"Leitora sobre fundo negro" (Matisse, 1939) |
Quando cheguei aos 12 anos o
planeta terra atravessava uma década marcante na história da humanidade: os fabulosos
anos sessentas. De lá pra cá minha vida virou e desvirou, ao sabor da providência, do acaso, ou do
que chamamos de deus; e por decisões de próprio punho, acertadas ou estúpidas. Não
passei grandes reviravoltas geográficas – a bem da verdade quase não troquei de
endereço. Morei em poucos lugares: no Rio Grande do Norte, nos Estados Unidos,
em São Paulo, e, principalmente, em Brasília.
Quando os números se repetiram, vieram invertidos – cheguei aos nada-fabulosos sessenta, o ano agora é 2012 -- e me encontro morando no
litoral novamente; nesse povoado chamado Santo André da Bahia onde Cláudio e eu
vivemos quase seis anos -- e de onde partimos
para sempre, fez uma semana ontem. “Partir para sempre” é uma expressão que não significa
muita coisa. É da mesma família do “fim do mundo está chegando”.
Acima é a Rua da Linha do Telegráfo, uma rua
quietinha onde morávamos na Bahia. Por meandros do destino decidimos vir morar por
tempo indefinido no estado do Rio; mais precisamente na cidade de Paraty. Chegamos
aqui num domingo, depois de percorrer 1403 kms num carro pequeno abarrotado de
maletas, computadores, tralhas absurdas (como dois guarda-chuvas enormes, um
lençol todo rabiscado de mensagens afetuosas, três travesseiros) e um cachorrinho, o Zé Ninguém.
Foi nossa primeira experiência de
viagem com cachorro a bordo. Pensei que
ele detestaria ficar o dia inteiro preso dentro de uma lata com 4 rodas; que uivaria protestos durante a
metade do caminho, que tentaria saltar pela janela do carro na
primeira oportunidade... Passou-se o oposto:
travava-se um corpo-a-corpo cada vez que precisávamos tirar o bicho de dentro
do automóvel -- ele resistia bravamente, cravando as unhas em qualquer superfície
próxima, tentando se segurar. Cachorros
são animais de atitudes surpreendentes.
Cláudio passeando o Zé na estrada: hora do xixi |
nosso novo lar em Paraty |
2 comentários:
queridos Olímpia e Claudio, quanto destemor e ousadia... ou como diriam outros, que loucura ! mas continuem assim loucos e felizes pois nós aqui estaremos aplaudindo esta deliciosa experiencia, mesmo com uma ponta de ciúmes... beijos
"Se o amor é passageiro, que seja lindo e louco enquanto dure"
....de uma camiseta que vi em Porto Seguro... 20 anos atrás.
bjs
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