quarta-feira, 20 de outubro de 2010

nossos dias com os Fachinis em Tunísia


Quando ainda estava sobrevoando Túnis a bordo do avião que nos levou de Roma até lá, a primeira coisa que me prendeu o olhar foi a mansa ondulação das abóbadas, os muros brancos das casas arredondadas, e a quantidade de pátios  que dava para entrever. De vez em quando, rompendo a horizontalidade das linhas, a elegância altaneira das mesquitas. O nome do aeroporto me deixou na dúvida: afinal estava em Túnis ou em Cartago?
Era Túnis mesmo, Cartago nós visitamos depois, fica pertinho, cerca de meia hora. Recorri a Wikipédia para relembrar porque o nome Cartago me dava arrepios. Aquela região (antiqüíssima) foi o palco das guerras púnicas, os conflitos que colocaram os império romano e cartaginês em luta mortífera ainda antes de Cristo nascer. O adjectivo "púnico” deriva do nome dado aos cartagineses pelos romanos (Punici),  ou seja, de ascendência fenícia.
O contraste das cores azul e branca e a coleção das ruínas que contam as histórias dos muitos povos que por ali passaram são marcas fortes da Tunísia. A língua oficial é o árabe (mas se fala francês como segunda língua), e a religião, o islamismo.  A população é de maioria muçulmana e conta com uma minoria européia, franceses e italianos, basicamente. Em 1957 a monarquia foi abolida e houve a proclamação da república. Desde 1987 o presidente da república é o mesmo, chama-se Ben Ali. Um ditador, na realidade.. Há retratos dele espalhados por toda parte e os jornais estampam fotos dele e da mulher todos os dias.  Vimos, por fora, o palácio onde ele mora...Uma mansão das Arábias, cercada por guardas armados e muita vigilância.
A cidade é razoavelmente limpa – e bela – e a parte antiga onde fica o mercado ainda não está contaminada pela arquitetura ocidental. Até onde a vista alcança é uma brancura imaculada de cal. Percorrer as vielas que formam o mercado (o “suk”)  é uma experiência extraordinária – é possível encontrar centenas de artigos, tapeçarias, jóias, pratos de cerâmica e de cobre, temperos, brincos de prata e de ouro, especiarias, babouches, âmbar, túnicas. Mas como é preciso negociar muito – pedem 100 (dinares, a moeda local)  por algo que custa 5, não comprei quase nada, por absoluta falta de paciência para aquele tipo de negociação sem fim.   Um labirinto mágico – e de repente a gente emerge numa praça de onde se vai até o mercado de comida – outra experiência difícil de explicar – os vendedores falando alto, as tendas de tâmaras frescas pendentes de cachos, uvas e romãs explodindo em cores e cheiros. 

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