segunda-feira, 31 de maio de 2010

fazer o quê em Nova York?

Caro viajante:
Se você vai passar um período mais longo em Nova York, não se restrinja à Manhattan nem se deixe levar pelos comentários chauvinistas dos moradores elitizados e yuppies. Atravesse o East River e vá conhecer o Queens, o bairro que saiu da Bíblia para personificar a Babel do século XXI. Imagine a etnia mais exótica - ela vai aparecer por lá. Os tons de pele se misturam numa rica e diversificada paleta, os olhos se arredondam, afinam e se espicham e as roupas estampam estilos variados e coloridos. Chegamos no mercado persa, ou para usar uma expressão local, no melting pot. Os moradores sabem que a Nova York dinâmica e real está aqui e não estão nem aí para os executivos de Manhattan. Inclusive, um número cada vez maior de novaiorquinos tem preferido deixar os estratosféricos aluguéis da ilha central e se mudar para Queens. A foto acima ilustra a revitalização que ocorre no bairro, mas não está claro se os moradores apreciam este tipo de mudança, pois de certa forma, desfigura o que é típico de lá.
É uma experiência urbana vibrante e autêntica. Você se verá rodeado de muita cultura. Vários centros culturais brotaram em fábricas e espaços na margem do rio. Olhem o que diz o TimeOut, um guia turístico respeitado:
"O Queens é um lugar acessível, interessante e até avant-garde para se viver. Os artistas e profissionais liberais recém-chegados são apenas duas camadas demográficas no mil-folhas do Queens, que se intitula a área urbana mais etnicamente diversa do planeta. Mais de um terço de seus 2,3 milhões de moradores é estrangeiro, e mais de cem idiomas são falados aqui. Graças a esta incrível diversidade, o Queens tem um intenso clima de bairro e uma gama internacional de acessíveis lojas e restaurantes. Para começar seu tour pelo Queens, pegue o metrô 7, a linha apelidada de International Express, pela impressionante variedade de bairros étnicos que atravessa."
Aqui a gente toma café da manhã na Colômbia, almoça na Índia ou na Itália e janta no Afeganistão... ou na Grécia. You name it.
Adorei o brunch chinês que degustamos neste restaurante, chamado Jade Asian Restaurant, em Flushing. Chegamos cedo para garantir uma mesa; mais perto da hora do almoço o local fica lotado, faz fila. Não vi ninguém parecido com turista -- aliás, Cláudio, Pedro e eu éramos os únicos sem traços físicos orientais. A Yumi, mulher de Pedro (camiseta verde) é japonesa. A comida, em geral fumegante, passava continuamente pela nossa mesa em cima de carrinhos conduzidos por garçonetes que falavam mandarim (suponho). O método de escolha mais fácil era apontar os pratos que a gente desejava comer -- ninguém sabia mesmo o que continham os bolinhos apetitosos ou os cestinhos de bambu com bocados enrolados em folhas de... de quê mesmo?
Ai, ai, ai, estou ficando com o formato de uma bola, mas não consigo (e nem quero) resistir aos petiscos, adoro experimentar comida diferente.

alguns rapazes da família

Caio em Black´s Beach, San Diego - neste momento voando para NYC. Hoje à noite, jantaremos juntos, filhão.
Cláudio esperando o metrô
genro e neto, em Roma (Ciao, Tomaso, Ciao, Matteo!)

boas notícias vindas de Santo André

Recebemos um email de Léa Penteado, com os detalhes do curso profissionalizante que o Costa Brasilis está oferecendo para os jovens de Santa Cruz Cabrália e seus distritos


