quarta-feira, 30 de março de 2011

Projeto Amiga Tartaruga (PAT)

Quem frequenta o povoado onde moro provavelmente conhece a Mônica Paoletti, uma moradora itinerante de Santo André da Bahia.  Na última vez em que a vi, ela comentou sobre sua vontade de ajudar a  fortalecer, na Vila de Santo André, uma atitude comunitária mais atenta à preservação do nosso bonitíssimo meio-ambiente.O lugar tem um pouco de tudo: mar, rios, palmeiras, Mata Atlântica, mangue, restinga, peixe fresco, camarão novinho, passarinho, ilhas, tartaruga (cobra e mosquito também). Agora recebi um email dela contando com mais pormenores a idéia do projeto.
A carta da Mônica:

"Tenho boas novas sobre o meio ambiente de nosso Santo André e acho que seria bem legal divulgar no seu blog.
Desde o verão de 2010, após toda aquela polêmica em torno da rave na praia das Tartarugas, resolvi deixar de lado as discussões inconclusivas e tentar entender verdadeiramente se há ou não desovas de tartarugas na praia de Santo André.
Pois bem, me dirigi ao Projeto Amiga Tartaruga (PAT Ecosmar), coordenado pelo biólogo Paolo, com sede em Porto Seguro, e filiada ao Projeto TAMAR, que já há alguns anos vem fazendo este trabalho de monitoramento e preservação de varias espécies de animais marinhos e silvestres e me engajei nesta causa ambiental.
 Como ainda não resido permanentemente em Santo André,  minhas tarefas como voluntária são, basicamente, distribuir material informativo, divulgar o trabalho do Pat Ecosmar, notificar desovas, encalhes ou tartarugas mortas, e ajudar no resgate de tartarugas, o que já ocorreu em julho/2010 quando eu e meu amigo Alexandre (também residente itinerante de Sto Andre) resgatamos uma tartaruga afogada e desnutrida bem na praia das Tartarugas (!!!), tudo feito sob a orientação do Paolo  que na manhã seguinte veio buscá-la para tratamento na base do PAT.
 Enfim, a cada vinda minha a Santo André tenho procurado fazer este trabalho de "formiguinha", buscando fundamentalmente responder a estas indagações: há desova de tartarugas em Sto André? quantas? em quais locais? A partir disto, possamos ter argumentos objetivos para justificar um trabalho de monitoramento e preservação das tartarugas, proteger as áreas de desova e garantir que os ninhos fiquem bem cuidados, para que não ocorram ataques de outras espécies animais ou mesmo da espécie humana. 

A partir deste verão/2011 passei a contar com a ajuda valiosa cooperação do nosso conhecido e estimado Vevé, nativo e pescador, e de seu filho Luciano. Ambos já faziam espontaneamente este trabalho mas, a partir deste verão, estamos procurando nos organizar para mapear as desovas, proteger os ninhos, acompanhar o nascimento dos filhotes, e notificar todos estes acontecimentos para o Paolo (PAT), que centraliza, coordena e orienta toda a operação.
Este trabalho inicial visa levantar informações suficientes para que possamos fundamentar a captação de recursos financeiros para constituir uma base local do PAT, sob a coordenação do biólogo Paolo, capacitar nossos adolescentes e jovens para se tornarem monitores ambientais e, com isso, garantir a preservação das tartarugas e do meio ambiente. Com isso, nossa praia de Santo André poderá também se tornar um atrativo turístico/ecológico, alinhado com os melhores princípios contemporâneos de preservação ambiental e, assim, atrair um turismo de boa qualidade, não poluente, e em harmonia com a característica regional de "sossego com requinte".

