segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

os famosos e o duende da morte

Trocando emails com uma amiga e conversando sobre a experiência de mudar de uma cidade para outra, ela ponderou
“É normal querer mudar de cidade, roupa, comida e muitas outras coisas. Temos que lembrar que estas mudanças são externas e esquecemos as mais importantes e duradouras, as internas.”
Intimamente, concordei.  Eu também tenho o pressentimento de que “o importante é estar bem por dentro” ou “estar em paz consigo próprio”.  No email seguinte, peguei uma variante para retomar o assunto  e comentei sobre os limites e as fronteiras que nos são impostos pela vida, pelos outros ou por nós mesmos. Parece que não é só uma questão de geografia, as fronteiras estão dentro de nós -- e não nos mapas...  
No filme do Esmir Filho, “Os famosos e os duendes da morte” há uma ponte (quase um personagem)  ligando o vilarejo-cenário do filme a uma estrada vicinal que conduz para a saída daquele lugar.  Quem quer escapar dali, ou das próprias limitações, como é o caso do protagonista -- um adolescente angustiado que se sente integrado ao mundo quando está conectado na internet -- tem que passar por algum tipo de prova, arrebentar alguma corrente interna. Só assim poderá cruzar o umbral simbólico da pequena ponte. Os suicídios mostrados no filme, penso, representam a falta da travessia, o desconhecimento interior, a impossibilidade de “passar a fronteira”. 
E nem estou pensando em grandes feitos ou ações sensacionais. Falo de coisas simples do cotidiano, de como nos deixamos amedrontar pelo medo de desagradar aos outros, por exemplo.
Viver em função da aprovação geral é uma das fronteiras internas mais difíceis de atravessar. Exige visto de saída, vacina de autoestima e moeda forte em ousadia.

Um comentário:

Luiz N. Vieira disse...

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Abraços Luiz