segunda-feira, 27 de outubro de 2008

a identidade da praia de Santo André


Quem somos nós, os moradores de Santo André?

À medida que o tempo se desenrola em sua inexorabilidade, mentalmente alguns traços começam a tomar forma sobre este lugar atípico em que vivo, e o que mais me chama a atenção é a falta de identidade.

Pois responda quem puder: qual é a identidade de Santo André?

Creio que já existiu, 3 ou 4 décadas atrás, quando aqui só viviam os nativos do lugar ( as três famílias), e um ou outro forasteiro, brasileiro ou não, em número próximo à insignificância. É provável que nesta época existissem padrões de pensamento e de conduta social mais ou menos comuns a todos, e que a relação com a natureza fosse equilibrada. Pelo que entendi, era uma relação de mãe para filhos, devido à abundância dos frutos do mar e da terra e também porque a renovação dos recursos naturais era possível e adequada, tendo em vista o número diminuto de habitantes e a falta de contato com outras “tribos”.

Uma sociedade extrativista e (quase) isolada, em pleno século XX. Incrível como este lugar ficou intocado durante séculos, se pensarmos que Cabral aportou bem ali, em Coroa Vermelha.

E agora? E agora que um pouco de tantos mundos vieram parar aqui?

Evidentemente, não é um fenômeno próprio de Santo André, é mais geral. Porto Seguro e, notadamente, Arraial de Ajuda também são expressões dessa vertente social. Por experiência própria sei que Pipa (RN), Morro de São Paulo (BA), Canoa Quebrada e Jericoacara (CE) e, por certo, muitas outras praias se tornaram ou estão se tornando em novos lares para os que se aventuram a morar em outras plagas.

Talvez seja isto que me trás uma sensação de pulverização, de vez em quando. De falta de norte dentro da vila, uma sensação de pertencer e de não pertencer.

Não saio daqui de jeito nenhum, só para passear. Quero ver onde isso vai dar.

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