quarta-feira, 16 de março de 2011

Dare Mo Shiranai (Japão, 2004).


Na noite sufocante de ontem – não soprava nem a mais leve brisa  --  decidimos ficar em casa e ver  este filme que meu marido havia acabado de baixar das nuvens.  Em português ganhou o título de “Ninguém pode saber”. O roteiro gira em torno de uma história real que o diretor (Hirokasu Koreeda),  leu no noticiário de jornal.   A trama mostra a tentativa de uma mulher  de se infiltrar num prédio de apartamentos onde famílias numerosas  não são bem-vindas nem aceitas – e ela tem 4 filhos.  Calculadamente, ela se apresenta ao senhorio do edifício na companhia apenas de Akira, o filho mais velho, de 12 anos.  Dois outros meninos são colocados dentro das malas, e a menina será trazida para dentro clandestinamente, na calada da noite.
Ficamos sem saber se a heroína consegue realizar seu plano, porque na hora de conectar o computador à TV descobrimos que o download do filme japonês sumira dos arquivos.  Em vista da dificuldade, pulamos para outra pasta e começamos a assistir “Sur mes lévres”, um filme de suspense francês, durante uns 40 minutos, até aparecer uma mensagem no cantinho direito da tela da TV  avisando que Pedro estava online.  Logo depois ouvimos o característico som do telefone via Skype e quando o Cláudio atendeu, a voz do Pedro saiu pelo som da televisão.  Ou talvez tenha sido o contrário -- esta mistura de mídias está me deixando confusa. 
Tudo bem, meu filho? , o Cláudio perguntou.
Pedro e Yumi nos levaram neste restaurante para um "brunch" chinês (New York, 2010)
A resposta que saiu dos microfones para se expandir na acústica da sala nos deixou em sobressalto.  Pedro não estava em casa (mora em New York com a esposa Yumi). Naquele momento, ele estava precisamente no aeroporto de Honduras, em viagem de trabalho.  A esposa de Pedro é japonesa e toda a família dela (pais, irmão, irmã, sobrinhos), amigos e parentes moram na região de Sendai. Sobreviveram ao terremoto e ao tsunami com algumas rachaduras na casa e danos leves.  Atualmente estão sofrendo racionamento de comida e energia, como toda a população da região, mas estão bem. O que se teme agora é a radiação atômica: moram próximo às usinas nucleares que explodiram.  Talvez seja preciso removê-los de lá, são oito pessoas. Uma das alternativas poderia ser uma temporada de alguns meses no Brasil, talvez numa cidade do interior  do estado de São Paulo onde haja uma colônia de imigrantes japoneses significativa. Pode ser permanecer no Japão, só que em outra cidade.  Não sei o que vai acontecer com a família de Yumi daqui pra frente, só sei que foi difícil conciliar o sono.

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