Paraty em foco, é um acontecimento que acontece no início da primavera desde 2005. Nessa época, Paraty é invadida por caçadores e apreciadores de fotografia que passam cinco dias trocando
informações, compartilhando saberes, participando de oficinas e
assistindo a imagens projetadas nos paredões brancos da cidade colonial. No último evento, as ruas empedradas do Centro Histórico estavam repletas com milhares de participantes (calculados em 6 mil), quase todos com uma câmera na mão. Paulistanos e cariocas, mas também sulistas e mineiros, sem contar os
convidados internacionais. Pela localização de Paraty, todos chegaram
por via rodoviária. Mas um grupo, organizado em torno do conhecido fotógrafo Marcos Santilli, ousou um pouco mais: veio a pé desde Cunha até Paraty.
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Veja a matéria da revista de Haroldo Castro para a revista Época.
"Marcos Santilli, um fotógrafo com mais 40 anos de experiência – ele
se autodenomina um fotosaurus – mora em Cunha, no alto da serra. Em linha reta, Cunha está a apenas 29 km de Paraty. Mas pela estrada que ziguezagueia a Serra do Mar a distância sobe
para 48 km. A estrada fazia parte do Caminho Real e era
uma das várias alternativas para entrar Brasil adentro. Desde o século
17, quando Paraty se tornou um importante porto, escravos chegavam da
África para trabalhar no interior. O ouro descia das Minas Gerais até Paraty por estas estradas empedradas de cargas e burros.
Santilli escolheu uma das variantes do Caminho de Ouro para levar colegas e alunos serra abaixo. Nada melhor do que falar sobre fotografia no meio da Mata Atlântica e em uma de suas mais belas reservas, o Parque Nacional Serra da Bocaina.
A oficina, organizada por Katia Scavacini, começou em
sua Pousada dos Anjos na noite anterior, com uma explicação histórica da
região e de como os Caminhos do Ouro – uso a palavra no plural, pois o
contrabando criou inúmeras bifurcações – escoaram o precioso metal em
direção ao porto.
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fotografia do grupo pelo guia Nino |
Na manhã seguinte, éramos dez pessoas na trilha. O
guia local Nino abria a fila e oito fotógrafos iam no meio do pelotão: o próprio
Marcos, seu filho Luã, Luiza Bongir de Belo Horizonte, Joseane Daher de
Curitiba e Paula Carpi, Liliane Meira e Giselle Paulino de S. Paulo. Eu
também estava lá. Quando Marcos me convidou a descer um trecho da serra a
pé, adorei a ideia de estar no mato fotografando durante um dia
inteiro.
Saímos do pé da Pedra da Macela e durante uma hora descemos por
campos abertos até um vale
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pedra da macela (1840m) fotografia de Luã Santilli |
De lá, entramos na mata fechada, subimos
uma bela encosta e encontramos um dos trechos do Caminho de Ouro.
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pai e filho na fotografia -- Marcos e Luã |
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Em diversos pontos do Caminho do Ouro, muros de até um metro foram levantados para que os animais não caíssem na ribanceira. Foto © Marcos Santilli |
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cogumelos alucinados de cor, foto de Daher |
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bromélia no caminho por liliane meira |
Chegaram na cachoeira dos sete degraus (olha que nome lindo), oito horas depois. Final da caminhada.
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laboratório de fotografia e de vida
belíssimo
bravi
no próximo ano, pretendo juntar-me ao grupo
(se é que aceitam anciãs)
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