segunda-feira, 28 de março de 2011

procura-se porteiro para prédio próprio

Numa dessas nossas vindas para São Paulo, passou-se o episódio abaixo -- uma história de aeroporto, trânsito e taxista. Quer algo mais paulistano?  Na verdade já contei esta história, tempos atrás. Dei uma revisada no post e lá vai ele de novo...
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O comandante da Gol aterrissou o avião no aeroporto de Guarulhos precisamente no horário marcado. Bom começo – e a sorte continuou a me acenar: na esteira rolante das bagagens despontava minha mala personalizada por dúzias de mini adesivos redondos e coloridos. Saí apressadamente da sala de desembarque, desviando dos outros viajantes, dos carrinhos rolantes e das pilhas de malas: eu só tinha seis minutos para alcançar o ônibus da Gol que faz o trajeto bate-e-volta entre Guarulhos e Congonhas.
Felicidade! Cheguei a tempo. Quem não apareceu foi o ônibus. Perdeu-se, entre os dois aeroportos. Véspera de feriadão... Devia ter um milhão ou mais de pessoas tentando sair ao mesmo tempo de São Paulo. Não havia previsão.  Fiquei indecisa, esperei um tempo, mas acabei desistindo do ônibus gratuito.  Comprei passagem em outro serviço de ônibus executivo sem escapar do infortúnio de passar três horas presa no trânsito.
Para distrair, comecei a prestar atenção à conversa de um passageiro ao celular (olha que falta de educação).  Ele falava alto e telefonava alternadamente para a ex e para a atual mulher – queria convencer uma delas a buscá-lo no aeroporto enquanto explicava para a outra que não poderia ficar com as crianças naquele final de semana prolongado. Tantos telefonemas fizeram a voz dele fraquejar; e, o pior, nosso companheiro parecia estar em séria desvantagem. À esta altura quase todo mundo dentro do ônibus acompanhava em silêncio curioso o desenrolar das negociações.  As ligações do homem para as mulheres foram rareando, ele foi baixando o tom da voz  – e a gente ficou sem saber o resultado, como naqueles filmes que terminam “em aberto”.  Tivemos que nos consolar com a música de péssimo gosto que saía das ondas da estação de rádio escolhida pelo motorista do ônibus.
Minha aflição era intensa. Eu havia combinado com minha irmã, que estava chegando de Brasília, que  aguardaria por elas (vinha com a filha) dentro do apartamento da Vila Mariana. Elas não tinham chave, nem eu avisara a portaria. Pelas regras de segurança do prédio elas ficariam  do lado de fora até eu chegar – e estava frio.  Nem celular eu portava naquela hora.
Quando finalmente cheguei ao meu destino, não avistei ninguém em frente ao edifício. Eu pegara um táxi em Congonhas, o porteiro noturno reconheceu-me, abriu as grades e veio me ajudar com a bagagem. Perguntou-me logo se aquele taxista tinha se perdido no caminho.
- Não, respondi, surpresa. Ele veio pelo caminho certo.
- Mas ligaram para cá, perguntando como chegar.
- Como assim?,  retruquei, estranhando o assunto.
O porteiro abriu um sorriso exultante: 
- Eu sabia! Eu sabia que era um golpe!
- Golpe?, meu espanto só aumentava.
Só fui entender o que acontecera  realmente quando minha irmã e a sobrinha chegaram.
Quem estava perdido no trânsito era o motorista do táxi delas. Minha irmã tinha o número da portaria. Só que o porteiro da noite é um sujeito bem desconfiado e não a conhecia. O diálogo entre ele e minha irmã se passou mais ou menos assim:
- É da portaria do Edifício Casimiro de Abreu?,  perguntou minha irmã
- Quem está falando?, responde o porteiro.
- Eu sou a irmã da moradora do apartamento 121, estou vindo de Brasília.
(silêncio prolongado)
Minha irmã insiste: Estamos andando em círculos dentro de um táxi, o motorista não conhece a redondeza, o senhor pode explicar o endereço pra ele?
- Porquê?
- Porque não estamos encontrando a rua... preciso que o senhor ensine o caminho para o motorista do táxi. 
- Ah... Olhe, sinto muito, mas não posso fazer isto. É contra o regulamento do prédio.
- Moço, por favor, estou afirmando que sou irmã da proprietária do apartamento. Já tenho o endereço completo (deu até o CEP), estamos próximos, só não sabemos como chegar.
 (silêncio muito prolongado)
Com bastante calma minha irmã explicou tudo outra vez: estavam perdidas no trânsito, dando voltas e voltas, o taxista não conhecia a rua...
Debalde. O porteiro desligou o telefone. Mas não sem antes perguntar:
- Que tipo de golpe é esse, hem, minha senhora?

