domingo, 14 de setembro de 2008

viagem para Natal (RN)




Chega-se ao número 4000 da Avenida Litorânea por ponte ou por balsa. Distingo a casa de meu irmão pela biruta multicor girando em cima do hangar, a placa ULTRALEVE-ALUGUEL, a pista para decolagens, o descampado ao redor. Um mar na frente e dunas por todo lado. Par perfeito: a pessoa e a casa.

4 adultos + 4 adolescentes + 3 da família do caseiro + 2 cachorros: todos na vagabundagem do verão. Vivia-se de mar, ar, areia, e de banhos na lagoa particular da vizinha. A despeito do cartaz: PROIBIDA A ENTRADA DE ESTRANHOS. A gente nem se sentia estranho, afinal meu irmão morava lá muito antes dela chegar. Mesmo assim, rastejávamos como em treinamento militar e conseguíamos driblar o vigia. Fatalmente ele nos descobria porque um dos cachorros nos denunciava: era preto como o Cão e rebrilhava no branco da areia.

De qualquer maneira, o vigia era distraído. Fora caseiro na casa de meu irmão, morando na casa do fundo do terreno com a mulher. O problema surgia quando o vigia ia trabalhar na lagoa: não ficava ninguém em casa pra vigiar a mulher dele. Os galhos na cabeça do vigia eram variados, até que a mulher deu preferência para Augusto Xavier. Acabaram desaparecendo, ainda por cima levando o cachorro do vigia (o cão, não o vigia).

Naquele ano choveu muito e fizemos da casa um cassino: gamão, sinuca, mankala, xadrez, palavras cruzadas. Embora o melhor de tudo fosse flanar ao vento da varanda olhando para o descampado – os coqueiros – o mar – as charnecas – e viajar cada vez mais para dentro.

Foi nessa época que a vontade de ficar (in)quieta numa pequena comunidade à beira-mar bateu mais forte. Fomos ver Morro de São Paulo, uma ilha, quem sabe, uma alternativa. Nos pediram uma pequena fortuna por uma pequenina casa, no alto, com esse tipo de vista que tira o fôlego, e um delicioso endereço postal: “Beco dos Elefantes, degrau 136. Morro do Farol, Ilha de Tinharé”.
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Nunca fomos morar na escada... que pena.

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