domingo, 6 de fevereiro de 2011

A estrada para Memphis, Tennessee


Costumo dizer que as melhores noites de Santo André são as inesperadas ou mal programadas. Não é possível marcar hora, dia ou local para as noites cheias de graça e de trilhas sonoras embaladas nas ondas do acaso. Acho até que poderíamos chamar nossa rua principal de “Avenida do Inesperado” ou “Rua do Imprevisível”.
 “Avenida Beira-Mar” é tão sem gracinha...
Ontem à noite foi especial...  Tudo começou quando Stefano Visigalli e Melissa nos convidaram para uma parceria musical através de um filme a ser exibido no Afrodésia. Encostamos a tela na casa do  vizinho português (ele não estava) e a platéia se espalhou pelas mesinhas no meio da rua. Selecionamos “The Road to Memphis”, um documentário produzido por Scorcese que traça a odisséia musical de B.B. King,  o músico símbolo do blues.  O filme faz um tributo a Memphis, considerada a Cidade do Blues e o berço do  Rock´n´Roll.  Sua Beale Street , uma das ruas mais famosas do mundo,  ferve e exala o blues, principalmente ao cair da noite.  
mulher com sacciapensieri
Foi assim que fomos parar em Beale Street,  na companhia de B.B.King, Rosco Gordon, Howlin’ Wolf e outras lendas do blues. WOW.  Aquilo foi entrando alma adentro... Bonita demais, a música dos negros americanos!  O filme ajudou a criar o clima para o que viria depois: um ótimo show musical, presente de Jean-François (sax alto), Marcelo Bottini (percussão), Luc  Giampi e Roger (guitarra, baixo), Mimo (gaita) e a grande surpresa da noite: um italiano  chamado Cláudio, um músico que toca nas ruas de Roma. Uma figura linda, de cabelos frisados, longos e brancos. Aqui a trilha sonora é feita ao vivo, cada dia por músicos diferentes... Esse Cláudio deu um show de espontaneidade, tocando vários instrumentos musicais inusitados, inclusive um scacciapensieri,  instrumento musical de origem árabe que significa mais ou menos “espanta pensamentos”.  Na Sicília, eles usam para acompanhar as tarantelas. Lindo, o improviso que ele cantava, sem letras, só com sons aleatórios.  O público era pequeno e flutuante, no final não havia mais de 30 pessoas,  apesar de ser no meio da rua,  tinha um jeito tão íntimo... Intenso.  Gente, adorei. Foi a noite mais linda do verão, para mim (para o Marcelo também, ele me falou hoje na praia).
A música não tem hora nem lugar, é uma linguagem universal, um esperanto que deu certo.

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