quinta-feira, 30 de julho de 2009

Orçamento Participativo em Santa Cruz Cabrália e seus distritos




Em junho deste ano, Santo André recebeu uma comitiva de funcionários da Prefeitura – inclusive o prefeito Jorge Pontes. Vieram anunciar e explicar a novidade: Santa Cruz Cabrália terá um Orçamento Participativo. É um mecanismo de gestão pública que está sendo implantado no município, através do qual uma parcela do orçamento – muito pequena, não vamos nos iludir – poderá receber críticas, sugestões e fiscalização dos cidadãos.
Pois bem, ontem à noite, em reunião no auditório do IASA, aconteceu a segunda reunião, coordenada pelo sociólogo José Renato Mello, onde a platéia de moradores escolheu
1) as áreas de atuação consideradas prioritárias;
2) os delegados locais.
Novamente, o local estava cheio, talvez até mais gente do que na primeira reunião. Depois das inscrições na lista de presenças e do recebimento da cédula do voto, deu-se início à listagem das prioridades, de onde sairia as 3 principais. Foram elas
1) saneamento básico
2) saúde
3) água
A primeira dispensa comentários: sabemos que só 50% da população brasileira dispõe deste serviço público. Para a saúde, desejamos que o posto de saúde local se torne um PSF – Programa de Saúde da Família. Esta promoção traria melhorias no atendimento médico e traria o tão sonhado consultório dentário. Cabrália dispõe de 10 PSFs – nenhum em Santo André.
Quanto à água (ai, esta água!) lembramos que no final do ano passado – em plena época de festas do final do ano – a cidade ficou mais esburacada do que queijo suíço porque estavam instalando um novo sistema de água encanada, uma vez que o antigo está em situação precária. Quando tudo parecia pronto, a empresa terceirizada para este serviço se retirou do povoado sem concluir a tarefa.
Vamos ver se agora sai água destes canos.
Escolhidos os tópicos, passou-se à eleição dos delegados locais. Foram eleitos: Edivaldo, Jimena, Josivalda (a Jô), Joílson, Messias (do futebol) e Cláudio Calmon (o mais votado).
Foi uma noite democrática e bonita. Conseguimos lidar muito bem com as dificuldades que já fazem parte do folclore da cidade: apareceu um bêbado para perturbar, surgiram reclamações de caráter pessoal, faltava objetividade e outros percalços.
Mas o objetivo foi alcançado: fizemos nossas escolhas, através do voto. Além disso, fato que me emocionou, havia muitos jovens na platéia e diversos deles fizeram intervenções, perguntas e sugestões, nem sempre apropriadas (a meu ver), mas ingressando neste processo de participação comunitária e cívica.
Nesse quesito do Orçamento Participativo o próximo passo será uma reunião com todos os delegados do município e seus povoados em final de agosto ou início de setembro, em Cabrália.
O que nos falta agora, minha gente, para preencher uma lacuna de atuação comunitária fundamental é a composição de uma chapa coerente para a eleição da diretoria da ASSOCIAÇÃO DE MORADORES. Será em setembro.


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Odaras


Achei duas Odaras no meu correio eletrônico hoje.
A primeira foi sobre um evento que aconteceu. no Teatro Oficina em São Paulo. A notinha dizia que foi uma festa onde se "soltou a franga", literalmente. Festa inspirada em Caetano, no swing dos Novos Baianos, Amy Winehouse e as enigmáticas pornochanchadas.
Wow
A segunda Odara é esta simpática jovem aí em cima. Toda Santo André conhece, é uma cachorrinha efusiva e alegre.
Detalhe: só late em espanhol

terça-feira, 28 de julho de 2009

Meu primeiro autógrafo virtual

Em novembro de 2008 coloquei aqui no blog o post abaixo:

Tiago Torres da Silva, profissão poeta, é um escritor português que vem enriquecendo a música brasileira escrevendo letras de músicas para parceiros (do lado de cá do Atlântico) tão diversificados como Luiz Felipe Gama e Zeca Baleiro.

