sábado, 31 de dezembro de 2011

temporada de verão 2012: praia de Santo André

O restaurante Fragata trocou de dono e de visual: agora se chama "Bar do Rio" -- ganhou decoração nova. Gostei um bocado da bicicleta incrustada no meio do muro... Os proprietários são o Márcio e o José Luiz Broi
Nada ficou como dantes, nem mesmo a água do rio João de Tiba ("a água nunca passa duas vezes embaixo da mesma ponte") --  piso, teto, cadeiras, mesas, foi tudo mudado.
O garotinho dorme a sono solto na praia da Pousada Victor Hugo. Nem aí para o mundo ao redor...
A Victor Hugo é um local de encontro e aconchego : amigos e conhecidos ali se reúnem para conversar, olhar o mar, petiscar, ler...
O restaurante CasaPraia está mostrando as peças do ceramista Ricardo Woo. Fomos lá no dia da inauguração: produção interessante e criativa. Mesmo sem Rolleiflex consegui fotografar Marcelo e Mário, italianos de Milão (ambos têm casa aqui no povoado), conversando dentro da tenda-ateliê.
Ontem a noite foi especial, em termos de música e companhia. No Santo Baco, o bistrô da Ana Lúcia. Chegamos cedo, Caio e eu, "para pegar lugar".  Uma moçada bonita...
Bombou: casa cheia, alegre. Pudera:  quem cantava era Lucas Fainblat ("Hippie"), um cantor de BH, visitante antigo de Santo André. Hippie tem voz de inconfundível timbre: o repertório é escolhido a dedo (ainda se dá ao luxo de ser um cara muito legal). O samba rolou solto... Samba de bamba, do começo ao fim. Haverá outra apresentação musical no dia 6 de janeiro, no mesmo local.
Muito bem acompanhado pelo Henrique ("Frodo") e a flauta mágica; Oséas tocou violão, Gods no pandeiro, Zaqueu e outros músicos
Ana Teresa supercontente com a chegada de Patrick e Jade...

Ôoooo ... noite boa! As meninas (Sofia, Klara e Laurinha) curtindo a música
Patrícia e Vivian, moradoras da Vila

pequena história de um passarinho em quadrinhos

Você conhece este pássaro? Leandro, meu vizinho, disse-nos que é um sanhaço. Uma busca rápida pela Rede informa que sanhaço é o nome dado a seis espécies de aves brasileiras. Costuma ser  verde ou azul-acinzentado, com manchas coloridas nas asas. No  Brasil, o tipo mais comum é o sanhaço-de-mamoeiro;  existe ainda o sanhaço-de-coqueiro e o sanhaço-de-fogo; este último é  bem particular: o macho é vermelho e a fêmea, verde.  Alimentam-se de insetos e frutas e costumam reunir-se em bandos sobre as árvores frutíferas.
Semana passada quando estava sentada na varanda da casa de minha irmã, no final da rua,  avistei o Pequeno andando apressadamente na rua, de calção verde, os pés descalços e as mãos juntas, em concha. Ao seu lado, um pequeno grupo de meninos. Mostrou-nos o que tinha nas mãos fechadas: este passarinho caído do ninho. Ventara muito naquele dia. Meu irmão resolveu trazer pra casa e cuidar.
o truque para fazê-lo abrir o bico é alisar a cabeça com alguma coisa delicada como uma folha de árvore, e enfiar pela sua goela os alimentos... realmente, o sanhaço adora mamão e banana
 
Após dois ou três dias de cuidados, o passarinho já conseguia saltar do fundo da caixa de papelão para a borda; uma manhã, encontramos a caixa vazia. Havia conseguido fugir. Procuramos por todo jardim e já pensávamos que o cachorro havia  conseguido pegá-lo; por sorte, ele estava alojado no tronco do dendezeiro, são e salvo.
 Sofia e Dan, meus sobrinhos de Natal, adotaram o pássaro como mascote, embora por pouco tempo. Por incrível que pareça, um dia a mãe do sanhaço surgiu pipilante, batendo as asas com vigor: deu umas voltas ao redor do filhote até que os dois saíram voando juntos para a mata. Adeus, sanhaço! Feliz Ano-Novo!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Restaurante Casapraia: a programação do final do ano

Casapraia: Restaurante, Eventos e Natureza
Fuego Raku
 Exposição Cerámica.Ricardo Woo. Vernissage e queima de raku.
Quinta, 29 de dezembro, 20hs



Mascarados e Nus
Coletivo Teatral de Performances Musicais de resignificações e re-evolucões poéticas

