Durante a exibição do último filme da Laís Bodansky ( “As melhores coisas do mundo”), cujo tema é o universo teen paulistano (mas poderia ser o universo juvenil de qualquer grande cidade ocidental), nós da platéia do Casapraia demos risada com o seguinte diálogo entre o protagonista (Mano) e uma amiga dele:
Mano – “Meu pai largou minha mãe para ir viver com outro homem.
Que chato, descobrir que meu pai é boiola.”
Mocinha - “E o meu, que é antropólogo?"
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Totem em Shangai (Alain Delorme) |
Repassei para o meu cunhado (que é antropólogo) no meio de minhas reminiscências sobre minha própria fase de estudante de Ciências Sociais da USP. Naquela época – faz uns duzentos anos – Ciências Sociais englobava o estudo de Sociologia, Antropologia, Estatística, Economia, Ciência Política...A gente ralava nessa seara por uns dois anos e depois escolhia um rumo: o meu foi Sociologia, a coisa mais sem futuro de se estudar naquela época de ditadura militar. Sem chance de conseguir emprego, além do desconforto de ver a sala ser invadida now and then por aqueles homens vestidos de verde portando fuzis em vez de cadernos e de precisar esconder livros capitais (como “O Capital” do velho Marx) na lixeira ou no forno do fogão, porque o simples fato de possuí-los poderia acabar nos levando para o xadrez. E o pior é que a gente nem conseguia ler o homem tão bem – achávamos complexo. Ser presa por ler um cara que você nem entendeu direito é o fim da picada.
Hoje em dia, felizmente, sociólogos e antropólogos viraram gente de respeito. Meu cunhado mesmo, o Fausto, acabou de regressar de Pequim onde foi participar de um evento internacional como palestrante, com as despesas todas pagas pelos patrocinadores do simpósio. O mais espantoso é que minha irmã foi com ele – um feito para quem tem medo de viajar de avião e agüentou firme as 30 horas no ar.
Sessenta, contando com a volta.
Estamos orgulhosos dos dois.
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