Os encantos de Inhotim são obras do divino e do humano. Há pavilhões belíssimos, como o da Adriana Varejão (acima), instalações sonoras que tiram os pés da gente do chão; obras de Doris Salcedo, Matthew Barney, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Olafur Eliasson e um monte de artistas de fama mundial que até então me eram desconhecidos...
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Fiquei fortemente impressionada com a visão do pavilhão do carioca Cildo Meirelles. Sua primeira instalação, Desvio para o Vermelho, é um espaço impregnado de rubro, que provoca uma excitação sensorial surpreendente. O artista cria desse modo um ambiente de referências e simbolismo desde a entrada na instalação: um ambiente único que não remete a nenhum dos cômodos de uma casa; não é quarto (mas tem guarda-roupa), nem sala (mas tem sofás e almofadas), nem cozinha (há uma geladeira cheia de frutas e legumes vermelhos). É uma casa muito engraçada, me deu vontade de pegar em tudo...
"Um dos fatores que chama atenção do observador: a quantidade de objetos presentes sem uma lógica própria como variados quadros, esculturas, móveis, roupas e tapetes. Uma máquina escrever, um laptop passando um vídeo - mostrando a mutação da casa desde sua primeira apresentação nos anos 80 - uma geladeira, um guarda-roupas cheio, mesa, elementos que estruturam um ambiente completo de um espaço familiar a todos, mas, particularmente, vermelho. Os conjuntos de objetos formam um ambiente que passa a sensação de conforto e estranheza por sua particular indefinição." (Revista Bravo)
Podemos relacionar essa monocromia vermelha com Matisse e seu quadro "Quarto vermelho" que antecipa os estudos da cor monocromática na contemporaneidade.
o vermelho de Matisse |
Desvio para o Vermelho é um dos trabalhos mais complexos e ambiciosos de Cildo Meirelles – concebido em 1967, montado em diferentes versões desde 1984 e exibido em Inhotim em caráter permanente desde 2006. Aberta a uma série de simbolismos e metáforas, desde a violência do sangue até conotações ideológicas, o que interessa ao artista nesta obra é oferecer uma seqüência de impactos sensoriais e psicológicos ao espectador: uma série de falsas lógicas que nos devolvem sempre a um mesmo ponto de partida." (do site do instituto)
3 comentários:
a versão mais atual de ambientes de uma cor só é do cineasta Peter Greenway, no filme "O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante" (1989) , que criou , na linguagem cinematografica vários ambientes vermelhos e um especialmente branco.
a mais atual versão de ambientes vermelhos, agora na linguagem cinematografica, foi de Peter Greenaway em " O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante" (1989)
Olá Ariana,
obrigada pelo seu pertinente comentário... Greenaway teve formação em pintura e no filme que você citou (uma verdaeira obra de arte) o vermelho é bastante acentuado - há bastante citações da história da arte...
Agora me deu vontade de revê-lo!
abraço,
olimpia
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