terça-feira, 24 de julho de 2012

andar na rua em são paulo


"Os gêmeos"
Saiu para comprar café na padaria da esquina quando deu de cara com um pequeno aglomerado de pessoas de pescoços esticados para o céu. Acompanhavam com os olhos a trajetória de queda de um balão preto desgovernado. Dois rapazes subiram correndo a ladeira da Rua Dona Avelina; ao passar pelo grupo jogaram o porteiro magricela do prédio  verde contra o portão do edifício.  Um automóvel branco passou zunindo, vindo da rua transversal. O motorista ensandecido cuidava do volante só com uma mão – a outra segurava um revólver. O passageiro do banco da frente também empunhava uma arma de fogo e tinha metade do corpo para fora do carro.  A dupla pedestre retrocedeu com medo das balas: o balão-troféu foi enfiado no banco de trás do veículo.  
Foi-lhe explicado pelos demais que a cena não é rara – os balões são motivo de disputa entre grupos rivais da periferia paulistana. Acompanham o balão até o local da queda. Quem chegar primeiro...  Momentos depois perceberam que outro balão vinha caindo lentamente nas proximidades.
Voltou pra casa sem café, sem pão e sem balão.

2 comentários:

Camila disse...

Que isso, mae? PAURA!!!!

olimpia disse...

Um inocente balão... só na aparência...