terça-feira, 6 de setembro de 2011

A vida aqui na praia

A vida aqui com a balsa é assim: sexta-feira passada tentamos chegar em Porto Seguro pela balsa das duas horas, antecedência suficiente para chegar na academia ("Onda") e pegar a aula de pilates desde o início; antes disso queríamos passar no comércio para ver geladeiras. Batia um cortante e incessante vento sul e havia dois caminhões-baú a bordo... As laterais altas dos caminhões funcionavam como velas... O vento tinha mais força do que o motor do rebocador; fez a balsa voltar para o embarcadouro 3 vezes. Foi tenso. Todo mundo observando as manobras do piloto, o descontrole da balsa. Quase se chocou contra a chalana amarela da CVC que estava ancorada perto do cais do restaurante. Foi por um triz.
Não batemos, mas perdemos a aula de pilates.

A vida aqui na roça é assim: quando a Cy, a manicure mais antiga e competente da Vila se mudou para Belo Horizonte com os filhos e o marido, passamos de 475 para 470 habitantes ou algo em torno disto. Uma família se muda, e pronto, faz diferença... Por outro lado, há tantas construções em andamento -- chega a faltar mão de obra; na minha rua foi vendido um terreno grande, recentemente...
Tenho a impressão que a Vila está mudando de paradigma. 
No próximo censo, a gente vai chegar em 1000.

A vida aqui na roça é assim: ontem fomos para o Guaiú comer caranguejo guaiamun no restaurante do Pedro. Estavam gordos que nem foie gras... Com pirão e cerveja. Dá trabalho pra comer, mas vale a pena. Na estrada paramos para dar carona a um casal que ia para Santo Antônio; cheiro de álcool insuportável. Quando percebemos, já era tarde. O pior é que em Santo Antônio decidiram, depois de uma breve discussão, continuar conosco até o Guaiú... Fazer o quê.
No meio da caranguejada, vi o James caminhando ao longo da praça – um retângulo descampado e semideserto. Num lampejo, percebi que tenho um sonho de consumo em termos de aula de inglês: (re) ler Ulysses, de James Joyce, um irlandês, com a ajuda de um nativo da língua. E ali estava o James em pessoa na minha frente. James is both British and English teacher. Lucky me. Ele topou: e ainda me contou uma parte de sua vida que achei supimpa.  Ele morou na Rússia durante um ano, muitos anos atrás, quando o mundo não estava assim tão globalizado. Na Rússia profunda: Murmansk, uma cidade que fica a 200 kms do Círculo Polar Ártico. Um lugar congelado.  Aprendeu russo, o suficiente para, anos depois, já de volta a Londres, contratar uma professora russa que morava em Londres para ajudá-lo a ler Leon Tolstoi no original.
Olha que chic.

A vida aqui na praia é assim: à noitinha do domingo,  fomos para o CasaPraia: queríamos estar presentes na primeira Domingueira Cultural de Pablo&Amadeo.  A programação iniciou com a exibição de vídeos (gentilmente cedidos pelo YouTube) da coreografia que Matthew Bourne, um dos mais populares e bem sucedidos coreógrafos do Reino Unido fez do clássico Lago dos Cisnes. Em seguida – como pièce de résistance – o filme Happy Together ("Felizes Juntos") de Wong Kar-Wai.  Sentamos na mesma mesa de Ugo e Maria Emília, uma amiga dele e da Dudu  que freqüenta Santo André da Bahia em estilo alta fidelidade.  Esse filme... quero escrever um post sobre ele, mas não será agora porque a vida aqui no blog é assim.
Amei as conversas e discussões daquela noite... Estimulantes.  Ainda mais com a participação do meu polêmico predileto; um certo italiano... rsrss


A vida aqui na praia é tal qual ... qualquer lugar... cheinha, cheinha de surpresas...

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