segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

carteira de identidade


O email do filho que mora em São Paulo dizia: “mãe, ligaram do Banco Central avisando que sua carteirinha de aposentada chegou.” Com ela passarei a pagar meia-entrada em cinema, teatro, museu e congêneres, quando estiver por lá.

Fiquei meio-exultante, com a notícia meio-boa. Sobre o meu futuro benefício cultural paira a ameaça da cota de 40%, justo agora que a crise bate à porta (e esta não é meia-crise, a entrada é inteira e gratuita, a saída é que é caríssima, e talvez só a metade consiga chegar lá). Acho oportuno o projeto de lei que estabelece a cota de 40% para a meia-entrada: falsificação de carteira de estudante é crime, e abusivo. Estranho é os produtores reivindicarem subsídio do Estado para as meias-entradas.
Tenho que admitir que minha dependência de carteirinhas e de cartões é imensa. Em Santo André ela se diluiu a tal ponto que, frequentemente, na hora de pagar a conta do restaurante, descubro que não tenho dinheiro, cartão ou carteirinha. Nem bolsa: é um acessório em extinção no meu guarda-roupa.

Mas se quero ou preciso viajar, o vício volta. Necessito de doses fortes de carteira de identidade, CPF, cartão de crédito, cartão para celular pré-pago, carterinha da locadora de vídeo, da farmácia (para obter o “desconto”), da assistência médica e agora, se for de alguma valia, de aposentada.

Eventualmente, preciso de título de eleitor, de passaporte, de contracheque.

Guardo os backups cuidadosamente: certidão de nascimento minha e dos filhos, de casamento, de divórcio, de casamento novamente, de escritura de imóvel. Só aposentei os diplomas, justamente por causa da aposentadoria.

Acho que estou passando por uma crise de identidade.

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