segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os dois irmãos do Oficina


José Celso Martinez Correa e o Teatro Oficina são ícones do teatro brasileiro. Naquele espaço singular, vi peças antológicas como “O Rei da Vela” e “O Balcão”. Agora, na comemoração dos 50 anos do teatro fomos ver a adaptação de “Os Bandidos, de Friedrich Schiller, que conta uma história parecida com a que o grupo Oficina vive atualmente, já que o conflito entre os dois irmãos de Schiller também pode ser visto como uma analogia ao embate que o diretor vive com o empresário Sílvio Santos.

Decorrida meia hora da peça eu estava de queixo caído. Nada funcionava: o texto, adaptado em versos ruins e pretensiosos por Martinez Correa era pobre e amalucado, misturando Homero, Shakespeare, Che Guevara, o Papa e o escambau, mas nem sequer eram paródias, e se eram, não eram engraçadas. E olha que tenho o riso fácil. Coitados dos atores!

Drama vivemos Cláudio e eu: a duração do espetáculo é de 5 (cinco!) horas. Queríamos ir embora, mas estávamos conscientes de que Zé Celso gosta de fazer a platéia sentir as mesmas experiências de quem está em cena, isto é, os atores podem tocar em você ou lamber uma parte do seu corpo, e é para entender que tudo faz parte do show. Como não estávamos querendo submeter-nos a tais situações, ficamos distantes do corredor, onde as cenas principais acontecem, esperando, na maior paciência, o primeiro intervalo para irmos embora correndo.

Na saída pegamos um táxi num ponto perto do Minhocão. O moço nos contou que mora ali (no Bexiga) há 17 anos e que já lhe ofereceram ingressos grátis para as peças várias vezes, tendo aceitado por prazer. Menos essa, pois sai todo mundo reclamando.

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