segunda-feira, 30 de novembro de 2009

o sertão vai virar mar

como todo mundo sabe, político próximo de eleição é um perigo... promete qualquer coisa para conseguir os votos... mas desta vez o governador José Serra exagerou, além do fogo, prometeu o mar florzinhas da Paulista hoje de manhã cedo, na esquina com a Augusta
e o mar de Santo André, entre uma barraca e outra (será o Carlindo no ar?)

criança meu amor

Fomos ouvir esta menina-prodígio tocar partes de um concerto de Beethoven ontem, naquele prédio super bonito da Sala São Paulo, acompanhada pela Orquestra Sinfônica Brasileira. Ela se chama Aimi Kobayashi, nasceu numa pequena cidade japonesa e começou os estudos de piano com dois anos de idade (!). Ganha prêmios de interpretação desde os 6 e já se apresentou em evento televisionado para toda a Rússia com grande sucesso de público (assim como em outros países). Tão linda, apareceu vestida de pequena Sissi imperatriz, numa nuvem de (tule?seda?organdi?) com pequeninas cintilações. Deixou todo mundo enlevado com a música e a dança dos pequeninos braços A sala (antiga estação de trens) é enorme e de uma beleza estupenda. Os ingressos para o concerto da garota já estavam quase esgotados quando chegamos. Conseguimos lugar no fundo da platéia elevada, a posição em relação ao palco era de lado e incômoda (olha o rapaz da foto relaxando o pescoço). Como havia algumas cadeiras vazias bem do nosso lado -- e de frente para o palco -- no primeiro intervalo mudamos de lugar. Não fomos os únicos a bancar os espertinhos: várias pessoas tiveram a mesma idéia.

A pergunta que incomoda: será que nós, brasileiros, queremos sempre "nos dar bem"?(também não era permitido fotografar o espetáculo... mas a foto é de antes do concerto)

domingo, 29 de novembro de 2009

mudança de hábito

Deu para notar que a loira de óculos azuis andando ao meu lado no corredor lateral da estação falava comigo porque ouvi distintamente a sua voz (para que lado fica a Sé?). Eu sabia que só havia duas opções de resposta (Tucuruvi ou Jabaquara?) mas a paciência dela esgotou antes de minha lerdeza passar. Nas primeiras horas dentro de São Paulo a realidade fica sempre embaçada e a memória em curto-circuito ou em brancos. Sei de cor os nomes das estações – é a linha que utilizo – de Jabaquara até Tiradentes. Dali pra frente, quando o trem vai pra zona norte, só recordo os nomes das estações com palavras bonitas (Armênia, Parada Inglesa) ou com particularidades (Carandiru). (Na foto, André du Rap, sobrevivente ao massacre do Carandiru)
Tentei me situar enquanto aguardava minha vez na fila de recarga do cartão da catraca e me esforçava para entender a conversa da mulher que parou atrás de mim. Não guardei uma palavra do que disse; quando voltamos a nos encontrar na plataforma do trem ela me olhou de relance e com um largo sorriso me avisou que registrara o tempo na fila: 12 minutos. Talvez trabalhe com estatísticas?
Desci no Paraíso (estação lotada, quem diria, com esse nome...) e antes de mudar de linha parei para ler as poesias que neste dia recobriam as paredes, havia aquela da linda e louca Ismália
"Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar... A poesia, o estranhamento inicial da cidade e a garoa fina só contribuíam para a sensação de sonho e de fantasia -- rendi-me ao onírico sem culpa -- entrei na locadora e peguei três filmes na prateleira central: um cubano, um italiano e um chinês.
O dia seguinte amanheceu cheio de realidades – jejum e exame de sangue no laboratório da Augusta, receita para o casal. Saímos dali para tomar café na Livraria Cultura da Paulista que nesta manhã abriu as portas ao som de uma banda infanto-juvenil chamada Vila-Lobinhos formada por jovens da periferia paulistana. Na mesma hora lembrei dos projetos sociais de Santo André, do esforço do Centro Cultural, do IASA e da cooperação do Corpo Cidadão para disseminar cultura e arte entre os jovens lá da minha Vila baiana. Emoção. Mesmo com as sacolas dos livros ainda deu para entrar na Galeria de Arte do Sesi e percorrer a exposição de Arte Colombiana, uma coletiva que prima pela variedade – são 50 artistas (entre os quais Botero) com influências das vanguardas do século XX (concretismo, cubismo, abstracionismo) e 148 obras, como este óleo de Beatriz González chamado Suicidas do Sisga II -- a artista pintou o quadro depois de ler no jornal a notícia do suicídio de um casal em uma represa.
São Paulo tem dessas coisas...