"Olimpia e Claudio
Hoje assistimos uma cerimonia que voces iriam adorar. Vcs ouviram falar do projeto que o Costa Brasilis está desenvolvendo um projeto de formação técnica de hotelaria para jovens ? Eles convidaram estudantes do 3o. Ano de 2o grau em Cabralia a fazerem uma prova. Foram mais de 100 inscritos. Selecionaram não sei bem quantos, conheceram as familias, entrevistaram e escolheram 20 para este curso de 1 ano. Todos tem menos de 18 anos, terão que continuar estudando na escola e este curso tera a duraçao de 1 ano, 5hs por dia de 2a a 6a, ganharão uniforme, vale transporte, alimentaçao, atendimento medico e dentario, e um salario de 300,00 reais. O primeiro mes será de aulas teoricas, a partir de julho estagio em todos os setores do hotel.
Formação mesmo !!
O projeto é conduzido por uma empresa chamada Formare que tem vasta experiencia, mas é a primeira vez que realizam em hotel. Será uma escola dentro do hotel. Hoje foi a apresentaçao dos jovens que sao de Cabralia, Sto Andre, Sto Antonio e Guaiu. Não é o maximo ?
As familias super orgulhosas, afinal eles estao tendo a chance de ter a primeira oportunidade de se prepararem para o futuro.
Segue a foto que fiz com o celular, sao 16 meninas e 4 meninos. Como sempre as mulheres mais interessadas. A Claudia fez fotos profissionais, é claro..
Bjs e boa viagem "
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Amei o seu email, Léa.

sábado, 29 de maio de 2010

on the road



Um dos passeios que mais gostei até agora foi passear de carro com Cláudio, Pedro e Yumi pelo estado de Nova York. Passamos um dia inteiro vendo as pequenas cidades do interior no countryside próximo à metrópole. Bateu uma nostalgia, porque morei nesta região (Nova Inglaterra) quando tinha 17, 18 anos -- foi uma experiência muito boa, mudou minha vida. Acho as árvores das florestas brasileiras lindas -- Mata Atlântica, Amazônia -- mas é inegável que as florestas do hemisfério norte também são belíssimas. Ficamos contemplando-as por algum tempo no mirante de um lodge bastante amigável - entramos na base da ousadia e ninguém reclamou, nem sequer fez cara feia. Em compensação, na volta paramos num restaurante-bar para irmos ao banheiro e embora tivéssemos comprado água e café fomos tratados com muita má vontade, quase rudeza. Também, o que se pode esperar de um lugar que proíbe os clientes de entrarem de camiseta regata, mesmo no verão? Qual o problema em mostrar os ombros? Não era um lugar sofisticado, ao contrário, era mais para o tosco, escuro e com uns tipos mal encarados, pareciam saídos daqueles filmes policiais classe B, passados no Bronx. Que por sinal mudou - apesar de continuar sendo o bairro mais pobre da cidade não é mais tido como perigoso. Tem mais áreas verdes do que os outros bairros e está sendo remodelado, ou melhor, estava, porque com a crise do capitalismo vimos muitas construções paradas por falta de verba.

PS1 New York

arredores de New York, com minha câmera
Ontem à tarde, vi duas pessoas tirando fotos de obras dentro do PS1, em Queens. É uma escola (Public School) antiga que foi transformada em museu de arte contemporânea, um braço do MoMA. Achei a idéia ótima e comecei a clicar até o segurança me interpelar para avisar que era proibido. Como assim, perguntei, e aquele rapaz de óculos na outra sala? Ah, ele era da imprensa especializada em arte. Preciso arranjar credenciais para o redefurada, urgente. Mas ainda deu tempo de registrar as cores da floresta.

os convites dos amigos


Encontrei 3 convites na minha caixa postal - para ouvir música, participar de um seminário e comparecer ao lançamento de um livro. Ôpa! O povo está produzindo... Infelizmente para quem mora em BH, o evento do blueseiro Lucas "Hippie" Fainblat já passou. Quem não o ouviu cantar nos verões de Santo André nem sequer sonhou... Lucas, então tá combinado, no próximo Festival de Verão vamos Pirar a Merendeira lá no povoado, viu?
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Para a produção literária dá tempo de se organizar - olha aí, pessoal de Brasília, o e-mail do Prof. Piero Eyben (UnB) pra quem gosta de linguagem e quer incrementar o pensamento -
"Estou organizando o I Seminário Escritura: linguagem e pensamento, que ocorrerá na Universidade de Brasília, nos dias 23 e 24 de junho de 2010, com atividades (conferência e mesas-redondas) em todos os períodos. O Seminário, organizado pelo Grupo de Pesquisa "Escritura: linguagem e pensamento", por mim coordenado, terá como ponto fundamental de discussão a relação literatura e pensamento da diferença e os problemas teóricos da experiência literária.
Gostaria muito da presença de todos - seria uma boa oportunidade de nos rever e ainda estarmos rodeados de literatura - e, se possível, que divulguem entre seus pares."
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Apesar da distância, vou me esforçar para chegar lá. Sei que vale a pena (demais!), por experiência própria.
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O último evento também será em BH, dia 31 de maio, no Museu de Artes e Ofícios. Não conheço Paulo Lage, mas a Lola de Milão conhece e garante a qualidade do trabalho do ceramista mineiro.

