domingo, 31 de maio de 2009

Hojé é dia de pescar


Meu marido foi passar dois dias em alto mar (e eu fiquei a ver navios...). Levou gelo, GPS, isopor, uma foto minha na carteira, um inútil celular, uma âncora incrustada de cracas e 4 marinheiros-pescadores: um em cada canto do barco, para evitar linhas cruzadas.
Quando chega, me conta estórias, como aquela das esquinas do mar e das coisas que se vê por lá: “fala de favelas e barracos, de bares, cabarés e casas de diversão, de enferrujados parques de diversões com seus carrosséis de cavalos de madeira, de mesquitas e mosteiros de dervixes, de fábricas clandestinas de artefato de plástico e meias de náilon”, mas acho que estou misturando com O dia que o Bósforo secou, um capítulo de um livro de Orhan Pamuk

Raymond Chandler




“Sonhei que me encontrava no fundo de água verde e gelada com um cadáver debaixo do braço. O cadáver tinha cabelos loiros e compridos que flutuavam na água e me envolviam a cara. Um enorme peixe de olhos esbugalhados, corpo inchado e escama fosforescente da putrefação, nadava em redor, olhando de soslaio como um debochado já idoso. Quando eu estava quase a rebentar com a falta de ar, o cadáver ressuscitou debaixo do meu braço e fugiu-me. Pus-me a lutar com o peixe e o cadáver rolava e rebolava pela água fora, arrastando atrás de si o seu longo cabelo."
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Raymond Chandler, autor de romances de crime e mistério; alguns tornaram-se roteiros de filmes noir. Nascido em Chicago criou-se no Reino Unido e serviu ao exército canadense durante a primeira guerra mundial. O criador do detetive Philip Marlow, casou-se com uma mulher de 53 anos, dezoito anos mais velha que ele.
Tinha problemas de alcoolismo.

A passageira da balsa de Cabrália


"A mente ama o desconhecido.

Ela ama imagens cujo significado é desconhecido."

Rene Magritte

sábado, 30 de maio de 2009

Rede Furada: um blog sem banda larga








A banda do hermenauta.

Uma banda perdida na solidão

Um dia, não faz tanto tempo assim, uma pequena banda de polícia egípcia chega à Israel para se apresentar num festival cultural. No aeroporto, uma inesperada complicação: ninguém para recebê-los.
Procuram resolver o problema e acabam chegando numa pequena e desolada cidade israelense, no meio do deserto, um ambiente estranho num país historicamente hostil.
Uma banda solitária numa cidade deslembrada.
Ninguém recorda muito bem deste acontecimento. Não foi tão importante.
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São mais ou menos essas as palavras que dão início ao filme do roteirista e diretor israelense Elan Korilin, seguidas pela imagem do personagem principal -- entoando uma música árabe -- trajando um impecável uniforme azul-pálido: a cor da farda se destaca contra o cenário monocromático: ótima escolha estética.
O desenrolar do filme é lento, contemplativo e estendido, como na câmera de Antonioni. A paisagem tem um ar do Bagdad Café de Wenders. A cidadezinha onde chegam por acaso é deserta de diversão e cultura: não há nada para fazer por lá. Parece que o tempo parou – não há ação – e aos poucos vamos ingressando no universo da solidão dos personagens tanto do grupo da banda como dos habitantes daquelas paragens ermas.
O filme está mais voltado para mostrar o interior das pessoas, uns seres comuns, universais.
A dona (israelense) de um restaurante – que atriz! – consegue organizar a hospedagem para os egípcios e lá eles permanecem por 24 horas, tendo apenas (apenas?) a música e o amor como elementos de conexão.
O filme, despretensioso na produção e nos efeitos, ganhou diversos prêmios em festivais de cinema, mas foi banido da Mostra Internacional de Cinema do Cairo, porque na vida real, infelizmente, os egípcios e os israelenses não se dão tão bem como no filme.
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A platéia da Banda, em Santo André: numa cidadezinha que nesse tempo de inverno lembra a solidão do deserto israelense, a surpresa de uma noite vívida, o restaurante com as mesas repletas e a breve performance da figura esguia de olhos claros a deslizar com pratos e garrafas, vestindo nenhum uniforme azul-pálido, mas um sensual body de padrão oncinha e renda negra na parte da frente. E um ousadíssimo fio dental atrás.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

morar em Morro de São Paulo

Houve uma época que nós sonhávamos em morar em Morro de São Paulo.