"Polícia, adjetivo"



Tem pelo menos dois filmes em cartaz em São Paulo que são verdadeiras aulas de Política: um alemão (A Onda) e um romeno de intrigante título e inesperado enredo linguístico-policial, dirigido por Corneliu Porumboiu e vencedor do prêmio do júri na mostra Um certo olhar, Cannes (2009).
Filme de baixa produção, idéia brilhante, estética radical (tons frios e ritmo em harmonia com a vida interior do protagonista, um jovem policial.) Impagável, a sequência onde o comandante se esforça para convencer o subordinado rebelde a tomar determinada atitude com a ajuda de um... dicionário.
Desses filmes que a gente sai desarmada.

tem gente normal em Brasília

ressurge um antigo

astro político
enfeitiçado,
pelo brilho,
inequívoco
do vil metal
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como ex-moradora de Brasília, voto pela cassação do governador Arruda.
E reafirmo meu amor pela cidade
através do poeta Nicolas Behr e do fotógrafo André Dusek





"senhores turistas
eu gostaria de frisar
mais uma vez
que nestes blocos
de apartamento moram,
inclusive, pessoas normais"

lavorare stanca



Os milaneses costumam dizer que trabalham muito enquanto os romanos não querem nada com a dureza.
Não é bem assim: os romanos começam cedo.
E são multiprocessadores.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

o filme do Bruno Bock



Caro Bruno:
Exibimos duas vezes o filme "Zaqueu" que você rodou aqui em Santo André.
A primeira, no Cine Cajueiro ao ar livre, para os jovens e crianças.
Zaqueu estava presente, a mãe dele também. As crianças adoraram! Elas se reconhecem no local pela visão do povoado e de seus moradores. Ao final, bateram palmas.
Foi lindo!
Depois passamos também no Cinema do Casapraia, para um público adulto e... eles também gostaram.
Bruno, você podia vir fazer mais filmes aqui na Bahia...
abraços e obrigada,

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Maré, nossa história de amor

É o filme de hoje, no Cine Cajueiro, aqui no jardim de nossa casa (19:30). Entrada livre.

--------------A crítica do "Estadão" (2008)
por Luiz Zanin
Como reciclar Shakespeare na favela? A resposta de Lúcia Murat foi encenar o amor difícil entre uma rapaz e uma moça, filhos de facções rivais do tráfico de drogas. Maré, Nossa História de Amor, remonta, pois, a uma tradição que vem dos anos 1950, quando Vinicius de Moraes teve a sacada de levar o mito grego ao morro e, da idéia, escreveu a peça Orfeu da Conceição, com músicas de Tom Jobim e Luiz Bonfá. A peça depois foi levada ao cinema pelo francês Marcel Camus que, com seu Orfeu Negro, ganhou o Oscar de filme estrangeiro e fez sucesso mundial. Até hoje é um filme muito apreciado, embora haja, no Brasil, quem o qualifique de “macumba para turista”. Maré transpõe Romeu e Julieta para o complexo da Maré, transformando Capuletos e Montecchios em traficantes de facções rivais. Este Romeu e Julieta cantado e dançado deve mais a West Side Story (Amor, Sublime Amor) do que a Shakespeare. (...) Achei os atores sensacionais, uma garotada de comunidade que mostra seu valor. Cristina Lago, a Julieta, que se chama Analídia, é um encanto. Vinicius D'Black, que faz Romeu, ou Jonathã, tem presença e canta bem. As cenas de amor (e sexo) dos dois lançam faíscas na tela. A coreografia é ótima, as músicas, à base de rap e hip-hop, são legais, Lúcia filma bem."

