a noite em Santo André

foto do restaurante Casapraia (Lúcia DernDorff)

Nos últimos dias um vento de rajadas varre incessantemente as ruas do povoado; a frente fria chegou: o termômetro desabou; a chuva trouxe alívio à terra ressequida... Ah! Que bom.  Pense num lugarzinho com três ruas mal iluminadas, pouquíssimos habitantes e um silêncio de cristal... A quietude das noites e a ausência de carros na rua dão uma falsa aparência de inércia. 

Parece  não haver nada para fazer...

Pois que tivemos duas noites tão vívidas...! Sexta passada uma noitada agradabilíssima no Casapraia: as sessões de cinema ganharam um novo formato: agora são precedidas por uma série de filmes de curtíssima duração: entretenimento de primeira linha. Bravoooh!
Além dos shows de duas artistas fantásticas: a inesquecível Elis Regina, gravada ao vivo no Festival de Jazz em Montreux, em 1979; e a sensacional performance de Amy Winehouse em “Back to Black”. Embora as letras confessionais sejam comuns no ramo da música, Amy subiu um tom acima. Ou, talvez seja mais apropriado dizer, um tom abaixo: um banho de imersão na amargura. 

"Nunca é seguro para nós/ Nem de noite, porque eu bebi", em Just Friends) ou "Eu trapaceei comigo mesma/ Como eu sabia que faria/ Eu te disse que sou encrenca/ Você sabe que eu não sou boa coisa", em You Know I'm No Good. "Eles tentaram me mandar para a desintoxicação/ Mas eu disse 'não, não, não'", rebelava-se em Rehab. 

Música negra visceral 

Vida curta marcada por escândalos não programados... Nada a ver com Britney Spears, Lady Gaga ou mesmo a Madonna... Amy era autêntica.  Foi para o  Hall dos artistas talentosos que se autodestruíram no auge...

Kept his dick wet with his same old safe bet (repare o verso...)
----------

foto de Ana Teresa Tamancoldi

A diversão do sábado aconteceu no Sant’Annas: houve uma espécie de grande encontro entre os moradores: lotamos o salão do restaurante (nem pensar em ficar do lado de fora – o vento e a chuva persistiram). Fomos juntando as mesas: pra cada pessoa que chegava mais uma cadeira, uma taça, um bom bocado e muita conversa...
Quase não sobrou espaço para o casal de turistas que veio para jantar, rsrs.  
Léa e Cláudia chegaram de longa viagem; contaram para nós pedaços dos bastidores do show de Roberto Carlos em Jerusalém. Gunther e Noélia também retornaram, após tanto tempo no exterior.

Adoro noites assim, de conversas ao redor da mesa, com os companheiros daqui da  Vila.
Como diz a Maninha...”no inverno a gente se encontra mais...”