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"Os gêmeos" |
Saiu para comprar café na padaria
da esquina quando deu de cara com um pequeno aglomerado de pessoas de pescoços
esticados para o céu. Acompanhavam com os olhos a trajetória de queda de um balão
preto desgovernado. Dois rapazes subiram correndo a ladeira da Rua Dona Avelina;
ao passar pelo grupo jogaram o porteiro magricela do prédio verde
contra o portão do edifício. Um
automóvel branco passou zunindo, vindo da rua transversal. O motorista ensandecido cuidava
do volante só com uma mão – a outra segurava um revólver. O passageiro do banco da frente também empunhava uma arma de fogo e tinha metade do corpo para fora do carro. A dupla pedestre retrocedeu com medo das balas: o
balão-troféu foi enfiado no banco de trás do veículo.
Foi-lhe explicado pelos demais que
a cena não é rara – os balões são motivo de disputa entre grupos rivais da
periferia paulistana. Acompanham o balão até o local da queda. Quem chegar
primeiro... Momentos depois perceberam
que outro balão vinha caindo lentamente nas proximidades.
Voltou pra casa sem café, sem pão
e sem balão.
2 comentários:
Que isso, mae? PAURA!!!!
Um inocente balão... só na aparência...
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