domingo, 26 de agosto de 2012

mudar tudo para não mudar nada


Filme "O Leopardo" de Luchino Visconti, com Cláudia Cardinale
O título do post remete a "Il Gattopardo" , romance do escritor Tomasi di Lampedusa, um nobre italiano. O livro popularizou-se na Itália; nele Lampedusa retrata a família do príncipe de Salinas, cujo brasão ostenta um leopardo -- daí o título do livro. Os acontecimentos se dão na época do Risorgimento, o movimento da história italiana de unificação do país (entre 1815 e 1870). Garibaldi e nossa Anita são heróis neste período. Talvez o trecho mais memorável do livro seja o discurso do simpático sobrinho do príncipe de Salinas, o Tancredi, um príncipe também, só que arruinado e oportunista. Tancredi incita seu tio cético e conservador a abandonar sua lealdade aos Bourbons e aliar-se aos Saboia
Cquote1.svg A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude."
Tancredi sabe ou presume que a mudança será apenas   aparente  e que os privilégios da aristocracia serão mantidos. 
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Em outra instância, lembro de ter escutado diversos terapeutas comentar que muitas pessoas que fazem terapia, na verdade, não desejam mudar. Ou melhor: querem mudar alguma coisa, mas não a essência.

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Acho que a fábula de Millor Fernandes reflete bem esta situação, com o humor que lhe é típico...
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"Olin-Pin, abastado negociante de óleos e arroz, vivia numa imponente mansão de Kin-Tipê. Sua posição social e sua mansão só não eram perfeitas porque, à direita e à esquerda da propriedade, havia dois ferreiros que ferravam ininterruptamente, tinindo e retinindo malhos, bigornas e ferraduras. Olin-Pin, muitas vezes sem dormir, dado o tim-pin-tin, pan-tan-pan a noite inteira, resolveu chamar os dois ferreiros e ofereceu a eles mil ienes de compensação, para que ambos se mudassem com suas ferrarias. Os dois ferreiros acharam tentadora a proposta (um iene, na época, valia mil dólares) e prometeram pensar no assunto com todo empenho. E pensaram. E com tanto empenho que, apenas dois dias depois, prevenidamente acompanhados de advogado, compareceram juntos diante de Olin-Pin. E assinaram contrato, cada um prometendo se mudar para outro lugar dentro de 24 horas. Olin-Pin pagou imediatamente os mil ienes prometidos a cada um e foi dormir feliz, envolvido em lençóis de seda e adorável silêncio. Mas no dia seguinte acordou sobressaltado, os ouvidos estourando com o mesmo barulho de sempre. E quando ia reclamar indignadamente pela quebra do contrato, verificou que não tinha o que reclamar. Os dois ferreiros tinham cumprido fielmente o que haviam prometido. Ambos tinham se mudado. O ferreiro da direita tinha se mudado pra esquerda, e o da esquerda tinha se mudado pra direita."
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MORAL: Cuidado quando a esquerda e a direita estão de acordo

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

carta para um amigo de santo andré da bahia


Caro amigo,
Depois de tanto tempo ausente passei hoje no redefurada e vi que você havia se tornado o mais recente membro do blog, o de número 118 – uma categoria especial de visitante que se dá ao trabalho de colocar seu nome clicando na faixa azul onde se lê “participar deste site”. Acho esta atitude tão gentil que anoto todos os nomes cuidadosamente numa folha à parte.   Já fui muitas vezes visitar as páginas dessas pessoas na calada da noite – a maioria desconhecida na vida real – mas raramente deixo recado, gosto de olhar em segredo.
Quero lhe dizer que essa última viagem para o povoado de santo andré foi particularmente significativa. No início uma sensação de perda -- quando abraçava uma pessoa tinha um desgosto de despedida, quando olhava para o rio pensava que ele não chegaria ao mar, e que as folhas cairiam das árvores a qualquer momento sob a chuva de um vento leste valente.  O espírito aos poucos foi se acalmando, comecei a me sentir em casa novamente – e o mais estranho – mais em casa do que quando eu morava lá. É que fui compreendendo de uma vez por todas que pertencer a um lugar é um sentimento íntimo que não precisa de passaporte nem de carteira de habilitação. É uma questão de identidade, de sintonia, não carece da autorização de ninguém.  Nem exige exclusividade.  Dentro de nós – você que o diga, tão viajado que é – vão se ajeitando pedaços de cidades, de muros, de raízes, de olhos de gente.
Um mapa-múndi de memórias, sonhos e reflexões.
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Abraços, e até a próxima curva da estrada.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Santo André (Bahia) Dicas de viagem

