentarem ao grande público como
“politicamente corretos”, apressaram-se em ler um roteiro pronto sem se dar
conta da coleção de mentiras que falavam.
Mas o pior é que muita gente acaba caindo
nesse conto do vigário e defendendo algo que não conhece a fundo. Por pura
ingenuidade. Basta pesquisar sobre Belo Monte para termos acesso a um conjunto
de informações que desmentem os “profetas do apocalipse”.
É mentira, por exemplo, o fato de que as
comunidades indígenas teriam suas aldeias alagadas ou que a construção da Usina
traria prejuízos ao Parque Nacional do Xingu.
No caso dos indígenas, nenhum – repito, nenhum –
dos oito grupos étnicos que vivem nas regiões próximas à futura Hidroelétrica
(a saber, os kayapós, araras, arareutes, apidereulas, jurunas, maracanãs e
munducurus) será obrigado a mudar-se e nem terão suas aldeias inundadas.
Alguns, inclusive, são favoráveis à construção da Usina.
E sobre o Parque Nacional do Xingu, um dos nossos
maiores patrimônios e que deve ser preservado a todo custo, uma rápida olhada
no mapa é suficiente para perceber quão risível é a alegação de que esse
tesouro nacional seria ameaçado por Belo Monte: o Parque fica no estado do Mato
Grosso, a mais de 1.300 quilômetros da Usina.
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ritual de dança do Kuarup, na reserva do Xingu |
Mas porque não investir em outras fontes de
energia limpas, mais baratas e eficientes, como a eólica e a solar?
Porque, além
da energia gerada por uma hidroelétrica ser igualmente limpa, essa estória de que
energia eólica e solar é mais barato e eficiente não passa de um conto
da carochinha. Para produzir a quantidade de energia de Belo Monte seriam
necessários investimentos duas vezes maiores em energia eólica, e sete vezes
maiores em energia solar. Sem contar que essas fontes energéticas são instáveis
e suscetíveis às variações climáticas. Investir em energia eólica ou solar na
região amazônica seria tão inteligente quanto temperar o feijão com açúcar. O Norte
do Brasil abriga a maior bacia hidrográfica do planeta.
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tela de David Hockney - "Totem caído" |
Claro que impactos ambientais serão causados pela
construção de Belo Monte. Não podemos esquecer que a humanidade, pelo simples ato
de existir, já produz
transformações na natureza. O que se deve fazer é avaliar se a
contrapartida oferecida à sociedade vale a pena.
O fato é que o Brasil, pela primeira vez na
história, está conseguindo crescer e distribuir renda ao mesmo tempo. E é claro
que esse desenvolvimento e a ascensão social de dezenas de milhões de
brasileiros aumentaram radicalmente a demanda energética, que continuará a
crescer nos próximos anos.
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Sempre é bom lembrar que foi a ausência de
investimentos no setor que causou uma grave crise de energia entre 2001 e 2002,
responsável pelo desaquecimento da economia, aumento da conta de luz, apagões e
prejuízos incalculáveis ao país. Sem Belo Monte, em pouco tempo poderemos
novamente nos deparar com uma situação semelhante.
É preciso também desconfiar de
personalidades irresponsáveis que tentam se promover à custa de discussões tão
caras ao nosso povo. Enquanto Marina Silva discutia o assunto em um debate
promovido por FHC em São Paulo, ou enquanto o cineasta James Cameron e a atriz
Sigourney Weaver participavam de um ato contra Belo Monte em um hotel cinco
estrelas de Manaus, o governo brasileiro fazia mais de 30 audiências públicas
com as comunidades afetadas. Fruto dessas discussões, firmou-se o pacto de que
quase R$ 4 bilhões serão investidos em ações socioambientais na região.
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a atriz Sigourney Weaver, no filme "Avatar" |
O discurso fácil ignora a
opinião de milhares de moradores que serão deslocados das palafitas onde moram
atualmente para casas decentes. E deixa passar, como mero detalhe, os mais
de 20 mil empregos diretos e indiretos gerados pela Usina, todos na região, uma
das mais que mais sofrem com o desemprego e a pobreza no país.”
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é conveniente lermos opiniões diferenciadas antes de formar uma opinião sobre questões complexas...
(por ser muito longo, o artigo foi ligeiramente sintetizado)
(por ser muito longo, o artigo foi ligeiramente sintetizado)
4 comentários:
A energia de Belo Monte é uma demanda local?
a quem pertence as fotos? Pergunto de quem sao os créditos? seus?
Oi, Adriana!
As fotos não são minhas, achei na internet.
Abracos
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