o relato de Guiomar

O redefurada continua dando a volta ao mundo pela Friends Railways. A parada do trem, desta vez, é em Ouagadougou, capital de Burkina Fasso, África, para assistir ao FESPACO, maior festival de cinema da África que acontece em todos os anos ímpares, naquela cidade. A própria Guiomar -- uma mulher que tem uma casa lindinha em Santo André e um emprego de juíza em São Paulo -- relata sua experiência:
"No aeroporto, depois de muita negociação, conseguimos um táxi. A mala, que carregava um certo dinheiro para a construção de um poço, seguia amarrada com cordas ao porta malas.
Caos, pó e centenas de mobiletes.
Como um lugar tão pobre pode sediar um festival de cinema? Quem assistiria aos filmes?
Pois nada menos que um estádio de futebol lotado, onde os filmes eram projetados ao ar livre.
Parte da platéia:
Terminado o Festival, eu e meus dois companheiros de viagem resolvemos ir a Gorom-Gorom, aldeia ao norte de Burkina Fasso onde periodicamente as tribos nômades da região se reencontram para colocar as novidades em dia e trocar mercadorias. Essa é uma das casas de Gorom-Gorom, pintada com pigmentos naturais."
Guiomar conta que sua passagem por esta aldeia lhe trouxe o sentimento concreto de fazer parte da humanidade. E que esta foi sua primeira viagem ao exterior. Achei legal e diferente, porque quase todo mundo que conheço quando resolveu sair do Brasil pela primeira vez para ver outras culturas optou pelo "primeiro mundo".

sexta-feira, 28 de maio de 2010

The High Line Park - antes e depois da reforma




Fui visitar um parque que não conhecia -- talvez o parque mais estreito de NYC. Surgiu após a reforma de uma linha férrea aérea construída nos anos 30 para remover o perigoso trânsito de trens de carga das ruas do Meatpacking District. Caramba, devia ser bem arriscado caminhar por lá tendo que se desviar dos carros e dos trens. Em 1999, quando a prefeitura queria demolir a histórica estrutura, um grupo de cidadãos fundou uma associação para preservar o gigantesco viaduto transformando-o numa área de lazer. É mais ou menos como um parque construído em cima do Minhocão de SP.
Por ser limitado em espaço (largura), o parque tem uma série de proibições: bicicletas, skates, patins e animais não são permitidos. Bebidas também não, mas não sei se isto tem a ver com espaço...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

New York, New York


Dois dias em Nova York, numa viagem bem diferente das vezes anteriores que estive nesta cidade (mais de 20, metade delas para trabalhar). Ficar na casa de um local faz toda a diferença - aqui somos hospedes de Pedro, o filho mais velho de Claudio, e de sua jovem mulher, Yumi. Ele trabalha no Google e visitar o escritorio da empresa foi das coisas mais divertidas e interessantes que fiz ate agora. Eh outra concepção de trabalho -- as pessoas vão trabalhar de bermuda, sandalias, camiseta... Tem jogos de lego, cores vibrantes, videogames, mesas de ping-pong, tres restaurantes e varias lanchonetes. Parece um enorme playground para adultos. A comida eh por conta da empresa e o mais incrivel eh que a produtividade dos funcionarios eh altissima. Nada de horarios fixos, nem hierarquia rigida. Grafites, coisas engraçadas espalhadas pelas paredes -- vi uma citaçao da Divina Comedia num trocadilho esperto, cartoons...Dificil pensar em emprego mais legal. A foto em cores foi tirada do terraço de um dos restaurantes da empresa (a Google estah instalada no prédio antigo da Port Authority, um dos maiores edificios de Nova York ) dah uma boa visão daquele arranha-ceu que todo mundo conhece...
Hoje passamos o dia passeando fora da metropole. Alugamos um carro da forma mais descomplicada que ja vi -- reserva pela internet, apanha o carro no estacionamento indicado (o mais proximo de seu endereço), paga-se apenas 7 dolares por hora, o tanque vem cheio e os pedagios estao incluidos. A chave estava dentro do automovel, um Honda.
Muito barato, mas eh preciso pagar uma anuidade - o serviço se chama zip.car
Estou achando a cidade um pouquinho diferente da minha vila... rsrsrs

