O livro de Vila-Matas é tão sedutor que me deixou com vontade de ler praticamente todos os autores e livros que ele menciona. Henri Michaux, por exemplo: um belga que escrevia poemas, livros e pintava quadros. Para além do fato de ter viajado o mundo todo (esteve na Amazônia em 1928) e de ter entrado em contato com tradições primitivas sem deixar seu olhar enturvar na senda do exotismo, este homem compreendia o trabalho poético como uma busca de alteridade, uma maneira de pensar o homem para além da racionalidade e da identidade; assim falam os críticos literários. Descubramos Michaux, é o convite tentador de Vila-Matas, adentremo-nos em seu estilo seco... Mas que estilo?
“Sua literatura sempre foi na contramão do estilo, não queria ficar preso aos conceitos e tópicos literários aceitos tontamente pela história da escritura. Via no estilo uma falta de valor por parte do escritor, uma falta de abertura, de reabertura: em suma, uma invalidez.” (pág.229)
Na década de 30, durante uma estadia em Cantão, Michaux escreve ao seu editor dizendo não compreender mais o francês. Frase estranha para um escritor belga, mas não poderia ser mais representativa de sua poética, pois escreve para se exilar, para romper os vínculos, para desestruturar sua própria língua. A viagem ocupa um lugar central em sua vida: percorre Índia, China, Japão, América do Sul e escreve narrativas das viagens realizadas.
Guardei algumas frases de Michaux selecionadas por Vila-Matas; como pode tão poucas palavras dizer tanto?
Guardei algumas frases de Michaux selecionadas por Vila-Matas; como pode tão poucas palavras dizer tanto?
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“O louco ouve outro tictac” |
A corda não consegue ouvir o carrasco |
“Aquele que não aceita o mundo, nele não constrói casa" |
"Sobre uma grande estrada não é raro ver-se uma onda, uma onda inteiramente só, uma onda apartada do oceano. Ela não tem nenhuma utilidade, não constitui um jogo. É um caso de espontaneidade mágica." |
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