pé na areia





Finalmente pude voltar a caminhar na praia de Santo André depois que passou o incomôdo de uma contusão nos ligamentos do joelho... foi um presente, o dia estava deslumbrante


na volta, percebi um pequeno ajuntamento perto da Ponta... era o povo observando um barco encalhado bem na foz do rio... os marinheiros rodaram forte os motores (olha a fumaceira) até conseguirem sair... mas foi por pouco, a maré estava baixa

terça-feira, 24 de novembro de 2009

festa de reveillon em Santo André da Bahia

Os comentários sobre a festa de reveillon na Fazenda Amendoeira continuam chegando, como este que foi colocado ontem
Anônimo
"Santo André merece uma rave, merece um festival cultural, merece um festival de inverno, merece muitas coisas, vamos lembrar que as festa vai ajudar a divulgar a cidade, com isso, vem renda para os moradores.
Parabéns, e viva santo andre. "
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como tenho notado, pelos relatórios do Feedjit que as postagens sobre a festa estão recebendo muitas visitas, aproveito para lembrar que o endereço do site oficial da festa promovida pelo Duty

domingo, 22 de novembro de 2009

o povo de Santo André da Bahia

entremeio
Já olho com saudades para minha cidadezinha... esta semana vou viajar, mas antes disto estou passeando os olhos e o coração pelo lugar, pela praia, pelo campo, pelo rio ... pelo pataxó local ---os índios que vêm lá de Coroa Vermelha para cá, vender os colares e outros atavios

recebo a visita da mãe e da filha que pedem para escrever carta ao INSS (sim, claro)
enquanto a outra vizinha chega no portão, trazendo um pão integral delicioso e ganha duas caranhas do pescador daqui de casa, pescou hoje mesmo no rio de Santo Antônio -- é a velha estória das xícaras de açúcar assumindo formas cada vez mais criativas
o Raílton, pai de muitos filhos e múltiplos de netos, na praia, trabalhando no preparo dos drinks (abaixo)
gostei do chapéu
Moisés, no campo de futebol... um vizinho que de vez em quando vai comigo pregar os cartazes dos filmes nos postes das ruelas... ele não perde uma sessão do cinema, e ao término, sem que nada lhe seja pedido, ajuda o Cláudio a desmontar a parafernália eletrônica, guarda cadeiras, fecha o portão (obrigada!)
a draga que apareceu de manhã, no rio... durante dois dias ouvimos estórias diversificadas -- quanta imaginação! -- não era nada, só mais uma peça quebrada






Reencon-tramos Isa e André, um casal paulista que conhecemos aqui... gostam bem de Santo André e são pessoas bacanas... Isa desenha brinquedos grandes e bonitos, pra criança nenhuma botar defeito...
a página dos brinquedos é www.isatoys.com





e com tanta amendoeira frondosa na praia de Santo André...
a turista escolheu uma magrinha para se escorar
fotos de Cláudio Calmon

a fotografia de Theo Volpatti,

As fotos de Theo Volpatti  (sobrinho do Ugo)
Além do excelente nível técnico, bonitas e focadas em temas interessantes, são incrivelmente globalizadas: a primeira é na Mongólia (um hotel?) a Transiberiana que a gente imagina assim mesmo, cinza-gris
e no meio de outras exóticas (Paquistão, Cisjordânia, Chicago) achei duas da Bahia: a do incêndio, inesquecível (as manchas de árvores queimadas ainda estão na estrada), que ocorreu em Santo André faz agora um ano
e esta de um carnaval soturno, em alguma cidade pequena, talvez Belmonte
Theo é aquele rapaz alto, magro, bonitíssimo que passa alguns meses do ano na casa dele aqui em Santo André. No resto do tempo mora em New York ou no mundo. É sobrinho do Ugo, da pousada Victor Hugo. A página web do Theo é www.theovolpatti.com