Bahia, sempre Bahia.

Eu me encantava muito com nosso possível endereço
numa ladeira com escadaria
Rua dos Elefantes, degrau número 20.
Não precisava do CEP.

O que é poesia?


A revista que lia, dizia que em Alphaville, (filme de Godard), um espião é capturado e posto a responder às perguntas de um supercomputador .
À pergunta “o que faz a noite virar dia?”, o agente secreto responde:

“A poesia.”

A máquina emburrou: retrucou que só sabia fazer cálculos e analisar.
Pensando nisso, fui ler poesia na casa de um amigo e tive uma surpresa linda -- estava escrito:

Esse meu amigo antigamente era grego. Hoje, virou bibliotecário de Babel.

Como não poeto, peço emprestados os versos de Nydia Bonetti (da revista Zunai)

"SOLARES

outra vez
me ronda a poesia
agora é assim
quase uma sombra
colada em mim
não
ela é o sol
eu,
a sombra"

quarta-feira, 27 de maio de 2009

o que levar nas viagens


Segunda-feira, dia bom para mudar de casa, preparei a mala, joguei no lixo os comestíveis perecíveis, a sandália de fitas amarelas não ficou pronta (disse-me o impassível sapateiro), nem encontrei a dose certa do remédio nas apressadas farmácias; mas consegui falar com a vizinha, uma senhora de olhar inteligente e oriental – sobre a vaga da garagem. Na última passeata pela Avenida Paulista, entrei na Galeria do Itaú Cultural, o tempo ajustado para ver uma mostra de criatividade, a gigantesca batalha naval espalhada pelo chão e outras armações; o que me divertiu naquele salão de instalações e quase vazio de gente, foi uma coluna da minha altura de pedaços de madeira cortada em quadrados, empilhados artisticamente, suponho; quando me aproximei não deu para segurar o riso: flagrei os rapazes na troca de beijos; tropeçaram no espanto e derrubaram a obra de arte.
Suspense.
Ajudei a empilhar: ficou bem diferente da forma original: deve ser isso que chamam de arte interativa.
No ponto de táxi, 4 veículos e nenhum condutor. Arrastei a mala até o posto de gasolina, alguém desembarcava e eu, rápido, por favor, vamos para o aeroporto. Entramos na avenida como uma escola de samba: animados e atrasados; passada a primeira quadra, vejo os olhos sem sobrancelhas do motorista pelo retrovisor e ouço a fatídica pergunta –
“A senhora sabe o caminho? ... É que não trabalho nessa região...”
O samba atravessou.

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foto de Dona Celina na balsa que vai e vem de Santa Cruz Cabrália

a mulher da mala

Mas a verdade é que à noite lá estávamos nós em Santo André da Bahia, bem ali na varanda do Santana’s: a nordestina, o mineiro, um italiano, outra italiana, a fluminense, o uruguaio, o carioca, nessa globalizada multietnicidade que é a cara dos dias de hoje.
A diferença é que só estávamos nós, os donos da rua. Não passava carro, nem cachorro, nem gente. Sem lei-seca, sem bafômetro, sem lei para apagar cigarro. O enorme silêncio era desafiado pela trilha sonora vinda do IASA, ensaio de quadrilha para as festas juninas que ocorrem em julho, por causa das férias dos turistas. Quem explicou foi o Rildo, não o pescador, o garçom do Gaivota, quando passou na rua, todo suado e com novo visual de cabelo meio moicano meio baiano e de bermuda geométrica em preto e branco.
Mais tarde outro incidente desabou no meio da conversa: a chegada dessa senhora que nunca vi mais gorda (era magra), vinha como eu naquela manhã, arrastando a mala de rodinhas, porém na longa rua de terra batida àquela tardia hora era um tanto inusitado. Fora precedida por outro senhor, outro europeu, esse sim, conhecemos bem. Uma coisa tinha a ver com a outra, mas ficamos sem entender, como é muito comum aqui em Santo André.