Rafa Tosta (cantor e compositor), Adriane Lopes (atriz,cantora), Pablo (percussionista e filósofo), Gustavo Vellutini (sonoplasta e violinista)

Sexta, 30 de dezembro, 21hs
Couvert R$ 8   
Ceia e Festa de Reveillón
A la carte (reservar com antecedência)
Após o jantar, grande danca com o DJ e produtor Daniel Rodrigues, de São Paulo - Rio
Sábado 31 de dezembro a partir 20hs
                                                                  


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Apresentação do Centro Cultural

Espetáculo 2011
ABAPORU, O HOMEM NOVO

Caro (a) Amigo (a)
É com grande satisfação e carinho que gostaríamos de apresentar o modo de ser dos nossos jovens e o que sabem fazer.
O fazer de um grupo humano forte, sadio, integrado e capaz, com muito amor para dar!
A integração só é possível por intermédio da diretoria, dos que ministram as aulas, da psicologia que permeia a condução das atividades e dos que fazem tudo possível com seus generosos e bons corações. A tudo isso se junta a compreensão dos pais que ajudam a possibilitar todos esses ensinamentos.
Este ano foi de busca! Busca profunda com os jovens para mostrar nossas raízes em um planeta de uma sociedade em perigo da qual fazemos parte mas que podemos mudar, mostrando o Aqui e Agora de cada um de nossa querida Sto.André dentro deste Brasil enorme.
Nossos adolescentes se mostram hoje como são: expressam nas suas pinturas muita preocupação, angústia, doçura e nos comunicam seus anseios e suas ilusões.
Com seus corpos em movimento, seus dizeres gritam e abrem  seus mundos e corações, deixando perguntas e afirmações a critério de cada um de nós.
Eles se entregam e se fundem conosco num ato de beleza e esperança.
Que todos vocês apreciem  a nossa  apresentação e aproveitamos o ensejo para desejar-lhes um bom Ano Novo com muitos bons momentos e muita paz.
Aguardamos sua presença no espetáculo  2011: ABAPORU, O Homem Novo
Alunos
Arte Educadores
Diretoria
do Centro de Convivência e Cultura de Santo André

Domingo, 8 de Janeiro de 2012
19:40 horas Mostra de Artes Plásticas
20:00 horas Apresentação de Dança e Teatro
Patrocínio: MAHLER
Amigos do CCC
Apoio Corpo Cidadão

os convites para o final do ano

convites para a exposição do ceramista e performático Ricardo Woo e para a entrada do ano novo chinês em Mogiquiçaba (72 horas de festa e arte)
a programação do Restaurante e Café Mata Encantada

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal: as madonnas

Semana do Natal, época de celebração do nascimento de Jesus Cristo para os católicos; para os demais, é tempo de encontros, presentes, ceias compartilhadas com família e amigos. Pensei em dar o ar natalino no blog através das madonnas, as imagens ou pinturas que representam a Virgem Maria e logo associei o tema com o pintor italiano da Alta Renascença, Raffaello Sanzio (Rafael) que se notabilizou pelas telas esplêndidas de Maria e Jesus, como este acima de contorno suave e equilíbrio perfeito 
Madonna della Seggiola, também de Rafael. Óleo sobre madeira cortada em formato redondo (tondo). Mostra Maria abraçando Jesus sob o olhar devoto do jovem João Batista. Palácio Pitti, Florença.
Outra obra de Rafael, Madonna dos Cravos (1507) conhecida em inglês como Madonna of the Pinks, apresenta uma Virgem bem jovem brincando com seu filho. A atenção da criança está voltada para as delicadas flores que Maria segura, os cravos, símbolo de amor e do casamento. A pintura retrata um momento prazeroso e delicado de intimidade.
Uma madonna da época medieval. Arte bizantina. Autor Meister der Schule Von Norgorod. Louvre, Paris. Os artistas desta época ainda não utilizavam o tratamento da luz, nem os planos, faltava o controle das proporções... repare o menino Jesus pequenito...
As cenas da sagrada família  são das mais representadas nas artes, principalmente na pintura. Jusepe de Ribera, Lo Spagnoletto : A sagrada família com Santa Ana e Catarina de Alexandria (1648).

