terça-feira, 22 de novembro de 2011

a metamoforse da mansão matarazzo

No clima de despedida de São Paulo, coloco os últimos posts paulistanos. Precisava ser alguma coisa relacionada com a Paulista, uma avenida onde estudei, trabalhei e gastei muita sola de sapato. Por mais que eu olhe atentamente e procure reter na memória os prédios, as árvores, os pequenos parques, as ruas laterais... sempre tem novidades para o olhar... no outro dia achei um pequeno bar-restaurante espremido entre dois arranhacéus envidraçados vendendo petiscos típicos de feiras livres ou rodoviárias de cidadezinhas perdidas...
Um pouco de história: na década de 20, a Paulista era uma rua com chão de terra e árvores frondosas em toda sua extensão -- prenúncio da avenida bem ordenada que viria a ser. Foi ali no espigão da cidade que os barões do café, assim como os sírios e libaneses endinheirados, começaram a construir casarões que por muitos anos se enfileiravam imponentes na avenida-símbolo de São Paulo.
Foi na Avenida Paulista que um imigrante italiano pobre construiu sua mansão de 16 salas e 19 quartos. Era Francisco Matarazzo, um sujeito que transformou seu negócio de fundo de quintal num complexo industrial cem por cento nacional. Passou de vendedor de banha de porco à condição de um dos homens mais ricos do mundo;  ajudou a formar o capitalismo brasileiro, mas sempre mantendo laços estreitos com seu país de origem. Veio de lá o título de conde do Reino da Itália, até porque essas bobageiras de conde, barão, etc, nem combina com o Novo Mundo.  Sua mansão ficava na esquina com a Pamplona -- o material de construção veio da Itália.  Ali aconteceram festas suntuosas, como o casamento da filha, Filomena Matarazzo, com João  Lage, um  milionário carioca. A festa durou três dias e três noites e todos os convidados saíram da casa agraciados com canetas tinteiro, banhadas a ouro. 
Que tal?
Era nessa avenida que se realizava o corso do carnaval paulistano: aqueles desfiles de carros alegóricos abertos com pessoas jogando confetes, serpentinas ou borrifando lança perfume nos foliões de rua. Quando o conde morreu, em 1937, a família pediu que não houvesse corso naquele ano. O corso morreu ali também: nunca mais foi realizado.
Quando a prefeitura da cidade começou as tratativas de tombar a mansão para o patrimônio histórico, os membros da família, revoltados, explodiram parte da mansão, em 1996. Foi o que achei em várias páginas da internet. 
"Nas semanas seguintes o que havia ficado em pé foi demolido por uma empresa, que certamente lucrou muito com todo o mármore travertino dos pisos e fachadas, com os encanamentos e calhas de cobre, com as maçanetas, dobradiças, portas e janelas."
"Essa é a imagem mais conhecida e que resistiu até janeiro de 1996, quando “desabou” com a chuva que castigava a cidade. Esse desabamento não foi acidental, obviamente. Desde 1988 sob disputa na justiça com a Prefeitura, que ali queria criar o Museu do Trabalhador, os herdeiros já haviam dinamitado estruturas do porão. A chuva só fez por completar o trabalho: na madrugada de 11 de janeiro  a parte central do casarão ruiu."
A família transformou o terreno num estacionamento, visando obter receitas para pagar o milionário IPTU do local.
A novidade é que ao término de longa peleja judicial a família Matarazzo conseguiu vender o imenso terreno para as ávidas construtoras: imagine, uma área equivalente a dois campos de futebol....Este é o painel que estão pintando  nos tapumes que agora escondem o lote (passei lá ontem, ficou pronto).
Em seu lugar surgirá a "Torre Matarazzo" (a imagem mostra a projeção): um shopping center e um edifício de uso corporativo... 
 Não por acaso, a avenida é o palco clássico para as manifestações políticas...
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Em 4.6.2012 - mais notícias sobre a mansão Matarazzo, aqui

2 comentários:

Anônimo disse...

essa foto e do hotel solar do imperio em petropolis

Anônimo disse...

ATÉ QUEM FIM, O TERRENO FOI VENDIDO E ASSIM SURGIA A MODERNA TORRE MATARAZZO QUE PERPETUARÁ A IMAGEM DA FAMÍLIA DE IMIGRANTES QUE AJUDOU A INDUSTRIALIZAR NOSSO PAÍS. A MAIORIA DOS IMÓVEIS PERTENCENTES AS INDÚSTRIAS REUNIDAS FÁBRICAS MATARAZZO S/A FORAM VENDIDOS ATÉ 1992, APENAS ALGUM PATRIMÔNIOS AINDA ESTÃO SOB LITÍGIO NA JUSTIÇA.