sábado, 13 de setembro de 2008

Pablo Delgado e Amadeo Romero

Matéria do jornal de Rosário (Argentina)

“Alguém, naquele comercial da Coca Light de 2006, pedia “uma salva de palmas para o que fiz – larguei tudo e fui abrir um bar na praia.”
Nada mais fazia do que manifestar uma das fantasias mais comuns ao ser urbano: a pousadinha nas areias dos trópicos tendo o murmúrio teraupêtico do mar como trilha sonora.
Amadeo Romero e Pablo Delgado também o fizeram. Largaram tudo – profissão, trabalho, afeto, tradição – e se instalaram num rincão da Bahia, uma aldeia escondida perto de Porto Seguro (Brasil), um pedaço de paraíso com palmeiras, areia branca e turismo exclusivo.
Provenientes de Rosário, deixaram para trás uma vida urbana tradicional. Pablo, cientista político de 48 anos sempre esteve vinculado à gastronomia. Foi o criador do Café da Ópera, no teatro El Círculo. Amadeo (39) trabalhou mais de 15 anos como arquiteto.
Juntos, abriram um restaurante em Fisherton que funcionou 2 anos. Em seguida, outro restaurante, na parte alta da livraria Ross. Tudo isto até a primavera de 2002 quando tomaram a decisão de “dar o salto”.
“Uma noite, estávamos num restaurante de Rosário com alguns amigos, quando a oportunidade se apresentou. Não hesitamos muito, na verdade. Com o passar do tempo nos demos conta de que fomos não apenas ousados, mas um pouco inconscientes. Vendemos nossas coisas, juntamos as que sobraram e partimos para a Bahia. Era uma época difícil (2002), não pudemos ir de avião. Foram 3000 kms de estrada, debaixo de chuva, levando 13 malas de bagagem.”
Depois de circular por caminhos sinuosos e de atravessar um rio largo de balsa, chegaram a seu destino: Santo André. “Foi amor à primeira vista” – recorda Pablo . “A princípio foi um sonho, uma dessas fantasias um tanto difusas porém balsâmicas que temos em momentos difíceis. Areias brancas e mar azul claro. Água de coco, sol eterno e tardes frescas. O som do tempo e o tempo para vivê-lo, para amar, rir, dançar, cantar, conversar.”
Aos poucos foram erguendo o local que seria a moradia e o sustento. “Agora temos um restaurante-bistrô chamado Casapraia que funciona em nossa própria casa.”
Ainda que o senso comum indique que a adaptação a uma aldeia brasileira não seja tão difícil – com a boa vontade da gente do lugar, o clima propício e a velha chama da vida reacendida – a adaptação não foi fácil para nenhum dos dois.
“Agora rimos de nossos tropeços, porém chegar em um lugar desconhecido, com uma cultura e costumes bem diferentes dos nossos, não foi fácil.” A vida na Bahia, por mais que seja uma pequena vila de pescadores, tem seus segredos

“A princípio éramos dois estranhos. Porém, com o passar do tempo acabamos conquistando o carinho e o respeito das pessoas locais. Não temos dúvidas de que este é o nosso lugar no mundo. Aqui estamos, orgulhosos e felizes com nossa história.”
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foto: cortesia do site http://www.santoandre-bahia.com

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