Uma mensagem de Marianna Robalo

Recebi uma mensagem carinhosa de Marianna Robalo, uma fotógrafa e jornalista de Arraial de Ajuda que fazia o projeto "Arraial Fotográfico" junto com o irmão Eduardo... trouxeram aqui para Santo André, foi bem legal...
Marianna agora está numa temporada em Búzios (RJ) e mandou esta cartinha
"Querida Olimpia,
Saudades de vocês. Acordei cedo e fui para a aldeia...
Queria ver os caiçaras familiares daqui, surfar, fotografar e me encantar.
Encantar... Do Latim cantare... de nosso Casapraia querido...
Saudades do movimento cultural que insiste em batalhar apesar das dificuldades...
Hoje os ventos me trouxeram para minha origem caiçara...
Estou de volta ao Rio de Janeiro, e muito feliz.
Beijos e boa primavera!
Mari Roballo"
Do texto de Marianna sobre Búzios retirei estes fios...(a foto ao lado, Choro, também é dela, linda! só criança chora assim... o olhar da amiguinha não poderia ser mais expressivo)
"A musa francesa passou por aqui e fez história... Passeava nua pela praia ... Brigitte, despertou desejos caiçaras e influenciou o destino da pequena aldeia, uma Búzios do século passado... Das matas e flores... das cores e jacarés... Das reservas gritantes, dos verdejantes rios que hoje foram aterrados e soterrados por uma selva de concreto que chega devagar.
Hoje a restinga é ocupada por resorts argentinos, uma glória para os Nativos daqui... Muitos são franco-canadenses...Na aldeia de lá (Arraial d'Ajuda) tentamos segurar o des-envolvimento... Aldeia do Sul da Bahia tem futuro garantido entre craques-sem-terra, paulistas inconscientes, americanos, mafiosos italianos, políticos e pataxós... A aldeia aqui se envolve de maneira mais consciente, mais educada e mais civilizada... É a aldeia de armação de Búzios, do Pré Sal...E é a consciência desta loucura que causamos que me move.... Assumo a responsabilidade de mobilizar e guerrear...Enquanto isso eu sou daqui, de lá e de qualquer lugar...
E sinto saudade da aldeia Caraivana, ao som de xote, maracatu e Baião..."
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Pois é, Marianna, Santo André continua na luta e na trilha da cultura. Além do IASA ter sido contemplado com recursos do BNB, a proposta cultural que o Centro de Convivência e Cultura apresentou no MinC, passou na primeira etapa da Lei de Incentivo à Cultura. Neste gol, contamos com uma tremenda ajuda da ONG Corpo Cidadão, de BH. Deu o maior alento. Agora aguardamos a análise do projeto, obter o certificado e procurar patrocinadores interessados em isenção fiscal pró-cultura.
Ah, você conhece bem esta lida...
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Deu hoje no jornal espanhol El País (em tradução caseira)
"O futuro do Brasil repousa nas entranhas do Atlântico. Mar adentro, a 8.000 metros de profundidade, em frente à costa tropical que une o Rio a São Paulo, um oceano de petróleo repousa há 50 milhões de anos e pode mudar o destino deste País 20 vezes maior do que a Espanha. Um tsunami de ouro negro capaz de acabar com a pobreza e transformar a nação na sexta potência do mundo; em porta-voz dos países emergentes; líder da América Latina; membro do Conselho de Segurança; financiar a educação, a saúde e a investigação científica. Cimentar una indústria nacional poderosa. E demonstrar que pode escapar a eterna maldição de repressão, corrupção e desigualdade que arrastam os grandes produtores de petróleo do planeta, desde as monarquias do golfo Pérsico até a Nigéria, o Irã ou Venezuela. "O petróleo é o excremento do diabo; uma maldição que tira ao enfermo a vontade de curar-se", teoriza o politólogo e ex-ministro de Indústria venezuelano Moisés Naim. Frente ao modelo de dependência absoluta das exportações do óleo, os dirigentes brasileiros esgrimem sua segunda via: "Ao contrário dos tradicionais Estados produtores de petróleo com muitas reservas, pouca tecnologia e indústria, um mercado interno pequeno e muita instabilidade, nós contamos com grandes reservas, temos alta tecnologia, uma base industrial diversificada, um grande mercado interno e, sobretudo, estabilidade".

