quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Eduardo e Mônica na estrada outra vez


“Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?”
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 Eduardo e Mônica saíram para sempre de Brasília no dia primeiro de maio de 2006. Escolheram o dia da partida a dedo: queriam comemorar o dia do trabalho com a liberdade da aposentadoria. Finalmente! O caminhão parado em frente de casa com toda a mobília deles, rumo a uma praia nordestina – um sonho antigo e persistente que os fizera percorrer longas distâncias no litoral brasileiro, sempre em busca de um lugar ao sol para morar. Naturalmente,  houve dor na partida: os amigos e a família das irmãs, a cidade, a casa, e, principalmente, o filho mais novo que ficava no planalto central para fazer a faculdade. 
Foram dar numa praia chamada Ponta de Tulha, situada entre Itacaré e Ilhéus. Alugaram uma casa amarela, cercada de coqueiros e de frente para o Oceano Atlântico. Não sabiam ainda que nem bem passados três meses precisariam novamente do caminhão de mudanças para levá-los até Santo André, um povoado de poucas centenas de almas no extremo sul da Bahia.  
a figura da praia, em Itacaré
 Sob a proteção do padroeiro, eles vivem há quase meia dúzia de anos nessa aldeia espraiada perto de um rio e do mar. Uma estrada de asfalto separa  a parte baixa da parte alta da Vila onde tem pedaços de mata atlântica e casas com preciosa visão aérea do povoado – ali também estão as roças onde os nativos plantam piaçava,  e a estrada de terra que leva até Ponto Central e Barrolândia,  duas corrutelas da zona rural. A cada meia hora a balsa que vem de Cabrália despeja alguns carros, pedestres ou motos.  O vilarejo de Santo André é bonito, de chão batido, arborizado de ingás, cajueiros, palmeiras de dendê ou de coco.
imagem da internet
  Eduardo e Mônica gostaram do povo misturado e colorido que mora no lugar e da criançada alegre.  Na grande maioria, os moradores e os freqüentadores do lugar foram amigáveis com eles; afetuosos; acolhedores. O casal fez amizades inesquecíveis; construiu uma casa bonita; arrumou um barco vermelho; alguns cachorros. Adoraram interagir com o povoado por meio de uma variação do Cinema Paradiso, e de um cinema sob as estrelas no restaurante Casapraia, e das reuniões comunitárias para discutir água, escola, segurança, lixo. Da troca constante de idéias e sensações com os outros moradores.  Enfim... de todo esse tom naif que existe nas pequenas localidades --  dois dedos de conversa na esquina com alguém que se viu ontem, contar pirilampos nas noites escuras, celebrar como vestais a lua cheia brilhando na água,  falar mal de quem perturba o silêncio reinante, abraçar uma criança, pensar nada.  
meninos de Santo André ao sol vespertino
Malgrado isto, um belo dia Mônica (ou teria sido Eduardo?) sentiu vontade de ralar a vida mais um pouco pelas pedras dos caminhos. A nova mudança será demorada e menos estruturada do que as anteriores.  É uma viagem vertical, em direção ao Sul. Os dois têm tíquetes de embarque para a sexta-feira, dois de março, com destino para São Paulo.
Daí em diante.....??????

2 comentários:

Anônimo disse...

Olimpia e Claudio, talvez não tenha conseguido expressar na ultima vez que estive com voces em sua casa, nesta semana, o sentimento de perda com a opção de voltarem para o Sul. Tivemos poucos contatos físicos, mas o que mais me atraia em voces era a sua participação cidadã, a preocupação em levar cultura aos jovens através do cine Cajueiro, do envolvimento do Cláudio na doação de barcos para que os jovens pudessem aprender a velejar e o Rede Furada que tinha como hábito de leitura lá no extremo sul do país para saber das novidades de Santo André. Mas fico feliz com a opção de voces e espero que esta seja uma opção que traga novos amigos e belas experiências. Um abraço, Gilberto

olimpia disse...

Gilberto, muito obrigada pela maneira gentil e companheira com que sempre nos tratou.
Além de ter sido uma das primeiras pessoas a me dizer que o rede furada conseguia trazer você para Santo André..
Nos vemos, gaúcho!
beijos