"Para quem planeja tirar férias, a cidade de Santo André, na Bahia, é uma das melhores pedidas. É possível conhecer pessoas de todos os lugares na cidade, encontrar festas, ótimos restaurantes e bares com tipos de comida e música variados, além das mais belas e exóticas praias.
Além disto, é possível fazer mergulho em corais de Araripe e Coroa Alta, pesca oceânica em Royal Charlotte Bank, além de passeios de jipes pelas prais, com paradas para almoços em vilas de pescador.
Santo André, na Bahia, é uma cidade litorânea conhecida pelas suas grandes e bem frequentadas festas e suas exóticas praias. É uma das cidades mais requisitadas do sul da Bahia, em temporadas de férias, e possui um bom suporte para turistas, que são nacionais ou, muitas vezes, estrangeiros.
Santo André conta com as festas e praias mais badaladas do sul da Bahia, além de ser rica culturalmente: é possível encontrar bares tailandeses, indiano, baiano… Tudo isto graças a grande quantidade e variedade de pessoas que frequenta o lugar: é fácil encontrar pessoas de todas as nacionalidades ou de todos os estados brasileiros conhecendo a cidade.
A cidade possui construções típicas baianas: muito coloridas e conta com um bom calçamento e bastantes bares e restaurantes de estilos variados: você encontra desde luau, à música eletrônica e axé: tudo ideal para uma boa temporada de férias.

Santo André, na Bahia, por ser uma cidade litorânea, conta com muitos quiosques e restaurantes de peixes e frutos do mar, o maior destaque da cidade, embora seja possível encontrar bares de comidas tailandesa, indiana e comidas típicas baianas.
Santo André é muito conhecida por suas exóticas praias, que são próximas a rios, mangues, mata Atlântica nativa, recifes e coqueiros. Muitas são semi-desertas e possuem piscinas naturais. Grande parte delas conta com quiosques prontos para servir comidas tipicamente praianas.
Destaques para: Praia das Tartarugas que conta com piscinas naturais, areias grossas e muitos coqueiros. Taípe, a praia mais selvagem e reclusa da cidade, que conta com enormes falácias e nuances, é boa pedida para quem quer algo mais calmo e reservado. Há também a praia de Ponta de Santo Antônio, que possui águas claras, ondas fracas e muitos coqueiros. Mogiquiçaba, com muitas aves marinhas, indicada para prática de surf e, por último, a Ponta de Santo André, deserta e indicada para banhos, pesca, mergulho e atividades náuticas em suas águas turvas.
Por ser uma cidade bastante turística e visitada, é muito fácil encontrar vários tipos de hotéis, pousadas, resorts, etc, com preços e estilos variados por toda a cidade. Há hotéis familiares, hotéis dedicados exclusivamente a turistas e alguns possuem até pacotes e atividades especiais para feriados,
Belmonte, uma cidade histórica um pouco distanciada do centro de Santo André, apresenta a arquitetura típica da cidade do século XIX, tempos do cacau. É possível observar diversos tipos arquitetônicos presente na cidade e aprender um pouco sobre a história do local e da Bahia comoum todo"
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A matéria acima, juntamente com as fotos, foram copiadas deste site de viagens
http://www.viagemnaboa.com/destinos/santo-andre-guia-de-viagem-dicas-e-onde-ficar
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Contém alguns elementos fantasiosos como "passeios de jipes pelas praias" (a circulação de carros na praia é proibida) e essas festas indianas e tailandesas... O autor se confundiu.
Santo André tampouco se notabiliza pelo axé... Você precisa ir lá para ver e sentir pessoalmente.
É LINDO, seus moradores são simpáticos e hospitaleiros, é um local bem tranquilo.
Boas férias.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ontem não te vi em babilônia