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Josie Lins no Butão

O redefurada continua a rodar o mundo com os pés e os olhos dos amigos. Desta vez quem me ajudou foi a m.Jo. a dona deste blog. Nós morávamos na mesma rua em Brasília, durante algum tempo. Lembro sempre que nossas filhas praticavam equitação naquela época e ela não se incomodava de levar as duas. Sorte minha e de Camila.
m. Jo é uma viajante e tanto, conhece 34 países e 224 cidades entre as quais – advinhem – Santo André da Bahia, que mesmo sendo apenas um povoado é um lugar especialíssimo. O post da minha amiga é sobre o Butão, mas poderia ser sobre Sikkim ou Darjeeling, lugares que parecem saídos diretamente das histórias de Sherazade...
"O Butão é um país curioso, que começou a receber turistas há pouco tempo. A primeira coisa que me chamou a atenção é haver um portão de entrada, na fronteira com a Índia. Quase um arco do triunfo, todo trabalhado em madeira, cuidadosamente pintado. Eu estava dentro do ônibus, não consegui uma boa foto. Existem apenas três pontos de fronteira terrestre, todos com a Índia. Este é o de Phuntsoling.
Depois... vêm as roupas masculinas. Uma espécie de roupão. As dobras das mangas são usadas como bolsos e quase todos os homens usam.
A cidade da foto é Thimphu, a capital. Fica em um vale, como todas as demais cidades que visitei. É só o que se vê: vales e picos altíssimos. Existem algumas hidroelétricas, e a economia baseia-se na venda de energia para a Índia.
As construções obedecem ao padrão tradicional, são cheias de bordadinhos e trabalhos em madeira. O código de obras é rigoroso, nada de modernices exageradas. Pinturas nas casas e muros são freqüentes, com muitos falos pendurados nos telhados, balançando ao vento... O animal é o Takim, só existe por lá. Na verdade, é o único animal do Jardim Zoológico de Thimpu. Em 1991, atendendo a uma reivindicação popular, o rei mandou abrir as portas das jaulas e libertar todos os bichos. Manter animais em cativeiro envergonhava os budistas butaneses. Só ficou o Takim, porque precisava de proteção contra seus muitos predadores.
A outra foto é do Punaka Dzong Dzong, um edifício lindo, de 1673, onde funcionam um mosteiro budista e a administração regional. Fica na junção de dois rios, um rio macho, mais rápido (à esquerda) e um rio fêmea, tranquilo (à direita). Coisas do Himalaia."
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Obrigadíssima, m. Jo! Acabei de fazer minha malinha para viajar amanhã cedo -- agendei um táxi para nos levar ao aeroporto às 5 horas da manhã. É um vôo diurno para Nova York. Depois dos depoimentos de Lola (Jhadpur), da Soninha (Teerã) e do seu (Butão) estou achando minha viagem muito sem imaginação... Bem, acho que não vou conseguir colocar posts por lá... nem computador vou levar. Conto com a ajuda de vocês... quem mais poderia ajudar o blog a viajar ?
Foto de Santo Antônio e Guaiú também vale...

domingo, 23 de maio de 2010

Hojé é o dia das Anas




Aniversário das gêmeas mais famosas de Santo André.
Duas Anas, duas amigas.
Parabéns, queridas!

