Choveu em grande estilo durante toda a semana passada. Dia após outro, água pura e nada de sol. A gente fica mais para o interior da casa e para o dentro da alma até porque o povoado, como já expliquei, tem uma natureza espetacular, mas não procure farmácia, barbearia, banca de revista, shopping, loja (tem duas ou três), médico, padre ou pastelaria. Talvez por isto fiquei tão curiosa quando vi esta placa na rua de uma grande cidade longe daqui -- os contrastes atiçam minha percepção -- o que será que faz uma pessoa ser especialista em consumo?
Com certeza morreria de fome aqui em Santo André da Bahia.
Mas voltando à intempérie -- uma noite foi diferente: a chuva arrefeceu devagar e cessou subitamente. Foi possível andar com jeito pelas ruelas onde as poças d'água se enfileiravam -- as maiores com pedras ou pedaços de tábua para a gente pular de uma para a outra sem molhar os calçados. Se errar, é certo, atola os pés na lama. Era uma noite quieta e molhada com raros transeuntes ao redor. Sentamos no Sant'Anas para tomar cerveja, olhar a lua e escutar o silêncio pontilhado dos sons da noite pacata. Bem mais tarde dois amigos italianos nos fizeram companhia -- chegaram um pouco antes dos alemães. Curioso é que um pouco antes de sair de casa, eu lera a mensagem de uma amiga comentando o filme Os famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho. Olha que título ótimo! O filme é situado no vale do rio Taquari, uma região de atmosfera fria e úmida no extremo sul do Brail, onde se estabeleceu uma colônia alemã de pomerânios que se mantém isolada em suas crenças, costumes e linguagem, com rádios e jornais em alemão.
Aqui em Santo André acontece o contrário, nossos alemães estão ficando cada vez mais brasileiros.
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