quarta-feira, 4 de novembro de 2009

pesadelo digital


O aparelho de TV de minha casa cessou de transmitir som e imagem.
Foi preciso levá-lo até a oficina autorizada mais próxima, em Eunápolis, cidade a cerca de cem kms de Santo André. O tipo de tarefa maçante que ocupou meu marido o dia todo e ainda se repetiu dois dias depois quando o conserto ficou pronto. O preço do serviço foi caríssimo, mas pelo menos a TV esteve normal durante cinco dias até parar outra vez. Consertar eletrodomésticos aqui nesta região é exercitar a paciência como Buda aconselhava. Em outra ocasião esperamos oito meses para termos o aparelho de ar condicionado reparado. Quebrou às vésperas do verão e só foi devolvido no auge do inverno quando o vento Sul (aquele que queima as plantas e deixa os pescadores em terra firme) soprava solto na enseada do João de Tiba.
Terceira viagem para Eunápolis vendo a paisagem com a inútil TV no carro.
Inútil aqui em casa porque lá na oficina ela funcionou muito bem.
---------------------foto do cineasta David Lynch
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A idéia de trabalhar com imagens começou a nos ocorrer quando ainda morávamos em cavernas -- estão aí os desenhos ruprestes para prová-la. Os povos sempre procuraram representar uma realidade acrescentando seus desejos ou emoções à imagem como, por exemplo, caçadas a animais enormes para realçar a bravura do caçador. Com o avanço da técnica, a pintura passou a reproduzir as imagens de sua época em tom fiel, embora sempre incorporando o ponto de vista do autor, fazendo com que reis pudessem parecer poderosos (mesmo que fossem tímidos) e as mulheres nobres mais bonitas pelas tintas do que pela genética.A fotografia fez com que a realidade fosse impressa num patamar mais alto de fidelidade. Aqui, tudo influencia no resultado final: os retoques, os ângulos, a cor e a luz. Hoje contamos com o computador para manipular as fotos.
Quando o cinema chegou, deu vida aos quadros parados -- parecíamos estar a um palmo da realidade. Por outro lado, proporcionou ilusões, através dos efeitos e recursos da cinematografia. Essas fantasias ficaram tão próximas de serem realidade que transformaram o cinema numa fábrica de ilusões.
A televisão herdou as características do cinema e criou mais algumas: a proximidade com o tempo presente, a praticidade de estar dentro do lar e a multiplicidade de canais tornaram-na o meio mais poderoso de transmissão de idéias e ideais.
Até que surgiu a internet.
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tela de Ana Prata, 2009

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