sábado, 5 de abril de 2008

O melhor piano do mundo

Numa canção de 1915, I Love a Piano, o grande compositor americano Irving Berlin não teve dúvidas e homenageou o melhor deles com uma rima muito divertida e quase intraduzível: “I know a fine way/ To treat a Steinway”. A própria canção, uma bela melodia gravada por muitos intérpretes, como Michael Feinstein (num Steinway, evidentemente), era uma prova de que Berlin sabia tratar bem o instrumento. No verso seguinte, ela diz: “I love to run my fingers/ O’er the keys, the ivories” – como se o autor dissesse que só num Steinway é possível correr os dedos sobre as teclas de marfim com tanto prazer. Afinal, é isso mesmo o que o distingue dos outros pianos: na linguagem dos músicos, sua capacidade de “responder” aos movimentos.

Tom Jobim era outro que sabia como acariciar um Steinway. Nos últimos anos de vida, mantinha o seu no apartamento de Nova York, aonde ia nas temporadas em que precisava trabalhar com afinco, sem as distrações naturais e femininas do seu Rio de Janeiro. Se a maioria dos compositores da MPB trabalhava e trabalha com violão, Tom, grande admirador de Berlin e da música americana da primeira metade do século XX, sempre compôs ao piano – e é possível dizer que vem daí a sofisticação harmônica que trouxe para o cancioneiro nacional. Portanto, a música brasileira, admirada como é em todas as latitudes, também tem uma dívida com o Steinway.

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