quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sándor Marai



Achei estes trechos no livro de “De verdade”:

“O ouvido do mundo é sofisticado. Bastam alguns sinais, gestos, e a rede de intrigas delicada da inveja, da curiosidade e da malevolência desconfia de alguma coisa. Basta recusar alguns convites, basta não retribuir a tempo o convite que aceitamos um dia de algumas pessoas, e pela linguagem de sinais a engrenagem social depreende que alguém se prepara para fugir da ordem reinante, sabe que esta ou aquela familia ou casal está com algum problema. Esse “algum problema” é tratado na família que se desagrega da mesma forma como cuidamos de um doente contagioso na casa. O comportamento das pessoas com os membros de uma família assim é mais cuidadoso, um pouco irônico, reservado. Naturalmente, elas esperam, nessas horas, pelo escândalo. Não desejam nada com tanta avidez quanto o desabamento do lar alheio.”
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"Já então eu sabia que não era a classe nem a origem o que conferia nobreza, mas a personalidade e a inteligência."
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"Porque os armários eram fechados com muito cuidado, supostamente para proteger os livros. Na realidade, mais os protegiam da leitura, do risco de que ocorresse a alguém olhar e conhecer a matéria perigosa que escondiam."
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