Sonia Bonzi em Teerã


De vez em quando eu trago uma foto de Sonia Bonzi para o blog ou comento sobre as incontáveis viagens que já realizou. Acho que não conheço ninguém mais viajada do que ela, ou sua família. Isso se explica em parte pela profissão do marido, um diplomata que alcançou o posto de embaixador quando trabalhava no Irã. Na condição de embaixatriz, fotógrafa e pessoa extraordinária que é -- uma exímia construtora de redes humanas -- Soninha pode dar uma opinião abalizada sobre aquele país, muito oportuna, agora que o acordo sobre o uso de armas nucleares para fins pacíficos permeia a teia de comunicação mundial. O depoimento dela -- interessantíssimo -- está numa revista eletrônica (o link está lá embaixo).
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"O Irã que eu conheci"
por Sonia Bonzi
Depois de ter morado no Irã, minha maneira de ver o mundo mudou bastante. Não acredito em mais nada do que diz a grande mídia.
Quando soube que ia morar em Teerã senti um certo medo, mas aceitei o desafio. Comecei uma busca voraz por informações sobre o país, a cidade, a história, o povo. Depois de tudo que li, decidi que viveria em casa, reclusa, lendo, escrevendo, fazendo crochet, inventando moda...
Parti de Londres pronta para o sacrifício. Teria que conviver com os xiitas radicais, terroristas cruéis, apedrejadores de mulheres, exterminadores de homossexuais, homens-bomba, mulheres oprimidas, cobertas com véus...
Eu estava submetida às leis locais e me seria vedado mostrar cabelos, pernas e braços. Ficar em casa era o que mais me atraia. Vestir um chador para sair me parecia um pouco demais. A caminho de Teerã eu depositava o sucesso da minha estadia nos jardins da casa onde fui morar. Ter aquele espaço me bastaria.
Logo ao sair do aeroporto comecei a ter uma imagem diferente de tudo aquilo que eu tinha lido. Tudo tão bonito, belas estradas, muita luz, viadutos com mosaicos, jardins bem cuidados, gente vendendo flores nos sinais, um engarrafamento sem buzinas, pedestres poderosos cruzando entre os carros, rapaziada de cabelo espetado, mocinhos com camisetas apertadinhas, moças lindas, super produzidas e também muitas mulheres de chador. Parques cheios de gente. Muita criança. Muito pic nic.
Dizem que a primeira impressão é a que vale. Gostei da chegada. Não tive medo. Não vi tanques, cadafalsos, escoltas armadas... Gostei das caras, das montanhas, das casas, das árvores, dos muros, do alfabeto que me tornava analfabeta.
Logo no segundo dia eu já tinha entendido que minha leitura sobre o cotidianonão tinha nada de realidade. Eu não precisava usar chador. Podia sair vestida com uma calça comprida, um camisão de mangas compridas e um lenço na cabeça. Senti-me nos anos 70, quando eu não dispensava um lencinho.
Deixei o jardim de casa e fui conhecer Teerã..."
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Não deixem de ler o restante aqui
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Soninha é uma amiga de décadas. Até hoje me arrependo de não ter ido visitá-la e ao Fachini quando moravam em Teerã. Foram tantos os convites. Não fui de besta, Soninha, mas para a Tunísia a gente vai, pode esperar.

sábado, 22 de maio de 2010

Lola e a cidade azul



Lola e Nardo é um casal de italianos residente em Milão que têm casa e história em Santo André da Bahia. Não satisfeitos com isto, eles também têm uma história antiga com a Índia para onde viajam com freqüência devido ao ramo de trabalho que adotaram, o comércio de móveis e artesanato. Em fevereiro deste ano estiveram em Jodphur, uma cidade cuja atividade econômica mais acentuada é a fabricação de móveis e a manufatura de tapetes. Os indianos de lá ainda se dão ao luxo de exibir palácios fabulosos, templos de todos os matizes e mercados agitados.
Está situada em pleno deserto de Thar. Imagino Jodphur como um oásis no coração do estado do Rajastão.
A cidade tem uma curiosa particularidade: as casas e lojas ostentam pelo menos uma fachada pintada de azul. Deve ser encantador!
Adorei a mensagem que a Lola enviou “para contribuir com a galeria de fotos do mundo do redefurada”... Obrigada, viu, Lola?Meu sonho de consumo do momento é que outras pessoas enviem fotos dos lugares que visitou e gostou. Pode ser algo distante e exótico como Jodphur ou uma incursão ao quintal da casa: o que importa é a boa lembrança.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