O Brasil é um país viável e influente. Tem 40 milhões de pobres, porém são proporcionalmente a metade de 15 anos atrás. "Não queremos ser um país rico e pária. Não queremos diamantes de sangue, mas sim democracia e progresso", diz um político carioca do Partido dos Trabalhadores: "Queremos aproveitar esta ocasião única que nos oferece o petróleo; criar riqueza e que chegue a cada habitante. Avançar. Participar na área tecnológica e na pesquisa. Não queremos exportar petróleo, importar todo o resto e ficar tremendo de medo a cada vez que caia o preço do barril."
Brasil, o eterno gigante adormecido está a ponto de despertar. " (sim, por favor, sem demora)
O blog da moda
Bryanboy – olha a figura – é um filipino de 22 anos que conseguiu a proeza de sentar ao lado da aristocracia da moda nos últimos desfiles das marcas de luxo. O blog do boy (http://www.bryanboy.com/) foi criado 5 anos atrás solamente para registrar umas férias familiares em Moscou e – surpresa -- terminou por converter-se em uma poderosa página de tendências, com 215.000 visitas diárias. (parâmetro: na Espanha, a revista Cosmopolitan tem 824.000 leitores mensais, marca que na web de Bryan é atingida a cada 4 dias). Se tem algo que impressiona executivo de grande empresa rápido, são os números altos; portanto nada mais natural do que os mimos que os estilistas estão deixando cair na vida de Bryan. A empresa Louis Vuitton batizou uma bolsa com as iniciais BB em honra não de Brigitte, mas de Bryan. Mudanças que o tempo trás. Os estilismos do filipino, documentados na sua web, trazem aspectos barrocos, andróginos, ricos em bijuterias e lenços Hermès.
Clicar está na moda.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Parque Nacional de Belmonte e Reserva de Desenvolvimento Sustentável



Ontem à noite o Cláudio compareceu a uma reunião na Escola Municipal promovida por uma equipe contratada pelo MMA (Ministério Meio Ambiente) para discutir e esclarecer a proposta de criação das unidades de conservação ambientais aqui na nossa região. São duas: Parque Nacional de Belmonte -- área de proteção integral, sendo permitida em seus limites a realização ambiental e o turismo ecológico. As áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. Estará localizado entre os municípios de Cabrália (6.532 hectares) e Belmonte (38.882 hectares). A outra é a RDS Piaçava, uma unidade de conservação de uso sustentável que abriga populações tradicionais que sobrevivem da exploração sustentável dos recursos naturais. As áreas particulares incluídas em seus limites devem ser -- apenas quando necessário -- desapropriadas de acordo com as leis. Aqui a relação se inverte -- são 11.035 hectares na região de Belmonte e 28.096 hectares para Cabrália. No mapa que foi distribuído, a região próxima à orla marítima que se estende de Santo André até Belmonte, NÃO fará parte do Parque Nacional, inclusive a parte que nós aqui chamamos "roça" (aprendemos com os nativos) -- até a reserva indígena Mata Medonha está tudo fora do Parque Nacional e incluída na RDS (a tal reserva de desenvolvimento sustentável). O processo agora está na fase da Consulta Pública -- daí a razão da equipe do MMA em Santo André. Todas as comunidades diretamente envolvidas na área estão sendo visitadas por esta equipe. É uma exigência legal, esta Consulta Pública... há um decreto que estabelece isto (número 4320-02 que regulamenta a lei SNUC -- para quem puder se aprofundar mais.) Sugestões podem ser enviadas para mobilização.ba@hotmail.com ---- (a foto é do Giampi, da Laguna do Outeiro, próxima à Belmonte).

Instituto de Amigos de Santo André (IASA) projeto BNB


Soubemos hoje que as crianças e jovens de Santo André vão poder continuar a receber educação musical e ambiental. O projeto do IASA "Ambiente Musical" foi aprovado no Edital público do Banco do Nordeste do Brasil (parceria BNDES), para 2010. Desde que esta pequena organização (meia dúzia de funcionários) se dedicou a montar este projeto, em 2007, Santo André ficou diferente -- não é raro ouvir sons de flautas no ar... as notas preferidas são as 4 estações do Vivaldi, Asa Branca e Over the Rainbow; agora estão aprendendo outras melodias para o recital do final do ano). Há também uma bandinha rítmica para os pequeninos (reparem os detalhes das fotos), programa de rádio web (os meninos já fizeram telejornal, entrevistas, WebTV)... e olha que a maioria não tem computador em casa), confecção de instrumentos musicais (estão à venda, alguns são feitos de cabaça, ficam bem bonito como decoração, se você não sabe tocar. Há ainda atividades diversificadas que vão de concurso de redação à ações ambientais, como esta última de Olho no Óleo (aproveitamento do óleo de cozinha para fazer sabão). Vale a pena fazer uma visita ao Instituto, a gente sente o maior orgulho.
PARABÉNS à EQUIPE!!
Hoje é dia de festa em Santo André.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Caetano Veloso: fina estampa?


