quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Leitora sobre fundo negro" (Matisse, 1939)

Quando cheguei aos 12 anos o planeta terra atravessava uma década marcante na história da humanidade: os fabulosos anos sessentas.   De lá pra cá minha vida virou e desvirou, ao sabor da providência, do acaso, ou do que chamamos de deus; e por decisões de próprio punho, acertadas ou estúpidas. Não passei grandes reviravoltas geográficas – a bem da verdade quase não troquei de endereço. Morei em poucos lugares: no Rio Grande do Norte, nos Estados Unidos, em São Paulo, e, principalmente, em Brasília. 
 
Quando os números se repetiram, vieram invertidos – cheguei aos nada-fabulosos sessenta,  o ano agora é 2012 -- e me encontro morando no litoral novamente; nesse povoado chamado Santo André da Bahia onde Cláudio e eu vivemos quase seis anos --  e de onde partimos para sempre,  fez uma semana ontem.  “Partir para sempre” é uma expressão que não significa muita coisa. É da mesma família do “fim do mundo está chegando”. 
 
Acima é a Rua da Linha do Telegráfo, uma rua quietinha onde morávamos na Bahia. Por meandros do destino decidimos vir morar por tempo indefinido no estado do Rio; mais precisamente na cidade de Paraty. Chegamos aqui num domingo, depois de percorrer 1403 kms num carro pequeno abarrotado de maletas, computadores, tralhas absurdas (como dois guarda-chuvas enormes, um lençol todo rabiscado de mensagens afetuosas, três travesseiros) e um cachorrinho, o Zé Ninguém. 
Foi nossa primeira experiência de viagem com cachorro a bordo.  Pensei que ele detestaria ficar o dia inteiro preso dentro de uma lata com 4 rodas; que uivaria protestos durante a metade do caminho, que tentaria saltar pela janela do carro na primeira oportunidade...  Passou-se o oposto: travava-se um corpo-a-corpo cada vez que precisávamos tirar o bicho de dentro do automóvel -- ele resistia bravamente, cravando as unhas em qualquer superfície próxima, tentando se segurar.  Cachorros são animais de atitudes surpreendentes. 
Cláudio passeando o Zé na estrada: hora do xixi
nosso novo lar em Paraty

2 comentários:

Vila de Santo André, Bahia disse...

queridos Olímpia e Claudio, quanto destemor e ousadia... ou como diriam outros, que loucura ! mas continuem assim loucos e felizes pois nós aqui estaremos aplaudindo esta deliciosa experiencia, mesmo com uma ponta de ciúmes... beijos

olimpia disse...

"Se o amor é passageiro, que seja lindo e louco enquanto dure"
....de uma camiseta que vi em Porto Seguro... 20 anos atrás.
bjs