O rapaz por trás do balcão estava bem atrapalhado. O vôo estava lotado e ele parecia novato na companhia. Semblante tenso, só abriu o sorriso quando nos entregou os cartões de embarque. No ônibus que nos transportaria para a aeronave, sentei próximo a um grupo de pessoas de meia-idade cujo diálogo me fez apurar o ouvido. Falavam sobre arte, e num nível sofisticado; pareciam professores, críticos, artistas, quem sabe. Iam para Belo Horizonte e, a partir de lá, visitar Inhotim. Como a nossa programação era a mesma, torci para sentar perto deles, mas não tive sorte. Fui a primeira a chegar na minha fileira, cadeira no corredor. Abri a revista de bordo enquanto aguardava os viajantes se acomodarem. Tomei um susto com um objeto voador que passou a centímetros do meu rosto e caiu na cadeira da janela. Ah! era o passageiro de lá, jogando a pasta na cadeira como quem pratica arremesso de disco. Olhei para cima e vi um homem de óculos, todo vestido de preto e cara de poucos amigos. Tentou passar por cima de minhas pernas, mas fui rápida: levantei-me para dar passagem, afinal o rapaz era obeso e o espaço entre as cadeiras, todo mundo sabe como é exíguo. Pouco depois, chegou uma senhora com o mesmo número de assento que meu companheiro de negro. Chamaram a comissária. Ambos estavam certos, o número do assento era o mesmo para dois passageiros. Só o vôo que era diferente. O gordinho de preto estava no vôo errado!
Viajar é bom, mas as vezes a gente se atrapalha...
Na chegada, o conforto de encontrar meu cunhado, o "tio Clóvis" nos aguardando. Na casa dele, a "tia Anne", mesmo com o braço quebrado já tinha posto a mesa do lanche. Quem advinhar a primeira coisa que comi ao chegar em Minas ganha um pão de queijo.
2 comentários:
Texto redondo e bem humorado. Como tem gente sem educação no mundo, hein?! Jogar a pasta do corredor? Nunca tinha visto ninguém errar o avião, mas tb acho que não deve ser muito raro.
Pois é, Jussara, o risco de troca de vôo é maior quando precisamos tomar um ônibus até os aviões...prefiro aquelas tubulações que encostam perto das salas de embarque...
aeroporto tem cada história, não é?
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