"Outro ponto que me veio à cabeça, quando li essa entrevista do Caetano, foi sobre Sancho Panza, o astuto escudeiro de Don Quixote. Sancho é uma figura fundamental no clássico de Cervantes, e até hoje talvez não tenha merecido a devida atenção. Lembrei de Sancho porque Lula é uma espécie de Sancho Panza da política. É um homem do povo que simula uma simplicidade muito maior do que a que realmente possui. Sancho Panza é muito mais prudente, esperto e lúcido do que seu patrão. " --------------------------------
Excerto de um texto de Miguel do Rosário enviado por amigos, que me estimulou a escrever esta cartinha...
Meu caro Caetano:
Não vou lhe fazer perder tempo falando-lhe da admiração que nutro pela sua obra e pela sua irreverência. Para o bem ou para o mal, você faz parte de minha vida, sua música e seus versos entram pelos sete buracos da minha cabeça.
Estou falando do artista.
De vez em quando vejo a pessoa Caetano falar alguma bobagem, como é próprio (e desculpável) em qualquer ser humano. Mas desta vez, Cae, você extrapolou, nem sua mãe lhe apoiou. Suas declarações sobre o Lula foram desastrosas. Opiniões assim só podem ser emitidas em recintos privados ou por pessoas como eu, desconhecidas.
Você não pode: é um homem público, famoso, formador de opiniões.
Agora deu para fomentar preconceitos?
Como penitência, sugiro que veja 67 vezes (uma vez para cada ano de sua idade) o filme Chega de Saudade, precisamente aquela sequencia linda entre um casal de idosos – protagonizado por Tonia Carrero e Leonardo Villar -- que freqüenta um salão de baile para a terceira idade. Em determinado momento, ela se levanta para ir ao banheiro e ele lhe pede a gentileza de trazer-lhe uma aspirina, na volta. Mal se levanta da cadeira, ela esquece completamente o pedido dele. São as pequenas amnésias da idade. Leonardo se dá conta da falha -- e o que faz? Em vez de ridicularizar, reclamar ou apontar o esquecimento da mulher, prefere pedir ao garçom para (discretamente) entregar à dama a cartela de aspirinas, poupando-lhe o vexame de reconhecer a fraca memória. Foi um pequeno e lindo ato de amor invisível.
Se oriente, rapaz!
Porque a você está faltando gentileza, amabilidade.
De qualquer maneira, Caetano – desculpe a franqueza – Lula não precisa de você para nada.
(assinado: a falsa baiana)

divas do cinema: as louras

o look retrô de Bardot e o new look de Scarlett

música no verão


O grupo OUTROS BAIANOS formado pelos músicos Gandhi Grecov, Joana Volmer e Kutter Vollmer estará na Bahia no alto verão, para apresentações em Porto Seguro, Arraial, Caraíva, Trancoso, Cabrália e Santo André. Como convidados, virão os músicos Pedro Bezzi (ex NATARAJ) e o carioca Piero Grandi(Jazz Social Club).
A banda atualmente reside no Rio de Janeiro, mas vale lembrar que tudo começou em Cabrália. Eles formavam a banda NATARAJ , que durante anos divulgou um som ótimo para o extremo sul baiano, atuando nas melhores casas de shows da região e contando com um público fiel de locais.
O grupo OUTROS BAIANOS tambem se formou aqui, depois que o Nataraj se desfez. Virão trazendo uma MPB dançante e intimista, além de reggae e rock.

