Descobri recentemente que Juracy não era baiano verdadeiro – nascido em
Fortaleza, fez carreira na Bahia após ter sido enviado por Getúlio Vargas para ser o interventor
no Estado, em 1931. Na tenra idade de 26 anos: imagine o despeito despertado
nos poderosos da política baiana, cuja autoestima andava em queda desde que Salvador perdera a
condição de capital do país. Chamavam o Juracy de “político imberbe” e “energúmeno
interventor forasteiro”. Juracy estava apenas começando uma longa carreira para
o topo das hierarquias.
Ele era uma
lenda do “tenentismo”, a articulação político-militar
formada por oficiais de patentes menores que, aliados às oligarquias do Rio
Grande do Sul e de Minas Gerais puseram em marcha a chamada Revolução de 30 e
desmontaram o poder político do que conhecemos como República Velha. Queriam o fim
das fraudes eleitorais e do voto de cabresto, clamavam contra a corrupção e contra as
oligarquias carcomidas pelos vícios do poder. Os tenentes acenderam esperanças no povo. Juracy
chegou em Salvador para mandar, depois de se empenhar na queda de cinco
governadores. De lenços vermelhos, seus
soldados foram recebidos com flores e festa popular. Os salões da sociedade
baiana não gostavam do Juracy, mas nas ruas ele era rei.
Em 1930 quando Washington Luís foi deposto pelo golpe de Getúlio e dos tenentes, os gaúchos ataram seus cavalos no obelisco da Av. Rio Branco, no Rio de Janeiro |
Juracy foi se acercando dos banqueiros, do clero, dos usineiros de açúcar, dos grandes fazendeiros. Era vaidoso, vestia-se com a elegância de um dândi, contrastando com o ditador Getúlio Vargas que colocava o cós das bombachas perto dos mamilos.
Foi o responsável pela primeira prisão de Carlos Marighella, um dos baianos mais famosos do planeta. Marighella, estudante de engenharia civil e outros 513 universitários foram cercados no Terreiro de Jesus, onde se achava a faculdade de medicina. Os estudantes reinvidicavam a elaboração de uma Constituição democrática para o País -- gritavam contra o autoritarismo, proclamaram “Às armas, baianos!” e empunharam velhos fuzis de Canudos.
Um homem foi morto. Nelson Carneiro, um dos líderes da ocupação e
futuro senador da lei do divórcio, foi detido e tomou uma surra de chicote e cano de borracha. Na cadeia por dois dias, Marighella compôs um
poema atacando Juracy, que jamais o perdoou.
Marighella, como se sabe, morreu de tiro durante os anos de chumbo da ditadura militar.
Marighella, como se sabe, morreu de tiro durante os anos de chumbo da ditadura militar.
Já oJuracy... ah, este foi longe... li na Wikipedia que ele
“ganhou uma casa de amigos, na
capital baiana, no Monte Serrat - a mesma onde seu filho,
Juracy Magalhães Júnior, cometeu suicídio. Seu outro filho Jutahy Magalhães também foi político e seu neto Jutahy Magalhães Junior é deputado federal.
Sua trajetória política foi muito
beneficiada pela proximidade com os militares. Exerceu os seguintes cargos:
senador da República, deputado federal, adido militar e embaixador do Brasil
nos Estados Unidos, Ministro da Justiça e Relações Exteriores. Foi também o
primeiro Presidente da Petrobrás e presidiu a Companhia Vale do Rio Doce"
2 comentários:
Adorei esta sua postagem. Sempre que posso leio o seu blog.
Obrigada!
Fiquei contente com seu comentário...
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