Poesia


Um amigo meu fez um comentário tão bonito (e apropriado) sobre poesia que vale a pena ler de novo:

"Poesia não se entende,
sente-se com as mãos,
os olhos, os ouvidos,
a boca, o nariz.
Não há caráter na poesia.
O que há é instante."
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imagem de Cy Twombley

domingo, 24 de maio de 2009

Feira erótica



Um jovem amigo paulistano me falou hoje que foi a uma feira erótica num local longe pra caráleo, para os lados de Guarulhos. Entrei na internet e – pimba – achei milhares de resultados no Google.
Propaganda enganosa: anunciam como novidades artigos velhuscos do tipo vibradores, bonecas infláveis, pomadas comestíveis, vídeos.
Embora um cabritinho inflável seja algo de novo para mim.
Quem quiser, participa das brincadeiras e shows. A idéia é esquentar os casamentos.
Pelados entram de graça.

"Psiquê abrindo a caixa dourada" (Waterhouse)



"Gosto de teorias sobre a vida, mas não tenho tempo para as seguir.
Como poderia viver a olhar constantemente para as receitas de vida?
É impossível viver e pensar ao mesmo tempo.
Eu, no meu caso, como é fácil de verificar, optei por viver."

Mulheres


"Se uma mulher me pedir:
-- Quero que subas até o 10 andar pelas escadas e de lá do alto quero que grites que me amas; se uma mulher me pedir isto é claro que eu não vou subir a lado nenhum, nem gritar nada -- que não sou de gritos -- mas de certeza que lhe vou dar um beijo.
Elas não resistem a isso.
Ser romântico é dar beijos em qualquer situação.
Elas pedem-nos uma outra coisa e nós zau: um beijo."
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cópia da cópia de Fernando Botero

A chuva de Gonçalo Tavares


"Quando começa a cair muita chuva, julgo-me perseguido
e fujo para casa.
Lá dentro, olho pela janela, e espero que os meus inimigos
terminem o cerco.
O sol está do meu lado, mas receio sempre que esta aliança
não dure a vida toda."
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foto: Os passos sem volta (blogspot)

Com açúcar e com afeto







Como açúcar não faz bem para vocês... lá vai bombom da beatriz...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Santo André encontra São Paulo






Quando estou em São Paulo, adoro encontrar as pessoas que conheço de Santo André.
Na noite da foto, estávamos no restaurante Martin Fierro, com Lourdes (eu quero ser ela amanhã), Marise, Ana (a dona do restaurante), Juca (se preparando para viajar para Berlim), Cláudio e eu. Estava frio, tomamos vinho e comemos uma carne argentina deliciosa. Cláudio, que é "bico fino" não pára de elogiar o lugar.

Millôr e os haikais


A zeladora do blog “Seguindo Adiante colocou um comentário espirituoso:

“Eu não consigo entender esses hai-kais. Será uma falha de caráter muito grave?”

Sobre o tema sei apenas que são mini-poemas japoneses, que sua popularização deu-se no século XVII, e que os mais célebres foram escritos por Jinskikiro Matsuo BASHÔ e Yataro Kobayashi (ISSA).
Parece que depende mais de imagística do que de explicitação.

Olha o que diz a haicaísta Alice Ruiz:
“O haikai se faz com três linhas, ou versos, e não mais que 17 sílabas. Seu tema é a natureza, e não nossos sentimentos e pensamentos. Se faz com simplicidade, leveza, desapego, sutileza, objetividade, integração com o todo. Sua melhor definição, na opinião de muitos, é uma fotografia em palavras. Grava o instante. É como se as coisas falassem por si mesmas. Sem adjetivos, sem a impressão do poeta, exatamente como são. Só o real, sem comparar a nada e, talvez por isso mesmo, tão incomparável.”

Alguns também me soam incompreensíveis. E os do Millôr, engraçados.
Roubaram a carteira
Do imbecil que olhava
A cerejeira.

Mais do Millôr

Nuvens ao léu
Criatividade-happening
Do céu.
(reprodução da obra Cloud Cloud, de Vik Muniz)





Goze.
Quem sabe essa
É a última dose?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

você curte o Facebook?