Emanuel Swendenborg, um pensador místico

Até a semana passada Swendenborg sempre fora o nome de alguém vagamente relacionado com a filosofia dos países escandinavos. Nunca estive muito certa se nascera na Noruega, na Suécia ou teria sido na Finlândia?  Depois de ler a passagem assombrosa do livro do escritor espanhol Enrique Vila-Matas  (acima) fiquei curiosa e resolvi pescar algo na Rede.
O homem era um colosso de conhecimento.
A história de sua vida se passou mais ou menos assim: nasceu em janeiro de 1688, na Suécia, filho de um pastor luterano que ocupava a prestigiada e invejada função de capelão real. Tão real que à sua família foram concedidos títulos de nobreza por uma rainha de nome Ulrica. Acho esta coisa de “nobreza” (enquanto estrato social) um conceito altamente discutível: prefiro o significado que liga a palavra nobreza à condição de excelência e à dignidade humana. Estas condições morais não podem ser “concedidas” a alguém por outra pessoa, mesmo que seja uma rainha. 
Pois bem, nos dois sentidos Swendenborg se ajustava: além de tornar-se membro do parlamento sueco, este homem poliglota (falava sueco, holandês, inglês, francês, alemão, hebraico, grego, latim e italiano) estudou e publicou obras que abrangiam áreas tão diversas como matemática, hidráulica, metalurgia, anatomia, astronomia, álgebra, mecânica, mineração e muitas outras áreas de conhecimento. Por causa de suas realizações, invenções e atuação parlamentar, Swedenborg passou a ser considerado um dos heróis nacionais da Suécia. Seu retrato faz parte do acervo da Academia de Ciências daquele país e seu túmulo está junto aos dos reis suecos, numa catedral de Estocolmo.
Famoso pelas suas obras e rico por herança materna, Swendenborg dominava praticamente todas as ciências de seu tempo, até que, aos 56 anos, relata o fato assombroso que mudou sua vida (conforme relata Vila-Matas no post acima). 
O renomado escritor argentino Jorge Luis Borges lhe dedicou uma notável conferência na Universidade de Belgrano (Buenos Aires) em 1978,  quando declara que o visionário – e místico protestante – Swendenborg foi a personalidade mais extraordinária da história.

aniversário do marido

quadrado de Trancoso, 2011
Hoje o telefone toca e transmite vozes queridas para você, para nós. Saiu cedo de casa, foi olhar os meninos pescar no cais do restaurante: queria ver como L. estava se saindo com o primeiro molinete da vida dele, presente seu. Contou-me que L. estava todo enrolado, não sabia usar. Pacientemente, você o ensinou a lidar com as iscas, as chumbadas, a linha...
Ensinando a pescar, literalmente. Che bello. 
Feliz aniversário, compañero de mi vida

campeonato de surf no Guaiu-Mirim

Achei alguns dados sobre o campeonato de surf que aconteceu no final de semana passada através do site cabraliainforme.blogspot.com.  "O evento contou com a participação de mais de 60 surfistas de toda a Costa do Descobrimento; os atletas disputaram as seguintes categorias: Iniciante, Mirim, Feminino e Open. Destacando o atleta de Cabrália, Ingrid Topolanski, que foi campeã na categoria feminina."
Você também pretendia participar deste campeonato, e com chances concretas de trazer um troféu para casa. A violência dos outros lhe impediu, lhe colocou no hospital. Injustiça, barbárie. Mas no próximo campeonato você estará lá, forte e bonito como sempre.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Santo André (Bahia): o roteiro enviado por Priscila

