terça-feira, 8 de março de 2011

cross-dressing: o gosto pelas roupas do sexo oposto

a moda de Flávio
Que me lembre há duas ocasiões em Santo André onde os homens se vestem com roupas de mulher --  numa partida de futebol que acontece no pico do verão e no sábado de carnaval. 
Não sei a origem do costume – uma mania nacional -- nem me preocupo com os motivos individuais, mas lembro de um precursor famoso, o Flávio de Carvalho, que em 1956 surpreendeu seus pares ao caminhar pelo centro antigo de São Paulo trajando saiote, blusa e sandália de couro, o traje que ele batizou como New Look de Verão e foi uma tentativa de mostrar aos homens brasileiros uma roupa mais adequada ao clima tropical do país.
Flávio de Carvalho foi uma espécie de homem renascentista da modernidade: pintor, engenheiro, arquiteto, jornalista, estilista, cenógrafo... Membro de família abastada, recebeu uma educação esmerada na Inglaterra e na França. Trabalhou na empresa de construção civil de Ramos de Azevedo, onde costumava andar seminu pelos corredores escandalizando as pudicas senhoras da época (1930’s).
Outro ato ousado foi sua investida contra uma procissão religiosa sem tirar o chapéu e até fazendo galanteios para as filhas de Maria. Causou consternação e revolta – a massa começou a persegui-lo aos gritos de "lincha, lincha”. Chamaram a polícia.
O performático acabou preso, acusado de comunista.
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poltrona de Flávio de Carvalho
"Figura central do modernismo nacional, referência indiscutível para a produção brasileira das últimas décadas, Flávio de Carvalho (1899-1973) tem na diversidade uma de suas características mais fascinantes. Quando se tenta defini-lo por uma das diversas áreas em que atuou, pelos seus trabalhos mais marcantes ou pelos efeitos - algumas vezes bombásticos - de suas ações, tem-se a impressão de estar omitindo um aspecto desse artista multifacetário." (Maria Hirzman, em matéria para o Estadão, maio/2010).

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