Tens razão, não pude comparecer ao encontro marcado, precisava viajar para a Armênia em missão: DETRAN. Transferir um automóvel registrado na Bahia para a cidade de São Paulo. Preparei-me de antemão lendo as instruções "passo-a-passo" que encontrei na rede. Foram cinco horas de formulários, carimbos, pagamentos de taxas, vistoria e absurdos - Kafka teria ficado feliz. Uma das etapas era decalcar os números do chassis e do motor do veículo - essa tarefa é feita por dois sujeitos estacionados na calçada lateral; foram eles que preveniram:
- Cuidado com os vistoriadores novos; não estão aceitando os decalques, exigem um laudo fotográfico que custa uma nota
Dito e feito: o vistoriador do Detran quis ver as fotografias do motor. Meu marido argumentou que chegara há pouco da Bahia, não sabia andar direito em São Paulo, tudo é tão difícil por aqui...funcionou (em parte)
- Então vocês precisam ir até o cartório do Bom Retiro fazer uma declaração da proprietária dizendo que se responsabiliza pelo número do motor que consta no decalque
Igreja Armênia, na Avenida Santos Dumont (foto da internet)
Três ruas  na direção da Igreja Central Armênia, vira pra esquerda, continua até o número cinquenta e sete: chegamos no cartório. O atendente magrinho de óculos grossos é dessas pessoas que preferem dificultar a vida dos cidadãos; foi logo afirmando que a identidade estava danificada, não servia. Mostrei a carteira de habilitação. Servia.  Preenchi o cartão com as assinaturas de reconhecer firma e assinei a declaração para o Detran na frente dele.
- Não confere.
-  Comassim? moço... você mesmo me viu assinando aqui no balcão...
Foi preciso repetir tudo, cartão e declaração. Na hora de pagar o serviço, a pergunta inusitada do caixa
- Cadê a segunda via da senha?
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A história é enfadonha, malgrado o final feliz: no último instante conseguimos entregar a papelada no guichê dezessete cujo rosto atrás do vidro nos deu um protocolo para pegar a nova documentação e a placa do estado de São Paulo. Fica pronto em dois dias.
Affffffff
A burocracia é inimiga da solidariedade.
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A estação de metrô Armênia é uma homenagem da cidade de São Paulo aos imigrantes  que para cá se dirigiram no começo do século vinte fugindo do genocídio praticado pelos turcos. Na década de 1980, uma grande mobilização da comunidade armênia conseguiu convencer o então governador Franco Montoro a alterar o nome da Estação Ponte Pequena do metrô para Armênia, que a esta altura já era associada pelos paulistanos com este povo devido à concentração de moradores e estabelecimentos comerciais armênios na vizinhança.
Um grande quadro expõe os nomes daqueles que ajudaram financeiramente na construção da igreja. Os sobrenomes dos armênios terminam sempre com IAN
(revista Época)
Em 12 de novembro de 1985, a nova Estação Armênia foi inaugurada. Há referências ao povo, como a inscrição de poemas no idioma ancestral e duas khatchkarer (cruzes de pedra) do lado de fora, acompanhadas do alfabeto armênio.
O colorido dos afrescos e os lustres de cristal chamam a atenção. Ao lado do altar, estão as imagens de Judas Tadeu e Bartolomeu, os santos que levaram o cristianismo à Armênia. No centro do altar, uma Madona com o menino Jesus, comum em igrejas armênias. 
(Época)