sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O que é um escritor?

"A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa.”
Roland Barthes
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Desde la ciudade nerviosa é um livro de crônicas do escritor Enrique Vila-Matas que vai revelando, à medida que as páginas viram, a  fervilhante obsessão do catalão pelos escritores, pela arte da literatura e pelo próprio ofício de escrever. Bons escritores primam por ser, ou fingir ser, tipos inesquecíveis. Raros. Não raro, excêntricos. Ousados. Felicidade de escritor é ultrapassar fronteira, limite de imaginação.  Dizem que vendem a alma ao demônio para entrar na casa de Glória.Além do imprescindível talento, talvez alguma erudição, olho aberto, isolamento, precisam trabalhar em regime escravo até atingir um estilo literário próprio, uma voz distinta dos demais escritores. Um livro pra chamar de seu. O que se vai dizer, na verdade não importa.. Gombrowicz, o escritor polonês, argumentava: “Quem decidiu que se deve escrever só quando se tem algo a dizer? A arte consiste precisamente em não escrever o que se tem para dizer, mas sim algo completamente imprevisto.
Encantou-me saber que este tipo polonês (viveu 24 anos na Argentina), em seu romance “Ferdydurke”, antecipou-se aos críticos e dedicou um capítulo inteiro, no corpo do romance, para analisar seu próprio livro. Que não chegara ainda nem à metade. Debochadamente ele esgotou as tentativas de sintetizar e analisar o livro – de modo que quem cai em tentação dificilmente escapa ao ridículo.
O livro de Vila-Matas, um mestre do paradoxo e da ironia, é uma coletânea de escritos publicados em jornais de Barcelona. Conforme explicado na contracapa do livro, o volume é composto por quatro seções; a primeira pode ser lida como um livro de relatos. A segunda traz um texto inédito, “Mastroianni-sur-Mer”, onde o autor, além de analisar as relações entre cinema e literatura, revela a surpreendente origem de sua vocação literária. Segue-se “Um tapete que se estende em todas as direções”, um texto-chave na produção de Vila-Matas, onde ele desvela os meandros da construção do livro que o tornou famoso (“Bartleby e Companhia”).  Finalmente, a quarta e última seção, “Escritos shandys”, recolhe alguns dos mais importantes artigos e ensaios literários publicados pela imprensa internacional.

2 comentários:

Regbit disse...

amiga há muito que venho repetindo, gosto muito da maneira que escreve, uma nova escritora surgindo no mundo das letras. a sua escrita aparece da maneira simples, lúdica e as vezes sofisticada. você fez tudo ,filhos,plantou sua árvore agora?????bjs com muitas saudades de vocês. as postagem no momento certo sucesso

olimpia disse...

oi regina
sim, filhos
sim, árvores
blog, sim
fez de tudo... bem, não
escrever, dá não...rsrss
beijos