No novo cd de Luiz Felipe (programado para sair em 2009, em Portugal antes daqui) está prevista a inclusão do belo poema
"Atlântico"
"Não me falem do português de um lugar
A minha língua fala-se no mar
E levanta-se em ondas como um cântico.
A minha língua é um barco a vela
E sou eu que navegando dentro dela
Escrevo com sotaque atlântico."
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Há poucos dias tive uma surpresa linda, chegou um comentário do próprio Tiago (transcrevo, abaixo)
"que surpresa tão boa!muito obrigado! é muito feliz o que me tem acontecido nesse país maravilhoso que é o Brasil! estou cheio de saudade!qualquer coisa, meu mail é (...)
um abraço,
tiago
16 de Julho de 2009 19:44"
Tiago além de músico é teatrólogo.
Adorei a resposta para "Quem sou eu?"
--Sobre mim não sei dizer melhor do que citar Beckett quando escreve
"Falhar, falhar de novo, falhar melhor!"-----------
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Não sei se deu para explicar bem, estou com pressa para fazer posts sobre Antonio Lobo Antunes, Gonçalo Tavares, Saramago e todos os escritores que eu conseguir encontrar em língua portuguesa... quem sabe ganho outros autógrafos?

sábado, 25 de julho de 2009

Costa Brasilis, o resort de Santo André


Logo que a CVC arrendou o resort Costa Brasilis, este complexo hoteleiro
aí em cima, nós, os amigos de Santo André, ficamos pra lá de apreensivos. Imaginávamos uma horda de turistas anti-ecológicos, algo assim tão terrível quanto a bíblica praga de gafanhotos. Além disso, a CVC já trilhava por aqui em forma de passeios de escuna e os comentários eram intensos quanto aos dejetos jogados pelas embarcações dentro do rio João de Tiba.
Àquela época, compartilhamos algumas reuniões com o gerente-geral do hotel, um jovem educadíssimo e preparado que viera de Gramado (RS). Lembro-me com um certo embaraço que desenrolamos um longo rol de queixas, quase não o deixamos falar.
Afinal, qual era o benefício para a Vila trazido por turistas que mal saíam do hotel? (e portanto não frequentavam os restaurantes locais, não faziam compras, não geravam renda para os estabelecimentos pequenos)
O som que se ouvia lá também não animava: alto demais e de gosto duvidoso.
No verão o hotel lotou tanto que houve uma série de inconveniências, conforme íamos sendo informados pelos raros hóspedes que saíam do resort.
O mal estar estava crescendo e a Mônica Paoletti escreveu uma (famosa) carta para o Sr. Saldanha, executivo da empresa, que respondeu com presteza. Coloquei aqui no blog e vi, pelos mapas do Feedjit (é um serviço que mostra quais são os posts mais acessados), que a carta da Mônica bombou. Muita gente entrando no blog via CVC.
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Pois bem:
Chegou um novo gerente há alguns meses, um jovem chamado Edmilson Pereira. Desde o início as notícias foram boas: cordato, empreendedor, amigo do diálogo e mais interessado em parceria com a comunidade local.
Parece, gente, que a CVC está com planos melhores para Santo André. Recentemente trouxe duas pessoas de uma empresa paulistana para elaborar um projeto sócio-econômico baseado no tripé empresa+poder público+ sociedade civil, com enfoque ecológico e objetivo de contribuir para a sustentabilidade local.
Tomara!
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na foto menor, o interior do SPA do Hotel Costa Brasilis

quinta-feira, 23 de julho de 2009

cultura nordestina



O sonho atual é angariar recursos oficiais para o Centro de Convi-vência e Cultura de Santo André. Sempre lutando contra a escassez e querendo ampliar o número de crianças e jovens que frequentam o Centro, nós da Diretoria resolvemos fazer um esforço, correr contra o tempo e planificar um projeto cultural para arriscar uma chance no programa ao lado.
Se o pessoal da comissão examinadora pudesse vir aqui e ver in loco o processo que se percorre junto com esses meninos, a metodologia com que se trabalha em Arte-Educação, o resultado do trabalho que se faz há sete anos... acho que conseguíramos ajuda num piscar de olhos.
Mas como colocar no papel? E logo nós que nem experiência no ramo temos. Com pouquíssimos dias para preparar orçamento, planejamento, estratégia de ação, justificativas, objetivos e aquelas coisas toda de um longo e detalhado formulário. Duvidei muito que conseguíssimos colocar no Correio aquela alentada papelada e seus anexos. Seguiu ontem!
Não sei se temos chance, na categoria que estamos competindo, há apenas 7 premiações para todo o Nordeste, norte de Minas e Espírito Santo, a área de atuação do banco de fomento (BNB).
Mas foi lindo participar de um trabalho de equipe sem hierarquia sem dono sem competição. Adorei, foram alguns dias corridos, algum momento tenso, mas cheio, cheio mesmo de amizade, respeito e colaboração entre todos.

O que é um artista?


