segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Dublinesca de Vila-Matas


                                                              “Viajar, perder países” (Fernando Pessoa)
                                                             Ando lendo a conta-gotas um livro que a Maninha me emprestou, do romancista catalão Enrique Vila-Matas, o Dublinesca, uma obra que trata das obsessões bem conhecidas pela legião de admiradores do autor. A ligação entre a vida e a literatura, o isolamento do escritor, o desnudamento das aparências pela ironia, o fim aparentemente inevitável da condição humana, os ensaios dentro da ficção, a conexão com a alta poesia e outras qualidades literárias que nos fazem – a nós, os leitores – viajar no deleite, folhear os livros da biblioteca particular do escritor, ver cenas de filmes criadas em palavras por seu poder de imaginação, conhecer suas referências da cultura pop...
“Ninguém vive com mais intensidade a crise de um mundo em extinção do que o protagonista do romance – Samuel Riba –, de personalidade romântica, irônica e nostálgica, que se considera o último editor de textos literários e vive imerso numa atmosfera de desencanto. Em meio à depressão, resolve  empreender o que denomina o “salto inglês”, ou seja, uma viagem ao universo anglo-saxão, representado por Ulisses, de James Joyce, livro-espelho de Dublinesca.” (Jornal do Brasil)

Tudo isto para falar de uma passagem desimportante onde Riba comenta com seu amigo Javier que Paris é a capital da República das Letras. “E continua sendo”, diz Javier, “porém este é precisamente o problema, o peso demasiado desta cultura que não resiste à menor comparação com a agilidade inglesa.” O exemplo que Javier providencia para ilustrar seu argumento é no mínimo curioso: o tipo de cabine telefônica utilizada em um país e no outro. Segundo Javier, as cabines telefônicas inglesas, além de serem mais bonitas, oferecem um espaço confortável e melhor adequado para os relacionamentos através da palavra, não são como as francesas – raras e pensadas para a “inapresentável e pedante estética do silêncio.”
Riba está decidido a dar o salto-inglês, a cair do outro lado, a pensar diferente.  Nos dois parágrafos seguintes relembra as palavras que Julian Barnes  escreveu em Do outro lado do canal
“É curioso como os ingleses são obcecados pela França, enquanto que à França só os intriga a Inglaterra”
Da velha Europa o pensamento pula para Nova York (o salto-inglês, again), uma cidade que  deixa Riba intrigado e que foi assim descrita por outro escritor, um certo Nietzky, o amigo espanhol que reside ali, em Nova York, há muitos anos
Vivo na cidade perfeita para dissolver a identidade e se reinventar. Na Espanha a mobilidade é muito difícil: te marcam por toda vida na caixinha que pensam te corresponder”.
É mais ou menos assim, Vila-Matas, de salto em sobressalto.

2 comentários:

Jane Reolo disse...

Olá Olímpia
Nesta coincidências do universo, meu marido me pergunta:Como é mesmo aquele lugar que você foi em janeiro com a Helena, perto de Arraial? Eu: Santo André? Ele: É isso mesmo.Uma colega do Sesc tem uma tia que mora lá...parece que é uma que faz um tal de Cine Cajueiro.
Falei o ano inteiro de Santo André.Bastou a Monica Calmom recomendar que o meu querido amado se convenceu em ir conhecer Santo André. Mundinho pequeno não é? Abraços e até janeiro.

olimpia disse...

Incrível coincidência!
A Mônica esteve aqui este ano...ela mudou do SESC Ipiranga para a nova unidade, de Santo Amaro.
Bom saber que vou rever você e a Helena, conhecer seu marido...
até lá, valeu!
abração Jane, de
olimpia