a fotografia de Marcos Santilli

Lembro de Marcos Santilli com uma certa familiaridade porque ambos moramos em Brasília (ele namorou uma amiga) e logo ficou conhecido como fotógrafo talentoso. Tem um belíssimo currículo. Esta foto, de um rio de Rondônia, por exemplo, me sensibilizou pela textura quase palpável dos frisos da água
Embarcações de Porto Seguro  (Santo André da Bahia fica pertinho daí)
Rio Madeira
Pimenta Buena, Rondônia (parece saída do "velho oeste")

sábado, 26 de março de 2011

Ródtchenko e o mundo pictórico de Paula Rego

Não está claro se o painel na entrada da Pinacoteca é um convite aos curiosos ou um pedido de socorro – entrei para ver uma retrospectiva do fotógrafo russo Alexandr Rótdchenko,  e agradeço aos curadores o prazer de um passeio visual estupendo:  bem em frente aos meus olhos estavam algumas fotos célebres, como o retrato de sua mãe com os pequenos óculos redondos (um registro pungente, ela aprendeu a ler tardiamente), composições urbanas perfeitas como “ Degraus” ou retratos do poeta Maiakovsky.
Diagonal de degraus, Ródtchenko. Abaixo, Maiakóvski (" Desatarei a fantasia em cauda de pavão num ciclo de matizes...)"
A Pinacoteca, mesmo passando por uma reforma no segundo andar, é um espaço tão lúdico e bonito! Sair clicando o próprio prédio é brincadeira irresistível...
Depois de ver as obras de Rodchenko, perambulei ao léu até parar na entrada desta sala. (abaixo). Como a porta estava aberta, dei uma espiadela na pintura que parece estar sendo indicada pela seta.  Fiquei estatelada, foi um caso instantâneo de atração fatal. Quem seria esta pessoa capaz de passar uma força tão poderosa usando apenas pincel e tintas?
As escrituras dos painéis informam: Paula Rego, portuguesa radicada em Londres uma das “artistas-chave da atualidade.”  Não sei dizer se Paula é uma das grandes artistas do século, mas é óbvio que se trata de uma genial contadora de histórias, todos seus quadros parecem falar de tramas, enredos intrincados e demostram uma imaginação extraordinária.
as irmãs Papin
Mas voltando ao quadro da entrada – seu título é “As criadas” e diz respeito a um notório caso de assassinato ocorrido na cidade francesa de Le Mans, na década de 1930. O caso das irmãs Papin teve grande repercussão na França. Foi até o tema da tese de doutorado de Lacan (“Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade”)!  Além de ter sido objeto  de cinema (“Entre elas”) e de várias outras obras de arte, como esse quadro de Paula Rego.
Eram três irmãs. Abandonadas pelo pai e vítimas de descaso materno, as meninas tiveram infância dolorosa.  Uma foi para o convento;  as outras  trabalhavam no serviço doméstico de residências burguesas.  Durante 7 anos trabalharam como criadas na mansão de um rico advogado,  sua mulher e filha. Christine e Léa eram consideradas empregadas-modelo e de tal modo se tornaram imprescindíveis que seu comportamento bizarro era aceito pelo senhorio.  Não havia qualquer tipo de comunicação entre os rígidos patrões e a as moças, somente ordens que eram obedecidas em silêncio. Nas folgas, as irmãs se recolhiam ao quarto que dividiam, partilhando a mesma cama. Trocavam delicadezas femininas entre si, camisolas de renda, bordados.   O advogado ficava bastante tempo fora de casa. A tensão se acumulava entre os dois pares femininos. O comportamento psicótico das criadas é desatrelado após um incidente banal com a eletricidade da casa (um curto-circuito). Léa passa uma peça de cetim da senhorita e a blusa é queimada.
" A filha do polícia"
O que houve depois? Transcrevo as palavras do  famoso psicanalista e psiquiatra argentino Juan David Nasio, em seu  livro “Os grandes casos da Psicose”,  de 2001:
   "Quinta-feira, 2 de fevereiro de 1933, na cidade de Le Mans, província de Sarthe. São cerca de vinte horas; a polícia municipal é chamada à residência de René Lancelin, que não havia conseguido entrar em sua casa, arromba a casa do antigo procurador e, no primeiro andar, encontra a Sra. Lancelin e sua filha assassinadas, com os corpos pavorosamente mutilados e os olhos arrancados das órbitas.
No segundo andar, refugiadas num canto da cama e agarradas uma à outra, as duas empregadas exemplares, Christine e Léa Papin, confessam sem dificuldade haver cometido o duplo assassinato de suas patroas - patroas irrepreensíveis, segundo suas palavras. Um simples incidente insignificante, a propósito um ferro de passar com defeito e de um fusível queimado, parecia haver desencadeado a carnificina sangrenta
".
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Ao término da mostra – são 110 obras que traçam uma narrativa visual da condição humana -- abri a porta de saída e procurei imediatamente uma cadeira para sentar...
O que é mais perturbador,  a vida ou a arte?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Uma manhã no Brooklyn


