quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Por Bernardo Carvalho


Em "O sol se põe em São Paulo" (embora a maior parte do romance decorra no Japão).
Aqui, sobre uma particularidade do teatro Kyogen, do século 14, um estilo cômico constituído de curtas encenações que são normalmente apresentadas nos intervalos de apresentações de teatro nô.
"Explicou que a peça da raposa fazia parte da formação do ator de kyogen. Era um clássico. Os movimentos que o ator tem de fazer para encarnar a velha raposa são a prova final antes da profissionalização. A raposa é um papel que o ator tem de fazer até os vinte e cinco anos e do qual jamais esquece. A raposa surge primeiro na forma de um homem, antes de se revelar como raposa. É essa a grande prova para o jovem ator. Interpretar, em forma de gente, sem máscara e sem fantasia, a raposa. O grande ator é o que consegue interpretar, apenas com os movimentos, o espírito da raposa num corpo de homem, aquele que consegue fazer o público entender que ele é a raposa, sem que haja nenhum artifício, sem a necessidade de máscara, antes mesmo de reaparecer vestido de raposa."


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