(Ôba!)

placas inesquecíveis

pode dar choque instantâneo do Alexandre numa estrada em Pernambuco
sorveteria do Santinho, no campo, em Santo André

terça-feira, 17 de novembro de 2009

terça-feira

Andava a pé em Porto Seguro no ritmo dividido entre a pressão dos afazeres e a vontade de tomar sorvete de frutas e entrar na nova loja de eletrônicos que abriu na Getúlio Vargas (“a rua dos bancos”). Tornou que me aproximei da banca nova de filmes DVD’s procurando lançamentos para o Cine Cajueiro; é a segunda da rua, abriu praticamente ao lado do único concorrente, ainda por cima no mesmo lado da calçada apenas a distância de um poste separa os dois. A cara de pau do sujeito, mas creio que neste ramo a ética é tão questionável como minha atitude em adquirir dois arrasa-quarteirões para a meninada assistir.
Na volta para casa olho o mar enquanto rodo de Porto para Cabrália. Quem conhece a região vai lembrar que a estrada é paralela à praia, rola ali encostadinha, é difícil despregar os olhos do verde-esmeralda da água clara – na curva mais acintosa da rodovia dá vontade de seguir em frente e mergulhar no mar, de carro, compras, e tudo. Temos uma amiga carioca que mora aqui há 20 anos, o lugar certo para encontrá-la de manhã é na praia, é adicta confessa. Mesmo assim, é capaz de chegar por último nos encontros porque “na volta de Porto não resisti e caí na água”. Chega atrasada e salgada.
O que estraga o bucolismo da paisagem é a profusão de bares e restaurantes em forma de barracas, algumas agigantadas pelo espraiamento indecoroso em áreas de outrem. O Ministério Público está em cima: mês passado derrubaram 8 delas, estavam inativas, vi os escombros. O trecho maior do trajeto, felizmente, ainda é vazio de edifícios e barracões na orla, parece que a ocupação passou a ter mais controle e fiscalização.

Por falar em escombros, só ontem vi a derrubada generalizada das casas que brotaram como cogumelos nos terrenos vazios durante a chamada invasão do Guaiú. Não sobrou pedra sobre pedra, quem já estava com geladeira cama e fogão debaixo de telhado achou as coisas na rua ou guardadas por amigos. Agiram os legítimos donos, em conjunto com o poder público. Foram 10 policiais, alguns oficiais de justiça e uma máquina própria para demolições que precisou vir de Belmonte, embora exista uma dessas arrasa-quarteirões no próprio Guaiú, só que o dono não quis fazer negócio com receio da revanche dos invasores, pessoas ali do vilarejo mesmo, a maioria já com casa própria, segundo a tônica dos depoimentos dos locais.

Na balsa para Santo André demos carona para esta menina (abaixo) e a mãe dela. Completa dez anos (a primeira década!) esta semana, veio convidar para o bolo e perguntar se poderíamos bater as fotos para as lembranças da festa. Sorte dela que a mãe é quituteira de salgados e docinhos (aceita encomendas, a Nininha), os petiscos vêm no capricho. Nos últimos meses vejo-a passar em frente de casa todos os dias na hora do lanche dos trabalhadores que estão reformando uma das casas da antiga serraria. É a melhor clientela, um bando de gente que gasta calorias como quem respira. Ás vezes, a menina vem com a irmã para ajudarem a mãe; trazem o isopor dos pastéis, dos croquetes, das coxinhas, e não se incomodam de repetir com paciência e gravidade qual é o recheio de carne e qual é o de galinha.

Olha quem veio visitar, nosso ex-vizinho e sempre amigo, Savino Rosucci. Depois que saiu daqui foi morar no Vale do Capão, na Chapada Diamantina e está bem demais por lá. Só veio para fechar o negócio do arrendamento do Aphrodesia (qual será o nome agora?) com a Carol. Foi uma noite ótima, lá no Morango e Ana Tereza, os moradores flutuantes chegando para seus verões de três, quatro, às vezes 6 meses, o homem de Castela e a mulher do Equador recém-chegados -- alugaram a parte de cima da casa de Alicia argentina, a casa de baixo já estava ocupada -- o bêbado que a gente precisou driblar (estamos ficando craques no esporte), as risadas, os planos para a semana
Bem que gosto de morar aqui.