O som arrastado dos ônibus percorrendo a avenida me acordou antes das cinco. Lembrei que aquele era o dia agendado para ir ao consulado americano solicitar a renovação de meu visto de turista e isto me fez desistir de tentar dormir mais um pouco. Sabia que seria um dia monótono e que paciência seria artigo imprescindível.  Chequei o endereço na internet , imprimi a rota que achei no serviço de mapas do Google, tomei café preto, beijei meu marido e saí do prédio já procurando táxi.  Trinta e cinco minutos depois, o motorista me deixou em frente ao portão do consulado, no Brooklyn paulistano. Não se encostem nas grades, gritava um jovem de jaleco vermelho onde se lia "posso ajudar?". A visão era nada alentadora: as calçadas estavam apinhadas de gente, de um lado e do outro da rua.  A primeira fila existe só para você conseguir passar para o lado de dentro dos portões.   
O tipo de comércio que vigora naquele pedaço de rua é todo voltado para a atividade de  tirar o visto de entrada em território americano: cafés, revistaria, escritórios de despachantes, mini-estúdios fotográficos, guarda-volumes (é proibido entrar com qualquer coisa eletrônica, mesmo um mero pen-drive). Resumindo: ou você paga para alguém guardar seu Ipod ou você joga ele no lixo, como ouvi um funcionário do consulado explicar a um fulano desavisado.
 Foi uma operação longa e enfadonha. O único momento agitado foi quando me dei conta que perdera parte da papelada. O coração deu um salto - voltei para a entrada do prédio com a adrenalina correndo solta nas veias. Lá estava a pasta de plástico em cima do balcão da segurança com meus papéis dentro...
Depois do sobressalto foi tudo tranquilo, só precisei enfrentar uma meia-dúzia de filas...
1  -  mostrar a folha de agendamento para os moços de jalecos vermelhos;
2 - passar pelos guardas da segurança (não precisa tirar os sapatos, como às vezes acontece nos aeroportos);
3  - pegar a senha e mudar para a fila número 4
(pré-entrevista)
5  - tirar as impressões digitais e aguardar a entrevista na fila número 6.  A pior de todas.
7  - pagar a taxa do Sedex (se o visto for aprovado).
Foram três horas de burocracia, mas pelo menos agora o visto é válido por dez anos.

FEICON - Feira de materiais de construção

No nosso segundo dia em São Paulo decidimos acompanhar o Caio (que estuda engenharia civil) numa pesquisa que ele precisava fazer sobre materiais de construção. Fomos ao Anhembi, no último dia de uma feira tradicional daqui da Paulicéia
É onde o pessoal que comercializa artigos para a construção civil, expõe as mais recentes tecnologias do setor
Esse stand era para vender lâmpadas... mas parecia um lugar de "baladas"
A diversidade de produtos era imensa... e mais uma vez, pude constatar como a figura feminina se empresta ao marketing de vendas....
Esse stand, por exemplo, foi um sucesso...
Essa casinha também chamou a atenção... Toda de aço e poliuterano. Leva 48 horas para ser montada, que tal?