a estréia do veleirinho



Na véspera da viagem ainda deu tempo para o Cláudio e o Otton colocarem o barquinho nas águas do rio João de Tiba, na enseada que se forma da mistura das águas do rio e do mar.
O redefurada saúda o primeiro veleirinho construído em Santo André!
Valeu, Ronaldo, Cláudio e Otton.
Sem esquecer a ajuda de Carlindo, Juraci, Zélia, Paulo Maciel, AMASA e todos os que deram palpites e contribuições durante a construção (como os dois Stefanos - Arosio e Visigalli, o Rodrigo, o Henri...)
Muuuito legal, gente, foi uma das atividades comunitárias mais bonitas que já vi em Santo André... a idéia é continuar... quem sabe não sai mesmo a escolinha de vela?

o vaivém de Santo André

Pablo, Amadeo e Joyce encontram-se fora do povoado (a foto é de Cláudia ... talvez da Léa)
Léa Penteado voltou a residir na Vila, pelo menos nos próximos 6 meses. Ela e a Cláudia estão cheias de idéias para vitalizar nosso condado, digo, nossa praia (aqui com o Ministro Juca Ferreira, da Cultura, na exposição de Roberto Carlos)
Cristiane e Rodrigo, os novos residentes de Santo André. Gente boa, são muito interessantes. Ele é engenheiro e velejador, ela, veterinária. Ambos, viajantes.
Wally e Hans voltaram para casa, depois de um longo período na Alemanha.
Stefano Arosio e Paloma também voltaram de Milão.
Vânia, filha de Gilma e Vando, está passando uma temporada em Buenos Aires (de onde a Maninha voltou há pouco tempo)
Virginia Mares foi para Rosário ver a família, mas já deve estar voltando
Enfim, nossa comunidade é pequenina, mas corre mundo...
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Edmilson, o antigo gerente do Costa Brasilis está na gerência de um hotel novo em Manaus. Convidou o filho de Célio e Zeti para ir trabalhar lá. Robson (Robinho) está de malas prontas, vai embora de Santo André na segunda-feira.
Por falar no Costa Brasilis, adorei saber da nova ação social do resort: está montando um curso profissionalizante para cerca de 20 jovens de Cabrália e Santo André. Os jovens já foram selecionados através de provas e notas escolares. Receberão remuneração e frequentarão as aulas no hotel durante um ano, quando possivelmente serão aproveitados para trabalharem no resort. Super louvável, esta iniciativa do grupo GJP.

ser mulher no Afeganistão

Desde o ano passado vige uma lei no Afeganistão que obriga as mulheres xiitas a terem relações sexuais com seus maridos a cada quatro dias, no mínimo -- ou seja, a mulher, querendo ou não, precisa manter relações com seu marido; caso não queira o marido tem o direito de violentá-la. Ou de não lhe dar comida.
A emenda ao texto original aprovada pelo governo manteve as partes mais opressoras, incluindo esta, que permite que o marido não dê comida à mulher enquanto esta se recusar a fazer sexo. A lei determina também que a esposa peça ao marido permissão para trabalhar e, ainda, dá a pais e avôs a custódia exclusiva dos filhos.
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Isto acontece num dos países mais pobres e sofridos do mundo... Mas existe compaixão por lá. O escritor Atiq Rahimi, por exemplo, escreveu um belíssimo livro sobre a condição da mulher afegã, trecho abaixo:
"Durante a alvorada, quando a voz ríspida do mulá chama os fiéis para a oração, um ruído de passos arrastados se faz ouvir no corredor da casa, aproxima-se do aposento, distancia-se dele e volta. A porta se abre. Entra a mulher. Ela olha o homem. Seu homem. Ele continua lá, na mesma posição. No entanto, seus olhos a intrigam. Ela dá um passo à frente. Ele está com os olhos fechados. A mulher se aproxima ainda mais dele. Um passo. Sem ruído. Depois, dois passos. Ela o olha. Não distingue coisa alguma. Ela duvida. Recuando, sai do quarto. Em menos de cinco sopros, volta com o candeeiro. Ele, sempre com os olhos fechados. Ela se deixa cair no chão. "Você está dormindo?" Sua mão, trêmula, vai pousar sobre o peito do homem. Ele está respirando. "Sim... Você está dormindo!" grita ela. Seu olhar busca por alguém no aposento a fim de repetir: "Ele está dormindo!"
O vazio. Ela sente medo.
Ela pega o tapetinho, desdobra-o e o abre no chão. Uma vez terminada a prece matinal, ela permanece sentada, pega o Corão, abre-o na página marcada com uma pena de pavão, que ela retira e guarda com a mão direita. Com a esquerda, debulha as contas do terço. "