Minha filha colocou esta foto nossa (eu e minha pequena prole) na minha página do Facebook.
Não sei como ela conseguiu. Fiz a inscrição, assim como a do Twitter, mas quase não uso. Adoro internet (é a minha TV), mas não dá tempo para tudo.
Para outros novatos (ou serei a única?) repasso um texto de uma expert, a Cora Ronai, do Globo digital. (sintetizado)
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"Entrei no Facebook com o pé atrás, mais para ver qual era a do novo brinquedo do que para ficar lá. Mas a idéia é cativante e divertida e, ao longo dos últimos meses, fui descobrindo as suas vantagens. Hoje, chego a achar mais interessante passar uma hora online pondo a conversa em dia com os amigos, do que ir a eventos onde mal consigo conversar com alguém. O Facebook pelo menos é silencioso, e pode ser freqüentado a qualquer hora, sem que eu precise me arrumar e sair de casa. No Facebook, todos estão livres de algumas das piores pragas da noite: ninguém fura a fila, ninguém aluga ninguém indefinidamente, ninguém se estressa por causa de curralzinho vip.
À semelhança das boas festas, no Facebook só se encontra gente legal – até porque cada um escolhe a sua turma. Há muitas rodinhas de conversa, formadas em torno de assuntos curiosos – notas, filmes, fotos. (...) Não é nada novo, mas o Facebook tem a melhor implentação de interatividade que conheço. Também gosto muito das amizades que estou consolidando com algumas pessoas que só conhecia de “Olá!”, e com outras que me foram apresentadas por amigos. Vale lembrar que o Facebook só funciona bem com um mínimo de “base instalada” e de empenho no social. Como na vida real, ninguém se entrosa com ninguém se entra mudo, sai calado e passa o tempo pelos cantos. Muita gente acha que basta postar frases feitas para participar; grave erro. Ninguém faz questão de filosofia ou de grandes declarações, mas espontaneidade e senso de humor são fundamentais."

A cor da romã

peles aos que vêem:
frêmito e romã e maçã
aurorecem os sentidos



Haikai de Piero Eyben

A cor da romã


Esta semana compramos e assistimos este filme, do diretor Sergei Parajanov.
A película é de 1968, porém ficou anos a fio proibida no Brasil. Motivo: o diretor é russo. Preciso rever o filme, com vagar; pesquisei um pouco e aprendi que Parajanov trabalhou com técnicas de narrativa, teatro e figuração da tradição bizantina.
A saga -- vida e obra do poeta armênio Sayat Nova -- acontece em uma sucessão de figuras com a câmera parada.
Parecem iluminuras, com som e texto.


Retrato do diretor Parajanov.

Míriam e o Corpo Cidadão


Globo Vídeos - VIDEO - Ação acompanha o crescimento do projeto


Nesse link, a bailarina Míriam Pederneiras, fundadora da ONG Corpo Cidadão explica o trabalho do projeto, braço social do Grupo Corpo de Dança, com sede em Belo Horizonte.

Lá em Santo André, todo mundo conhece a Mirinha e seus rapazes: João, Henrique, André.


A mulher está além dos adjetivos: a ONG que ela criou e preside, leva a arte-educação para centenas de jovens em risco de exclusão social.

Para quem não viu na TV (passou sábado passado) .


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Caetano Veloso cai do palco

O cantor Caetano Veloso, 66, caiu do palco durante a apresentação que fez neste sábado (16), em Brasília. O cantor estava na cidade para promover seu novo disco, "Zii e Zie".
A imagem mostra o momento em que Caetano Veloso cai do palco durante show em Brasília
No momento da queda, Caetano cantava "Força Estranha" e começou a andar pelo palco em direção a plateia.
Sem perceber o término da estrutura, o cantor continuou andando e caiu, próximo ao público.
Aplaudido, Caetano se levantou rapidamente, mandou beijos para a plateia, e continuou com a apresentação normalmente.
O vídeo que mostra o momento do acidente já pode ser visto no YouTube.

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Folha de Sao Paulo

Amedrontamento


foto de Bernat Armangue

Terminei de ler um dos livros negros de Gonçalo Tavares, português, nascido em Angola.
Assim falou Saramago:
"Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!".

Jerusalém é sobre violência dor medo e insanidade.
Gonçalo constrói personagens insólitas como Theodor Busbeck , um médico insano, fascinante (e repulsivo) em sua terribilidade.