Fazenda São Vento - Mojiquiçaba

Alguns dias antes de virmos para São Paulo passamos na casa do Giampi para visitá-lo e despedirmo-nos da Loredana que já estava de regresso para a Itália
É bonito demais, o lugar que eles moram!
Os dois começaram a construção do "Centro Cultural São Vento", olha que bacana...!
Planos e planos para trazer mais cultura e contato com as artes para aquela nossa região da Bahia... É o sonho se tornando realidade..

sábado, 19 de março de 2011

vôo de porto seguro para são paulo

O vôo entre Porto Seguro e São Paulo foi bonito de doer: o comandante escolheu a rota aérea que vai beirando o litoral. Bem mais interessante do que ver apenas mar e nuvens – isto fica monótono depois de um tempo. Porém quando se trafega perto da costa brasileira, é possível enxergar o contorno das praias, as mini-penínsulas, as ilhas, os rios barrentos que tingem o mar com o vermelho da terra, o precipício das falésias.  Nos últimos 20 minutos de vôo senti uma leve tremedeira, pois tivemos que atravessar uma muralha de nuvens do tipo cúmulos-nimbo e mesmo uma pessoa leiga como eu sabe que elas são gordas e altas porque armazenam vapor, granizo e lançam raios. O piloto veio conduzindo a aeronave com perícia, quase sem turbulência, parece que há corredores que serpenteiam no meio da montanha de nuvens e que são indicados pelos radares.
Ainda bem que desci em Guarulhos com um estoque de bom humor armazenado, pois o táxi que nos trouxe até a Vila Mariana veio se arrastando penosamente no meio da gigantesca frota de automóveis que domina as ruas da capital paulistana.  Finalmente chegamos ao prédio de apartamentos onde passamos as férias de cidade e lá estava o Caio nos aguardando. Felicidade é reencontrar filho.
Agora é recuperar da noite mal dormida (desacostumada que estou aos ruídos citadinos) e curtir a diversificada cena cultural que São Paulo oferece, não posso perder de ver as fotos de Thomas Farkas,  Alexander Rodchenko na Pinacoteca, a mostra de arte e civilização do Islã (no CCBB), umas 2 ou 3 peças e muito cinema...
ritmo do trânsito de São Paulo


Fotos antigas de Santo André da Bahia

A Wally procurou fotos antigas de Santo André e mandou de presente para nós, lá da Alemanha. Essa pequena rua que aparece na imagem, hoje está bem diferente: cheia de casas e sem tanta água
como não havia estrada, nem balsa, o transporte coletivo era feito em barcos... olha o povo tomando o "ônibus"

 foi a época "heróica" do povoado... os carros atravessavam os rios de um modo que beirava o improviso... (repare o Hans equilibrando o buggy nas tábuas)
essa era a forma precária de atravessar o rio Santo Antônio... hoje existe uma ponte grande, de concreto e ferro... tem muita gente que fala com saudades desta época em que Santo André, Santo Antônio e os demais povoados eram de acesso difícil

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dare Mo Shiranai (Japão, 2004).


Na noite sufocante de ontem – não soprava nem a mais leve brisa  --  decidimos ficar em casa e ver  este filme que meu marido havia acabado de baixar das nuvens.  Em português ganhou o título de “Ninguém pode saber”. O roteiro gira em torno de uma história real que o diretor (Hirokasu Koreeda),  leu no noticiário de jornal.   A trama mostra a tentativa de uma mulher  de se infiltrar num prédio de apartamentos onde famílias numerosas  não são bem-vindas nem aceitas – e ela tem 4 filhos.  Calculadamente, ela se apresenta ao senhorio do edifício na companhia apenas de Akira, o filho mais velho, de 12 anos.  Dois outros meninos são colocados dentro das malas, e a menina será trazida para dentro clandestinamente, na calada da noite.
Ficamos sem saber se a heroína consegue realizar seu plano, porque na hora de conectar o computador à TV descobrimos que o download do filme japonês sumira dos arquivos.  Em vista da dificuldade, pulamos para outra pasta e começamos a assistir “Sur mes lévres”, um filme de suspense francês, durante uns 40 minutos, até aparecer uma mensagem no cantinho direito da tela da TV  avisando que Pedro estava online.  Logo depois ouvimos o característico som do telefone via Skype e quando o Cláudio atendeu, a voz do Pedro saiu pelo som da televisão.  Ou talvez tenha sido o contrário -- esta mistura de mídias está me deixando confusa. 
Tudo bem, meu filho? , o Cláudio perguntou.
Pedro e Yumi nos levaram neste restaurante para um "brunch" chinês (New York, 2010)
A resposta que saiu dos microfones para se expandir na acústica da sala nos deixou em sobressalto.  Pedro não estava em casa (mora em New York com a esposa Yumi). Naquele momento, ele estava precisamente no aeroporto de Honduras, em viagem de trabalho.  A esposa de Pedro é japonesa e toda a família dela (pais, irmão, irmã, sobrinhos), amigos e parentes moram na região de Sendai. Sobreviveram ao terremoto e ao tsunami com algumas rachaduras na casa e danos leves.  Atualmente estão sofrendo racionamento de comida e energia, como toda a população da região, mas estão bem. O que se teme agora é a radiação atômica: moram próximo às usinas nucleares que explodiram.  Talvez seja preciso removê-los de lá, são oito pessoas. Uma das alternativas poderia ser uma temporada de alguns meses no Brasil, talvez numa cidade do interior  do estado de São Paulo onde haja uma colônia de imigrantes japoneses significativa. Pode ser permanecer no Japão, só que em outra cidade.  Não sei o que vai acontecer com a família de Yumi daqui pra frente, só sei que foi difícil conciliar o sono.