você conhece a mulher de Modigliani?

O nome dela é Jeanne Hébuterne, era a mulher de Modigliani quando ele morreu. Este retrato dela encontrava-se no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris até o começo desta semana, quando foi roubado, juntamente com outras obras de arte. Onde estará agora? Adornando o banheiro de algum milionário desonesto e louco por arte? Nas mãos de uma das máfias do planeta? o autor desta foto de Modigliani tirada em Florença em 1909 nunca foi identificado, apesar de a fotografia original estar assinada
na noite seguinte a morte de Modigliani, Jeanne Hébuterne suicidou-se lançando-se do quinto andar do apartamento de seus pais, em Paris

terça-feira, 18 de maio de 2010

eu já estou com o pé na estrada...




Vou viajar depois de amanhã e até agora não fiz mala nenhuma – só separei o passaporte – vamos ter gente para jantar em casa hoje, amanhã haverá sessão de Cine Cajueiro e tenho uma pilha de tarefas para cumprir antes de deixar Santo André por um mês. Ah bom, isto é só para avisar aos companheiros que por aqui passam que os posts ficarão intermitentes...

Pilão Arcado, a Velha e a Nova

Tem um programa na internet, o Feedjit, que dá uma idéia dos posts mais visitados pelos leitores dos blogs. Sabe-se lá porque cargas d’água, aqui no redefurada um dos favoritos é um post que coloquei em 2008 após percorrer um trecho do rio São Francisco numa canoa motorizada, acompanhando meu marido que fez o percurso desde a nascente do rio em Minas Gerais (Serra da Canastra) até a barragem de Sobradinho, na Bahia.
Como é de praxe durante a construção de usinas hidreléticas, para que Sobradinho surgisse foi preciso submergir uma cidade chamada Pilão Arcado; neste caso o afogamento não foi completo porque sobraram algumas ruínas sobre uma pequena ilha de terra escura no meio da imensidão do lago da barragem.
A primeira parte deste post era assim:
Submersa pelos bilhões de litros d´água da barragem de Sobradinho, repousa a antiga Pilão Arcado. Restaram raras ruínas, amparadas por um sítio mais alto. Uma igreja, duas casas, três muros.
Uma sensação de grande estranheza tomou conta de mim enquanto perambulava no parco espaço de terra firme restante. Acho que a maioria de nós sente essa espécie de fascínio ao caminhar em lugares subitamente abandonados ou destruídos, como em Pompéia, na Itália, ou na ilha grega de Santorini.
Quem teria vivido aqui? Como a cidade desapareceu do mapa, lentamente ou de repente? Como foi feita a transferência da população e de seus pertences? Onde foi parar o cartório com as certidões de nascimento? Múltiplas perguntas, mínimas respostas.
Ainda moram naquele ermo um homem jovem, sua mulher e seu filho.
Totalmente sem vizinhos.
A segunda parte foi escrita um ou dois dias depois:
Pilão Arcado, a Nova
Para entrar nas águas da barragem de Sobradinho partimos cedo em dois barquinhos. Nós no bote do Cláudio, no outro o Dagoberto, um amigo de Brasília. A água é clara, translúcida, em forte contraste com a cor barrenta do rio São Francisco. O vento norte entrava forte levantando “maretas” -- é assim que os pescadores locais chamam as ondas do rio. Por precaução (e medo), foi preciso parar algumas vezes nas margens do Velho Chico – o barco balançava muito, entrava água – e só conseguimos chegar ao vilarejo de Passagem na hora do pôr-do-sol.
Quando as maretas ficaram pra trás, seguimos apreciando a beleza do rio, observando o pessoal ribeirinho, a vegetação de dentro e de fora da água, os peixes saltadores. Horas e horas transcorridas em estado zen, beirando à irrealidade.
Passamos depressa por Passagem, apenas uma noite. Vimos o local onde antes existira uma ponte, não deixou nem vestígio, as águas da represa cobriram. Ficou só uma estradinha para Pilão Arcado – a Nova Pilão Arcado, porque a velha Pilão foi inundada.
Pilão Arcado Nova tem 4 prédios de porte: a casa do prefeito, a casa do tesoureiro da cidade (por sinal, irmão do prefeito), um monstruoso templo de religião evangélica e uma boa pousada – do irmão do prefeito, é claro. Ah! Tem ainda uma praça grande e bonita, novinha – bem em frente à casa do prefeito. Pilão já nasceu velha e arcada no campo da política.
Na fachada do “Supermercado Melo” vi uma série de furos enormes desenhados na parede, feitos de rajadas de metralhadora. Contam que o tiroteio durou quase uma hora durante um assalto à agência do Banco do Brasil, que fica ao lado do supermercado. O gerente do banco morreu, assim como os assaltantes. Pilão ficou ainda mais arcado.
Notei que os moradores se empenham numa medonha atividade esportiva: competem ferozmente para ver quem consegue ter a parafernália musical que mais azucrine. São imbatíveis na modalidade “carro com som alto”, ou desfilam incansavelmente pelas ruas ou param na praça com aquela zoeira alucinante.
É diferente ver o Brasil de fora das metrópoles, mas não tenho saudades de Pilão Arcado nem passo mais em Passagem.
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bati o primeiro instantâneo nas ruínas de Pilão Arcado
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esta segunda foto é da região de Belo Monte, onde surgirá uma nova hidrelética brasileira