foz do rio João de Tiba, em Santo André (foto Marcelo Bottini)
Esta semana surgiu um comentário cordial e simpático aqui no blog, vindo de uma moça chamada Priscila Almeida:
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"...com certeza um paraíso no Brasil. essa é uma das provas de que nem sempre precisamos viajar para fora do país para encontrar lugares lindos. Estive há um ano em Santo André e foi uma das melhores férias da minha vida. Para quem quiser ainda mais detalhes desse lugarzinho abençoado por deus, ví um roteiro aqui (http://migre.me/783sb)
Grande abraço a todos!
Priscila.
13 de dezembro de 2011 11:18"
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Fui lá no endereço e achei esta matéria na página da Viaje.com.br   
Foi escrita há algum tempo; mesmo assim trouxe para o redefurada; é para a coleção de depoimentos sobre o povoado.
(obrigada, Priscila)
a praia de Santo André (foto de Léa Penteado)
 "A pacata vila de Santo André, sul da Bahia, fica a menos de 40 km de uma das capitais brasileiras do agito, a festiva Porto Seguro. A região proporciona um turismo mais rústico e simples, mas com todas as delícias dos desejados refúgios litorâneos da Bahia.
A palavra preservação tem tudo a ver com o lugar, é que o vilarejo, distrito de Santa Cruz de Cabrália está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Santo Antônio. As paisagens mesclam mata atlântica, restingas costeiras, falésias, recifes de coral e praias para lá de especiais.    A beleza natural da região pode ser apreciada já na travessia de balsa do Rio João de Tiba, que leva de Santa Cruz de Cabrália até lá. O trajeto exibe um mangue vistoso em meio à paisagem de mata atlântica.
A calmaria da praia
Ao pisar em Santo André, esqueça facilidades como bancos, caixas eletrônicos e máquinas para pagamento com cartões de crédito e débito, entre outros sinais de civilização. 
E é na frente da praia que se concentram as casas e os empreendimentos hoteleiros do vilarejo, como o Resort Costa Brasilis e outras opções de hospedagem, o complexo é o único da região a contar com um spa.
Vizinho ao Costa Brasilis fica a encantadora Pousada Victor Hugo, com um delicioso bar pé na areia aberto aos hóspedes e ao público em geral (a foto ao lado, da Pousada Victor Hugo, é da revista). Passar algumas horas no barzinho à beira-mar, apreciando o vaivém das ondas, é um programa relaxante. O encantamento é ainda maior para quem encarar a caminhada, por uma estrada de terra, rumo à praia semideserta de Jacumã, cuja porção esquerda recebe o nome de Tartaruga. Essa é a praia mais famosa de Santo André, na qual se formam convidativas piscinas naturais quando a maré fica baixa.
Além da Vila
foto de Jadson Silva
A 25 km de Guaiú fica situada a praia de Mogiquiçaba, ponto de encontro de jovens surfistas, próxima ao camping e restaurante do Gilmar.
Com ele é possível se informar sobre aluguel de pranchas e aulas de surfe. Mais meia hora de carro e chega-se a Belmonte, cidade com casarões centenários às margens do Rio Jequitinhonha.
Mais do que circular pela cidade, o bacana mesmo nos arredores de Belmonte é fazer um passeio de voadeira no Rio Jequitinhonha. Tipo de lancha pequena e rápida, a embarcação navega pelos mangues do rio, os mais belos do sul da Bahia, até chegar na tranquilidade de Barra do Peso, praia que, banhada por rio e por mar, rende um inusitado mergulho
meninos do makulelê, em Belmonte - foto de Giampi D'andrea
 Quando ir 
Embora esteja a menos de 40 km ao norte de Porto Seguro, Santo André é garantia de sossego e rusticidade o ano inteiro, até mesmo no verão
Clima
A temperatura varia entre 20°e 30°C e costumar chover apenas em maio. Ainda assim, o tempo não chega a impossibilitar o acesso dos turistas à praia.
Como chegar 
Para chegar a Santo André, deve-se voar para Porto Seguro (BA). No aeroporto de Porto Seguro (BA), uma das opções é alugar um carro. Se esse for o caso, pegue a BR-101 até Eunápolis e, depois, a BR-367 até Santa Cruz de Cabrália, num trajeto de apenas 25 km.

o Recital do IASA

A musicalidade nordestina foi o tema escolhido pelo grupo do IASA para o Recital Anual de 2011, com peças de música tradicional, folclórica e contemporânea desta parte do Brasil. De blusa vermelha, a professora de música, Simone
O público da Vila se reuniu para ouvir e ver os alunos e convidados do IASA no gramado do Aldeia Tangerina   (o restaurante agora sob a administração do Chef Armand)
A hora do sopro: os alunos da flauta aguardando sua vez de tocar
música e roda de dança do folclore indígena (foto de Wally Busch)
Joelson na mesa de edição. Cada aluno do IASA levou pra casa um DVD do próprio recital
Lola, a coordenadora do IASA, fazendo a apresentação dos números musicais
foto do público feita por Wally Busch... olha nós lá na platéia, Cláudio e eu...
No dia do recital, a Lola anunciou que o IASA teve um projeto aprovado dentro do programa "Criança Esperança", da Rede Globo. Um feito a ser comemorado por todos nós, moradores e visitantes de Santo André.  Atenção, quem vem para o revéillon de Santo André: ainda falta acontecer o Espetáculo Anual do Centro Cultural, no dia 27 de dezembro, no campo. Se você estiver visitando o povoado pela primeira vez, saiba que não pode perder esta apresentação. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Belmonte: charmosa decadência


O artigo abaixo foi escrito e fotografado por um amigo argentino que nasceu em Brasília e veio passar uns dias de outubro em Santo André. Ele, e a mulher, Dora, foram parceiros de muitas viagens e vivências partilhadas por este brasil-afora.
Salve Boi-Peba!
Salve Diamantina!
Salve Milho Verde!
Salve Biribiri...! cidadezita-fantasma de duas ou três ruas, pras bandas do sertão mineiro.   
Andamos e rodamos por tantos povoados, cachoeiras, rios e veredas...  
Inevitavelmente, a curiosidade e o interesse de Lancelle nos fazia "ver" melhor as coisas verdes miudinhas, os detalhes das sacadas, a dobra da água do rio... Com a idade, ficou mais apurado. Meu Deus, eu nem acreditava quando vi a pilha de livros sobre Santo André e região que ele tomou emprestado da Mikie. Pelo jeito, leu tudo. 
Escolheu Belmonte,  para começar... espero que venham mais artigos tão bons quanto este.
Obrigada, Luís! 