Ilha do Peso, no rio Jequitinhonha

ainda não conheço a travessia que se faz de Belmonte para Canavieiras passando pela Ilha do Peso
esses flagrantes saíram da câmera da Maninha, num passeio com os amigos, neste verão de 2011
pelo visto,  a Ilha é bem bonita, corresponde à fama adquirida

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ricardo Freire recomenda Santo André da Bahia

restaurante Casapraia (foto de Pablo&Amadeo)
Boa surpresa ao abrir a caixa de correspondência hoje cedo. Um email da Léa Penteado comentando a matéria do Ricardo Freire que saiu na revista da GOL, com o título "Fu-turismo".   Ele -- que conhece o litoral brasileiro como ninguém -- conjetura sobre os destinos turísticos mais desejados nos próximos dez anos. 
Sugere 5 localidades - e qual é a primeira?  Veja abaixo:

"SANTO ANDRÉ DA BAHIA
Sombra e sossego na terra da felicidade
Você desembarca em Porto Seguro e então roda 30km até o centrinho de Santa Cruz Cabrália. Com sorte, chegará no horário da balsa, que a cada meia hora (durante o dia) ou de hora em hora (à noite) atravessa o Rio João de Tiba. Durante a travessia  você deixa para trás o axé de Porto Seguro, o agito de Arraial d´Ájuda, o nariz empinado de Trancoso e a fama  da praia do Espelho - e chega a um lugar onde o sossego, a simplicidade e o bom gosto se encontraram e de onde não querem mais sair. Bem vindo a Santo André da Bahia - o "da Bahia" acrescentado recentemente por moradores que se cansaram de explicar que a praia não está na Grande São Paulo. É incrível a quantidade de gente viajada que resolveu se fixar por lá - sinal de que a energia do lugar é realmente especial. "
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Concordo, inteiramente.   Meu marido e eu optamos por morar nesse povoado há quase 5 anos. E realmente foi preciso dar meia-volta ao mundo para chegar até Santo André da Bahia.
Saudações, Ricardo! Como já lhe falei em outra ocasião, o "Rick's Cafe" local está só aguardando a sua chegada para ser inaugurado.