Estou tendo pesadelos com o Dr. Busbeck desde então.
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Em tempo: Gonçalo escreve à perfeição.

domingo, 17 de maio de 2009

O que o italiano tem em comum com o baiano?


"Para nós o trabalho somente não basta;
nós sabemos penar, mas o sonho maior
dos meus pais sempre foi um soberbo descanso."
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"Perché il solo lavoro non basta a me e ai miei;
noi sappiamo schiantarci, ma il sogno piú grande
dei miei padri fu sempre un far nulla da bravi."
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Cesare Pavese, poeta italiano em
"Trabalhar cansa" (Lavorare stanca)

cinema na rua



Caro Davide:

Obrigada pela dica do Portal dos curtas da Petrobrás (www.portacurtas.com.br/). Você já deve ter notado que no Brasil, como na Itália, o cinema tem forte apoio estatal.

Sim, lembro bem: naquele verão você trouxe dois filmes ótimos para o Cine Cajueiro, “Forrest Gump” e “O último dos moicanos”. Como lhe disse antes, boa parte dos pequenos cinéfilos de Santo André prefere filme dublado ou brasileiro. Mas os filmes circularam pela Vila, pelo sistema de empréstimo, notadamente entre os adolescentes mais velhos que conseguem ler as legendas.
Faz uns dois meses, uns meninos de chuteiras tocaram a campainha lá de casa: pediam brindes para sortear entre os jogadores. O melhor atleta mirim.
Foi assim que o contador de estórias e o último dos moicanos saíram de casa para jogar futebol.
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Para ajudar “ a matar a saudade”, coloco algumas fotos.
Se você tem imagens dos moradores e da Vila de Santo André compartilhe conosco!

oficina de dança afro na Bahia


Mês passado houve uma oficina de danças brasileiras organizada por Vivian Lee para amigas e conhecidas nova-iorquinas. As moças viajaram milhares de quilômetros para dançar samba, lambada e maculelê em Santo André, olha que chique. Os professores, profissionais experientes, vieram de Arraial D'Ajuda (Ana Paula, Nairon).
Com aulas diárias -- começava com hidroginástica no mar -- e a participação de várias alunas locais como a Taísa, Andréa, Mona Lisa, Daniela.
O evento foi um sucesso. Com as americanas circulando pelo povoado, criou-se até a expressão "Vicky, Cristina, Santo André".
Nas palavras da Vivian:
"O último dia fiz o encerramento com a Noite Baiana, na Carmen. As alunas botaram as saias de maculelê e fizeram uma roda digna de todos os caboclos, que começou a noite com astral alto, e acabaram na Samba de Roda com música ao vivo, músicos locais mostrando bastante talento."
(Vivian, seu maculelê e seu português estão ótimos. Eu só coloquei alguns acentos.)


O músico na bicicleta é o Bambo, que a Vivian chama de "Bamboo"

Vocês conhecem estas mulheres?


Olha o corte de cabelo (e a elegância) da Vera.
Te cuida, Nélson!
A menininha é a neta (Bia)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

a fobia no cinema



Fui ver um filme chamado fobia: Filmefobia.
A primeira cena mostra uma vista para o mar; mais areia do que mar. Nota-se um ponto em movimento nesta praia arenosa, algo pequeno que se desloca em ziguezague em direção ao espectador.

É um anão, um anão pelado!

Saltitante, ele se dirige para nós, espectadores, e para outro homem, de estatura padrão, que está amarrado e amordaçado no primeiro plano da tela. O pobre do homem atado tem fobia a anões: seu rosto e seu corpo se contorcem de pavor.
O filme é isso: um rosário de pessoas fóbicas que são amarradas e forçadas a se deparar com seus medos, seus mórbidos medos: de ralos, de cobras, de lesma, de sangue, de esperma.

Só agüentei uns 20 minutos: fui a primeira a sair da sala.

Import Export (Ulrich Seidl, 2007)


O tema deste filme é o efeito que o cruzamento de fronteiras produz nos indivíduos, desde as mais óbvias – a passagem de um país para outro – até a perda da dignidade e o rompimento dos limites morais em nome do trabalho, da sobrevivência material.

