terça-feira, 20 de março de 2012

Ulisses, de James Joyce


Num sábado claro de azul e relógio atrasado, consegui chegar a tempo para me misturar discretamente com o pequeno grupo que se acomodava nas cadeiras do auditório no subsolo da livraria.  Estávamos ali para assistir uma palestra com duração de três horas, do escritor  Ricardo Lísias sobre o  livro Ulisses,  escrito pelo irlandês James Joyce. A obra é considerada um dos textos mais complexos da história da literatura e  a obra-prima da modernidade. A leitura de Ulisses causou grande impacto na minha limitada -- mas apaixonada -- relação com as obras literárias.  Para ser honesta, nem foi o livro que mais gostei de ler:  sempre o olhei de esguelha, ciente do desafio e da radicalidade da escrita Joyceana.  Acabei elegendo-o como meu caminho particular de Santiago de Compostela, em uma hipotética estrada literária que tracei;  um rito de passagem na minha vida de leitora.  Tornou-se o livro que mais me intriga, diverte e fascina. Tanto que faço, com vagar, uma releitura do extenso texto.  Para falar de Ulisses, prefiro trazer a voz do palestrante.
São do Ricardo Lísias os dois trechos abaixo: 
 "Na cama com Molly Bloom" em montagem brasileira (2008)
“Ulisses é um livro, a despeito de suas dificuldades, engraçado e comovente. Como é normal com as revoluções, sobretudo as artísticas, recai sobre ele todo tipo de rótulo que vai do “pesado” ao “monótono”, passando  pelo “chato” e “esquemático”, até  chegar ao impagável “prentensioso”. Não é nada disso: trata-se de uma aventura literária ao mesmo tempo refinada e irreverente, de vez em quando meio abjeta, e, em algumas ocasiões, emocionante. Difícil haver um final mais elegante e atraente. Também são raros livros mais humanos do que esse. E não há outro texto mais influente no que se refere ao século XX."
o grupo que estrelou a festa do "Bloomsday" em Brasília, coordenado por Piero Eyben
“É lugar-comum dizer que Ulisses é mais comentado do que efetivamente lido. Entretanto, é fácil imaginar que dentre as muitas pessoas que frequentam suas páginas, a maioria atente para o mistério mais saudável que pode existir: aquele que comanda as descobertas secretas do que é realmente grandioso na história humana. Como o véu de Ulisses se tornou quase mágico, e então não pode ser facilmente revelado, as pessoas preferem fingir que não o conhecem. “
-------
obs.: Leopold Bloom é o personagem principal do livro - Molly Bloom, sua mulher.
O "Bloomsday" é o dia mundial de celebração do livro. Acontece em 16 de junho.
caixa de Ione de Freitas, artista plástica mineira, inspirada no capítulo 15 de Ulysses ("Circe")

3 comentários:

P.V.Gircys disse...

Olá,
Gostaria de saber que montagemé essa do Ulisses apresentada nafoto de 2008. Tem informações?

Abraços!

P.V.Gircys disse...

Olá,
Gostaria de saber que montagemé essa do Ulisses apresentada nafoto de 2008. Tem informações?

Abraços!

olimpia disse...

Olá P.V. Gircys,
Sobre a montagem de 2008 você encontrará mais informações na rede; foi uma montagem paulista. Já na última foto do post aparece a turma de Brasília que este ano promete uma festa marcante para o Bloomsday em 16 de junho. Quem coordena é o Prof. Piero Eyben,da Universidade de Brasília, um jovem brilhante. Se você mora em SP e gosta de Joyce talvez já tenha ido aquela comemoração que tem no Finnegans Wake, em Pinheiros? Abraços!
eu adoro este escritor!
olimpia