A matéria abaixo é de autoria da jornalista GABRIELA MEGALE, realizada para a última edição da Revista Viaje Mais.
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“Entardecer no Rio João de Tiba, que separa Santo André e Santa Cruz de Cabrália: depois da travessia de balsa, certos “sinais da civilização” ficam para trás”
“Apesar de vizinha da fervida Porto Seguro, a vila praiana mantém o sosseo e um certo afastamento das facilidades modernas, convidando a explorar um dos símbolos de preservação e charme rústico na Bahia.”
A precisão dos mapas é a prova. Caso contrário, não daria para acreditar que a encantadora e pacata vila de Santo André, sul da Bahia, fica a menos de 40km de uma das capitais brasileiras do agito, a festiva Porto Seguro. Primeiro porque o som dominante por lá não é o axé: o que faz a cabeça dos moradores é o forró, por causa da proximidade com o Espírito Santo, e as flautas das crianças, de cujos instrumentos ecoam As Quatro Estações, de Vivaldi, ou Asa Branca, de Luz Gonzaga, composições bem mais elaboradas do que qualquer hit baiano de verão.
A precisão dos mapas é a prova. Caso contrário, não daria para acreditar que a encantadora e pacata vila de Santo André, sul da Bahia, fica a menos de 40km de uma das capitais brasileiras do agito, a festiva Porto Seguro. Primeiro porque o som dominante por lá não é o axé: o que faz a cabeça dos moradores é o forró, por causa da proximidade com o Espírito Santo, e as flautas das crianças, de cujos instrumentos ecoam As Quatro Estações, de Vivaldi, ou Asa Branca, de Luz Gonzaga, composições bem mais elaboradas do que qualquer hit baiano de verão.
Outro diferencial da cidadezinha de cerca de 800 moradores, dona de praias de areias brancas e de um irresistível mar turquesa, é que a grande quantidade de turistas que “invadiu” os destinos da região, como a própria Porto Seguro e Trancoso (hoje tomada por mansões de milionários), não atravessou o Rio João de Tiba, que dá acesso à vila. Assim, Santo André continua preservada, como raríssimos trechos do litoral baiano. A palavra preservação, a propósito, tem tudo a ver com o lugar. É que o vilarejo, distrito de Santa Cruz Cabrália – onde foi realizada, em 26 de abril de 1500, a primeira missa após o descobrimento do Brasil --, está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Santo Antônio, onde não faltam cenários de cinema que mesclam mata atlântica, restingas costeiras, falésias, recifes de coral, e, claro, praias para de lá de especiais.
Santo paraísoA beleza e o charme do vilarejo de pescadores estendem-se à singela lenda que dá nome ao lugar. Os moradores costumam contar que a imagem de um Santo André de ouro foi colocada sob aquelas terras por um padre temeroso que a valiosa peça desaparecesse. Tanto cuidado só serviu para batizar a vila, pois, de acordo com a história popular, a estátua de ouro de fato sumiu na areia.
A riqueza que ficou e que segue como grande trunfo de Santo André é a beleza natural da região. Ela pode ser apreciada já na travessia de balsa do Rio João de Tiba, que leva de Santa Cruz de Cabrália até lá. O percurso – que custa meros R$0,80 por pessoa e R$8,20 por veículo, incluindo o motorista – dura apenas dez minutos. O que é uma pena, pois revela um dos visuais mais bonitos da viagem, principalmente à noite, quando a luz dos astros ilumina as águas e até é possível ver estrelas cadentes. De dia, o trajeto também impressiona, já que o rio com nome de gente exibe um mangue vistoso em meio à paisagem de mata atlântica.
Ao pisar em Santo André, esqueça facilidades como bancos, caixas eletrônicos e máquinas para pagamento com cartões de crédito e débito, entre outros sinais de civilização. Salvo raras exceções, tudo fica para trás, antes da travessia de balsa.