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"Quem estiver de passeio pela deliciosa Santo André vale a pena dar uma esticadinha de poucos quilômetros (algo em torno de 50) e apreciar a inusitada arquitetura retrô de Belmonte.
Essa pitoresca cidadezinha baiana, fundada no começo do século XVIII no delta do rio Jequitinhonha (naquela época rio Grande), percorreu uma longa e monótona história em que pouco acontecia, não passando de unas poucas dúzias de casas de estilo pescador-colonial e muitas denominações diferentes (São Pedro do Rio Grande, Vila de Nossa Senhora do Carmo do Belo Monte, Vila do Rio Grande de Belmonte; Vila de São Pedro de Belmonte, Vila do Rio Jequitinhonha de Belmonte e, simplesmente, Belmonte).

Ate que vinte décadas mais tarde, por volta do final do século XIX, o cacau, levado a essa região por um francês cem anos antes, desponta no mercado internacional e provoca a aparição, desde Belmonte até além de Ilhéus, de uma raça muito especial de ricos coronéis chamados de “barões do cacau”. A história desses sanguinários caudilhos está fascinantemente relatada em “Terras do Sem Fim” de Jorge Amado (...”a melhor terra do mundo para o plantio do cacau, aquela terra adubada com sangue”...). 

Esses personagens, além de muito ricos, eram extremamente vaidosos, tendo uma verdadeira obsessão de ostentar suas riquezas que, devido a suas grandes restrições intelectuais, somente conseguiam mostrar nas fachadas de suas casas.

Assim, houve uma verdadeira invasão de engenheiros, arquitetos e construtores vindos de Salvador, Rio, e São Paulo que, totalmente influenciados pela moda “beaux arts” daquela época que, enriquecida com a presencia de abacaxis, pinhas, e outros elementos tropicais, misturam repúblicas, querubins, galgos, fantasiosos brasões, leões e exóticas aves e constroem palacianas fachadas, superando em grandiosidade a própria casa que as possui.A grande maioria dessas fachadas ainda sobrevive, não necessariamente bem conservadas e, além do que, adereçadas com “macarrónicos” cabeamentos elétrico-telefónicos  colocados posteriormente.
Como curiosidade adicional vale a pena visitar um pequeno chafariz de ferro fundido, feito em Glasgow, Escócia, que, segundo a lenda, estava coroado por uma graciosa garça regional, ainda que as más línguas digam que era uma cegonha, e que um prestativo gatuno decidiu “reciclar” junto com tampas de bueiros, trilhos de bondes, etc.
Outra lenda diz que o farol, feito na França na mesma metalúrgica que a torre Eiffel, realmente estava destinado a Belmonte, Portugal, e o capitão do navio, por pura vontade de conhecer uma linda mulata baiana, decidiu entregar erradamente em Belmonte, Brasil, porém, sem demérito das lindas baianas,  acho demasiada fantasia.A história não para por aí, na década dos anos 20 do século passado e, em decorrência da Semana do 22 de São Paulo, todo novo rico queria ser moderninho e assim, pagos com o rico cacau, desembarcaram na região novos “designers” da construção civil para, desta vez, soterrar o “art nouveau” e  consagrar o “art decô” em outras tantas fachadas.
 A riqueza do cacau foi varrida nos anos 60 pela “vassoura de bruxa”, e novamente Belmonte entrou num período letárgico de quase 50 anos. Agora, graças a CEPLAC e sua pesquisa destinada a exorcizar à bruxa, esperemos que volte a riqueza cacaueira e Belmonte deixe de ser uma “charmosa decadência” e reencontre seus anos de glória.
Luis Lancelle
luis@lancelle.com.ar

pequena história de um neto em quadrinhos

Março, 2007. Com a mamãe, Camila
Abril, 2007. Com o papá Tomaso
Primeira vez em Santo André da Bahia... Com a vovó (eu) e o "Zio" Caio
Na sessão do Cine Cajueiro, 2008

.... como é que pode ficar assim, de repente, com 4 anos de idade, cara e jeito de rapaz?