É alguém como Ozu, o grande cineasta Yasujiro Ozu, alguém que consegue trabalhar com leveza e humor sutil o cotidiano mais banal.
É alguém que faz um filme sobre crianças no Japão de 1932, um filme mudo com alguns textos de ideogramas intercalados entre as cenas pretas e brancas, um filme que mais de 70 anos depois faz crianças de um vilarejo baiano rirem no outro lado do mundo.
A gente colocou na tela meia hora antes do filme principal, no Cine Cajueiro de ontem, este filme ("Meninos de Tóquio") que é geralmente reconhecido como o primeiro das grandes obras do mestre Ozu. Um dos mais delicados trabalhos cinematográficos sobre infantes, sobretudo quando confronta a hipocrisia dos adultos e a inocência infantil.
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Mauricinho, um menino de Santo André pediu o filme emprestado para ver em casa. Chegou hoje perguntando sobre o "filme dos anãozinhos"

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Festival de literatura de Paraty Flip


Esta moça postada numa ponte anunciava seu romance e perguntava a quem passasse
você acredita no amor?

Rilke Shake


Livro de poemas de Angélica Freitas
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UM fusca
vermelho bala soft
morreu
naquele morrinho
ali ó
vermelho
cor de bala soft
como a cara
dos caras
que empurraram
e ó
pó pó pó
pegou
no longe o vi ainda
redondo e soltando fumaça
pra dentro da boca sem dentes
do túnel
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foto de Usha Veloso, de Brasília

domingo, 5 de julho de 2009

FLIP Festa literária de Paraty



No dia 4 de julho, dia da independência americana, conheci os franceses Sophie e Gregoire. Dirigiram-me a palavra sem apertarem minha mão e sem me olharem, no entanto contaram-me intimidades de suas vidas amorosas. Eles se conheceram quando Sophie fez uma festa para celebrar seu aniversário e -- como em anos anteriores -- chamara para a festa o número de pessoas correspondentes à sua idade + 1, o convidado surpresa. Grégoire era a surpresa da vez, levado por uma amiga de Sophie que fora sua namorada anos antes (e o abandonara ). Ele contou ali para a atenta e curiosa platéia que levou de presente um caríssimo Chateaux Margaux e para seu desapontamento Sophie nem tirou o papel de seda da embalagem pois, como explicou um conviva, ela nunca abria seus presentes de aniversário, só os guardava em estantes para depois fotografar ou abrir numa hora de solidão.
Sophie tem outros hábitos curiosos: gosta de seguir as pessoas: uma vez seguiu alguém de Paris até Veneza e fez disso uma obra de arte conceitual. Em outra ocasião, contratou um detetive particular para segui-la. E outra pessoa para seguir o detetive. Sem necessidade econômica, trabalhou como arrumadeira de hotel para bisbilhotar e fotografar a bagagem dos hóspedes.
Gregoire nasceu em 1960 em Tizi-Ouzou, na Argélia. Foi andarilho, pintor e finalmente jornalista e escritor. Seus livros são baseados em experiência pessoais divertidas e francas. Num deles, “O convidado surpresa” ele conta a estória de seu relacionamento com Sophie.
Mas a questão aqui de Paraty é que depois de meses de relacionamento – Sophie confessou que estava apaixonada – Grégoire resolveu terminar o namoro e o fez através de um email – deixando Sophie indignada e confusa com as palavras evasivas dele. A artista escolheu mulheres de 107 profissões diferentes e pediu para elas interpretarem o que ele realmente quis dizer. O resultado é o trabalho Prenez soin de vous (“Te cuida”), que recebeu como título as últimas palavras da carta.
Ontem foi a primeira vez que os dois discutiram o final do relacionamento e o fizeram em público. Grégoire disse que veio a Paraty para não ficar com toda a culpa da estória. “Não concordo com o procedimento de Sophie, mas o resultado é incrível”, disse ele. “O e-mail era de alguém que decide ir embora, mas não sabe como dizer isso”, retrucou Sophie. “Não se tratava de vingança, mas de um projeto artístico”.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

a chegada em Santo André (Bahia)


Para lembrar nosso povoado...
primeira visão de Santo André, chegando na balsa que vem de Santa Cruz Cabrália.
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foto de Amale Karam Abou Jokh

quinta-feira, 2 de julho de 2009

como chegar em Paraty


Dois dias de viagem de Santo André
para Paraty.
Mil e quatrocentos quilômetros: primeiro o norte do Espírito Santo, cheio de eucaliptais.
Imensos desertos verdes: pela primeira vez senti resignação com a idéia dos livros de papel migrarem para a eletrônica.
Dormimos em Cachoeiro do Itapemirim, a pousada em frente ao rio com o incessante som do rio encachoeirado.
Roberto, eu nunca pensei que iria conhecer sua terra, "seu pequeno cachoeiro" cresceu demais.
Depois dos eucaliptos vieram as serras. Tudo bonitíssimo principalmente as montanhas do estado do Rio.
A estrada na serra do mar na descida para Angra: alumbramento como diria Manuel Bandeira