domingo, 13 de março de 2011

A vila de Santo André - outros relatos

pescadores do povoado
Hoje por acaso me deparei  com este texto sobre SA no site do Camping do Caju (um camping situado na estrada da balsa de Arraial de Ajuda.) Não traz o nome do autor,  mas agradeço...
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"A vila de Santo André, bairro de Santa Cruz Cabrália é um lugar curioso. Favorecida pela sorte, por ser afastada do turismo de massa, a pequena Vila fica a  vinte quilômetros do aeroporto internacional de Porto Seguro. Chega a ser inacreditável que esse povoado, mesmo próximo de endereços badalados como Trancoso e Arraial d’ Ajuda, consiga se manter inalterado, preservado, com poucos habitantes, mantendo ainda hoje o charme que essas localidades tinham há trinta anos.
Soma-se a isso o fato de estar bem no meio da área de proteção ambiental (APA) de Santo Antônio, que garante a preservação de seu vasto patrimônio natural: Mata Atlântica, restingas, várzeas, brejos, mussunungas, manguezais e recifes de corais. Por tudo isto, a vila de Santo André é um destino imperdível, onde em tempos idos, viviam os Tupinambás - índios místicos, amantes da natureza.
Há cerca de 100 anos o lugar era quase somente mata, com muitas jaqueiras, rios cristalinos e peixes em abundância. O gosto dos moradores pela boa prosa - que vem desde aquela época - ainda hoje reúne a comunidade para a contação de “causos”. Segundo os antigos, a iniciação de Pajés era feita através da música, já que os Tupinambás acreditavam que o divino, a força da natureza, falava aos homens através dessa arte. Mantidos na floresta em completo isolamento aqueles que disputavam a liderança da tribo somente retornavam à aldeia depois de compor canções. Era escolhido o autor da música mais bela, aquela que tocasse mais fundo o coração de seu povo.
restinga em frente à Pousada Victor Hugo
Segundo a moradora D. Inácia, depois de longo período com cerca de oito casas (de taipa, piso de barro, fogões à lenha, cobertas por sapé e iluminadas por candeeiros), lá pelos anos 50 começaram a chegar novas famílias. Desde essa época, são as festas que animam o povoado, unindo sagrado e profano, como o “caruru” em homenagem a São Cosme e São Damião comemorado todos os anos em 27 de setembro.
crianças de Santo André (Mídia, Isabela, Eliana, Laura e Levy)
Mais e mais “forasteiros” foram chegando como Guylise, da Ilha de Seycheles, que nos anos 80 realizava maravilhosas festas na praia de Santo André como oferenda à Yemanjá. Naquele tempo o espírito de solidariedade unia o “Batalhão”, espécie de mutirão, onde todos ajudavam na construção das casas. Saudoso, o sanfoneiro Valdevino - que junto de outros moradores criou o primeiro bloco carnavalesco - relembra: “A gente se unia, preparava uma feijoada e caía pra dentro do serviço! Só ia embora quando acabava o trabalho. Aí era hora do banho e de se preparar para o baile”. Havia muitos eventos, como os de São João, São Pedro, Boi Duro e dos santos Crispim e Crispiano. A festa do Caruru, as receitas, os valores comunitários, a cultura e o espírito de solidariedade eram passados de pai para filho. (...)"
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texto retirado daqui 
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Aproveito para deixar um recadinho para o rapaz de Rondônia que postou um comentário no blog e pediu dicas de Santo André: você me pediu para responder por email -- mas não colocou o endereço eletrônico no comentário. Terei prazer em lhe ajudar! Se quiser, escreva para mim em olimpiacalmon@gmail.com

sábado, 12 de março de 2011

música clássica no Sul da Bahia

alunos do IASA tocando em Arraial D'Ajuda, durante a turnê que a Orquestra NEOJIBA realizou no Sul da Bahia
Simone, a professora de música do IASA
a igrejinha de Trancoso, na fotografia de Marianna Roballo

o terceiro retrato de Ana Luiza

Mônica
Em fevereiro coloquei aqui um post intitulado "Dois retratos de Ana Luiza", onde comentei um pouco da saga  dessa garota. Dois dias atrás, achei  este depoimento no Facebook de Mônica Calmon:  
Ana Luiza e Tia Anne, no nosso apartamento de São Paulo
"Hoje fui doar sangue para a guerreira Ana Luiza, filha do meu querido primo Marcos e da Carol, no Hospital A. C. Camargo. Aninha é de Manaus, tem sete anos e desde que chegou em Sampa, adora o Silvio Santos. Em setembro do ano passado, deu-se o diagnóstico de rabdomiossarcoma, um câncer raríssimo localizado na base do crânio. Neste momento, ela precisa de muitas doações de sangue. Por isso peço a todos que puderem - pois grande parte das doações que estão sendo feitas é devido à força de divulgação das redes sociais - vão doar sangue. Para quem quiser saber mais, acessem: http://vidanormal.blogspot.com/
Obrigada, queridos!"