segunda-feira, 25 de março de 2013

o que é uma cidade moderna?

retrato de Charles Baudelaire por Gustave Coubert
A partir de meados do século XIX, as multidões anônimas das cidades tornam-se um dos aspectos mais marcantes da vida social.
Charles Baudelaire foi um dos primeiros artistas a usar a cidade como tema de seus poemas, onde falava também da multidão, da avenida, da impressão alinhavada e caótica que a modernidade causa nas pessoas.
No seu livro Pequenos poemas em prosa (Spleen de Paris), Baudelaire mostra uma sensibilidade moderna com relação às grandes aglomerações urbanas, como se pode ver no fragmento 12, intitulado "As multidões"

"Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis para o poeta ativo e fecundo. Quem não sabe povoar a própria solidão também não sabe estar só entre a gente atarefada. O poeta goza desse incomparável privilégio de poder, quando lhe agrada, ser ele mesmo e um outro. Como essas almas errantes que buscam um corpo, ele entra, se quiser, na personagem de alguém..."
(Baudelaire, 1995, pg. 41
centro de são paulo (imagem da web)
 Pois defrontar-se com a multidão é uma atitude moderna que não exclui o susto e o temor da perda da individualidade, mas inclui o fascínio do novo e o heroísmo de aceitar a ameaça de dissolução do eu como nova condição humana.

5 comentários:

Unknown disse...

se me permite: a condição não é nova, a consciência o é.

olimpia disse...

Fale mais sobre isso, Felippe!
(please)

Unknown disse...

O "heroísmo," a meu ver, é entender a dissolução do "eu" como algo a se perseguir, não a temer. De onde vejo agora, a constante parece ser a condição de existir como fração integrante do todo atemporal; o novo é que tenhamos a consciência disso de forma coletiva. Ainda não sou capaz de argumentar, são convicções espirituais em processo de construção. Tomo por base as vezes que tento conversar sobre isso com um amigo que se declara "ateu não-praticante," rs.

olimpia disse...

Com poucas palavras, Felippe, você toca numa esfera complexa demais para meu pobre entendimento... a questão da espiritualidade, da consciência...
Por nada saber acrescentar, peço emprestadas as palavras de Freud (em o Mal Estar da Civilização):
"Um desses homens excepcionais se declara meu amigo, em cartas que me escreveu. Eu lhe enviara a pequena obra em que trato a religião como ilusão, e ele
respondeu que estava de acordo com o meu juízo sobre a religião, mas lamentava que eu não tivesse apreciado corretamente a fonte da religiosidade. Esta seria um
sentimento peculiar, que a ele próprio jamais abandona, que ele viu confirmado por muitas pessoas e pode supor existente em milhões de outras. Um sentimento que
ele gostaria de denominar sensação de “eternidade”, um
sentimento de algo ilimitado, sem barreiras, como que “oceânico”."

Unknown disse...

Excelente escolha de palavras emprestadas!