“Observe o valor do dinheiro”, diz um personagem ao outro, mostrando uma mulher que finge ser um animal sobre 4 patas e aceita uma coleira no pescoço – única peça de seu vestuário. Nada demais, se se tratasse de um par onde ambos estivessem entretidos em folguedos eróticos. Mas quando uma parte só quer humilhar e oprimir, e a outra aceita porque é o seu trabalho, muda de amor para horror.

E esta não é a cena mais ultrajante do filme: as mais perturbadoras se passam num hospital geriátrico, com escatologia e crueldade ao redor. O tema é importante, mas ficou parecendo um filme feito para chocar.
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p.s.
depois destes filmes fui rever "Acossado", com Jean Paulo Belmondo (belíssimo!) e Jean Seberg. Mademoiselle nouvelle vague fez 50 anos e a mostra que passa na Cinemateca da Vila Mariana é uma das melhores pedidas da cidade, no momento.
O filme novo de Ang Lee (Desejo, Perigo) tem grandeza estética: grande produção de arte. Mas achei muito "normal"... acho que senti falta da perturbação causada pelo filme das fobias e o da importação/exportação... vá entender!

A linha Maginot



Talvez a arte seja uma forma de resistência ao horror.
Poema visual de Fernando Aguiar
via apaneutheneon(blogspot)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Jantar persa em Santo André da Bahia




Sábado passado, quem preparou o jantar no restaurante Casapraia foi Arum Arrachide, digo Hossein, o proprietário da Pousada Peki de Arraial D ' Ajuda. Na foto da esquerda, Hossein e sua mãe, residente em Teerã (está visitando o casal) e, na foto da direita, Jeannette (esposa de Hossein) com o Pablo.
Olha o cardápio:
mirza ghasemi
(berinjela com ovos e alho)
mast-o-ghiar
(yoghurt com pepino,alho e mentha)
kuku sieb zameni
(tortilla de batatas)
Prato Principal
ghoresh karafs
(fatias de carne de boi no molho de salsão, salsa e hortelâ, acompanhado de arroz)
A Jeannette, que é holandesa (Amsterdã), me escreveu um email muito bonitinho sobre a noite. Deixei no original. Jeannette tem pouco tempo de Brasil, mas já fala português e escreve ainda de forma incipiente. Creio que dá para entender.
"Amadeo e Pablo, os donos de restaurante Casapraia em Santo André começaram com um projecto interessante: a cozinha dos outros. Eles convidaram o Iraniano Hossein Tannazi que mora em Arraial d' Ajuda para cozinhar Persa. Na noite, teve um cheiro de salsão e bife combinado com menta na casa. Hossein troce carpetes, livros, musica e decorações do Iran.

Depois a jantar aos hospedes sentaram sobre o carpete Persa. Hossein explicou ao publico como a poesia faz parte da vida cotidiana Iraniana. Criança crescem, ouvindo poesia na casa, adultos sabem muita poesia da cabeça. Pelo menos 3 poetas Persas são muitos conocidos no mundo: Omar Ghayam, Hafez e Saadi. Hossein recito varias poesias em Persa, Claudio leu as mesmas poesias em Português. Depois cada de nos leu uma poesia."

Aniversário dos hermanos


Amadeo, Pablo e Alicia

Amadeo e Carmen

terça-feira, 12 de maio de 2009

Flores do dia




Sarabanda


Cheguei em São Paulo na véspera da Virada Cultural, o evento que faz São Paulo virar uma festa de canto, música e cultura durante 24 horas, sem interrupção.

Só para dar uma vaga idéia:
Estação da Luz

Palco toca Raul

19 bandas passeando pelos 20 anos da carreira de Raul Seixas, tocando todos os seus álbuns na íntegra.

Teatro Municipal

Artistas seminais da MPB tocando determinados álbuns, da primeira à última faixa. Uma paixão
antiga: Clara Crocodilo, de Arrigo Barnabé.






Avenida São João




Jon Lord, legendário pianista do Deep Purple, tocando o álbum Concerto para Grupo e Orquestra, ao lado da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.




Catedral da Sé (e ruas do Centrão)

Les Souffleurs
Uma performance para desacele-
rar o mundo. Atores perambulantes soprando delicados poemas no ouvido dos passantes.