Você já ouviu falar de Inhotim?







E Brumadinho? Pois esta cidadezinha, localizada a 60 kms de Belo Horizonte, abriga hoje um Instituto Cultural portador de uma das maiores coleções de arte contemporânea do Brasil, com obras de Cildo Meirelles, Adriana Varejão, Vik Muniz, Paul McCarthy, Zhang Huan... E tudo isto num parque ambiental de 97 hectares de jardins projetados por Burle Marx que podem ser percorridos a pé, pelas trilhas, ou em carrinhos de golfe. São dois passeios – Brumadinho merece o dia inteiro – um para ver os pavilhões e as obras externas que ficam no parque e outro para ver as galerias dos artistas.

É o mais novo Jardim Botânico deste país.

Aqui jazz Hank Jones



Um gigante da música americana morreu no último domingo, em Manhattan. Dotado de enorme versatilidade artística, Hank Jones foi pianista de Ella Fitzgerald durante 6 anos, tocou com Benny Goodman nos anos 70 e foi campeão de gravações. Tinha dois irmãos igualmente talentosos: Thad, trompetista de Count Basie e Elvin, percussionista que tocou com John Coltrane.
Jazz até o pescoço. Adoraria ter sido vizinha deles. Imaginem os ensaios...!
Foi ele que acompanhou Marilyn Monroe quando ela cantou o legendário Parabéns pra Você no aniversário de JFKennedy em 18 de maio de 1962 (48 anos atrás)



cumpleanos




Alícia, Amadeo e Pablo, três estimados Rosarinos, comemorando o aniversário da Alícia com churrasco e espumante, na Argentina.
Mas o próximo cumpleanos você vem comemorar aqui, não é, Alícia?

especial para as sobrinhas de Brasília

Sarah
Janaína

domingo, 16 de maio de 2010

o humor do morador

o mapa mostra como os paulistas vêem o resto do Brasil... que tal?
e essa senhora é uma Dona Maria, curtindo sua quinta, lá em Portugal
a fisionomia me é vagamente familiar
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contribuição de um paulista que mora aqui há anos, mas é pouquíssimo visto
ontem apareceu no Sant'Anas e me prometeu estas imagens engraçadas